sábado, 31 de dezembro de 2011

Que 2012 nos traga uma pontinha de céu azul !...

O horizonte do ano que aí vem dentro de horas, não é bonito, nem agradável, nem faz adivinhar tempos melhores. Está carregado de nuvens, tempestades e um frio enregelador e a roupa que cobre os corpos da maioria dos portugueses é escassa e já está gasta pelo demasiado tempo de uso, sem renovação nem meios que a permitam...
Não é fatalismo o que me povoa o pensamento neste último dia de 2011. É desespero por sentir que não temos sido capazes como povo, de fazer a revolução que merecemos e castigar quem nos desespera em cada dia que passa. E mais um ano vai começar, quase sem esperança, porque parece que nunca mais chega a hora de abrirmos os olhos e tomarmos consciência que nas nossas mãos poderá estar um futuro diferente e melhor.
Nunca compreendi a razão porque a água apenas molha os desprotegidos e é seca e benigna para os trapaceiros e corruptos que com as nossas própria mãos colocamos no poder e alimentamos a lauta mesa onde engordam e dinasticamente se renovam. E muito menos, porque o céu continua azul para toda essa corja que, ironicamente, apenas nos recompensa com a desesperança e com nuvens carregadas de um negro cada vez mais negro e desanimador.
Mas no meio do pântano em que todos nos movemos, entre répteis venenosos e tristes e inofensivas minhocas,  acredito que alguém ousará sobreviver, alguém arriscará dizer não e o futuro poderá ser diferente. Que 2012 possa trazer-nos o nascimento dessa esperança e que a cegueira colectiva que nos tem marcado a vida e roubado o futuro, possam dar lugar a uma pontinha de céu azul, da felicidade dos que nunca com ela se cruzaram.

Até breve

domingo, 11 de dezembro de 2011

Ainda há quem persista em ser decente !!!...

Ontem encontrei na minha caixa de correio electrónico, uma mensagem do meu velho amigo Ramiro Ruas, alcobacense de gema e dilecto companheiro de jornadas académicas, militares e profissionais, que me orgulho de contar, desde então e até hoje, no meu restrito círculo de amizades incondicionais. Unem-nos princípios e valores que vão passando de moda, mas que a ambos nos fazem julgar decentes.
E a mensagem que me enviou, fala de decência e eu não fui capaz de conter a emoção com que a li. Primeiro, por esse meu amigo se ter lembrado de mim quando, embora já perdida no tempo, lhe chegou às mãos a dita mensagem e ma reenviou. Depois, porque tive em tempos o privilégio de corresponder, orgulhosamente, ao cumprimento de mão estendida com que o seu protagonista me honrou.
Alguns dias depois de ter sofrido um violento acidente de trabalho, com o braço direito ao peito, não quis deixar de corresponder ao convite amigo e amável de um primo da minha mulher, para estar presente na cerimónia e subsequente almoço do seu casamento. E, após a cerimónia oficial no Registo Civil do Seixal, numa quinta também da margem sul do Tejo e quando todos se preparavam para ocupar os seus lugares de convivas, eis que chegou, quase anonimamente, sem séquito e sem as habituais e constrangedoras mordomias de segurança, um ilustre convidado da noiva, que fez questão de cumprimentar um a um, todos os convidados. Chegado junto de mim, olhando para o meu braço direito engessado, perguntou se eu teria andado à pancada com alguèm, ao que respondi, embaraçado, que não senhor General, que havia sido em trabalho. De imediato, enquanto me dizia que eu mereceria um cumprimento especial, estendeu-me a sua mão esquerda e eu, confuso e sem palavras, correspondi. Esse ilustre e distinto convidado da noiva era o General António dos Santos Ramalho Eanes, que pouco tempo antes terminara o segundo e último mandato como Presidente da República Portuguesa.
Há factos, gestos, pormenores, que marcam a vida de cada um. O General, com a sua quase atroz simplicidade e modéstia, deixou em mim uma admiração que, volvidos quase 25 anos, permanece viva e os circunstancialismos da vida pública portuguesa, apuraram de forma quase mítica.
Quando a mensagem do meu querido amigo Ruas me chegou às "mãos", embora escrita e publicada pelo insigne jornalista e escritor Fernado Dacosta, homem de esquerda muito próximo de Agostinho da Silva e Natália Correia, de saudosa memória, há alguns anos atrás e que poderá ser apreciada em "memóriarecenteeantiga", - blog que não conhecia mas que passou a figurar nos meus preferidos -, o filme foi rebobinado na minha memória, a admiração pelo General Ramalho Eanes saiu reforçada e a certeza de que terá - recusado que foi o bastão de Marechal - preservado um nível de dignidade decisivo para continuarmos a respeitar-nos, a acreditar-nos - condição imprescindível ao futuro dos que persistem em ser decentes, é-me suficiente para erguer a minha cabeça e continuar a olhar de frente e com dignidade crítica, os atropelos a que o Presidente da República em exercício - e outros, e... tantos outros!...-, enleado e enlameado na mais abjecta corja de corrupção de que haverá memória em solo luso, despudoradamente se sujeita.
Decência, é o que 99 em cada 100 políticos portugueses, "corajosamente",  insiste em mostrar desconhecer!!!...

Até breve

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É preciso ter lata!...

Hoje, no jornal das 13 da TVI, foi destacada a notícia de que o presidente da Câmara Municipal de Amares no distrito de Braga, José Lopes Gonçalves Barbosa, terá mandado construir uma casa para habitação própria em zona de reserva agrícola, em contravenção com o que se encontra legalmente estabelecido a nível nacional, para todas as zonas de reserva agrícola, o mesmo acontecendo em relação ao que se encontra estabelecido no Plano Director Municipal da referida autarquia.
Confrontado por repórteres daquela estação de televisão, com o caricato da questão, o autarca afirmou em entrevista transmitida no referido noticiário que "... antes da denúncia estava tudo absolutamente normal!..." e que, no que ao PDM dizia respeito, se alguma inconformidade viesse a ser comprovada, facilmente seria ultrapassada com uma alteração do referido PDM.
Mais um triste exemplo de como os autarcas eleitos pelo povo se aproveitam do poder com que são investidos, para benefício exclusivamente pessoal. Já não nos bastavam os degradantes casos protagonizados pelos Avelinos Ferreira Torres, Fátimas Felgueiras, Isaltinos Morais e tantos outros espalhados por esta autêntica "república das bananas". Chega-nos agora mais uma prova de que nada mudou, nem vai mudar tão cedo, no panorama da vergonhosa corrupção em que se move a privilegiada classe política portuguesa.
E quando todos assistimos aos silêncios ensurdecedores, vindos dos corredores das instâncias que deveriam investigar processos desta natureza, como o Tribunal de Contas e Procuradoria Geral da República, mais firme vai sendo a nossa convicção, de que neste pobre e desgraçado país, o céu é apenas azul para alguns e a água só é molhada para os que sobram...

Até breve

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O vexame do "haraquiri" !...

Sei do que falo, quando me manifesto em relação à grave geral que no dia de hoje está a ser levada a efeito pelas organizações do costume. A minha passagem pelo PCP, comissão de trabalhadores da extinta Soponata - Sociedade Portuguesa de Navios Tanques - e sindicato representativo da classe profissional a que pertenci durante toda uma vida, SOEMMM - Sindicato de Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante -, possibilitou-me a aquisição de uma perspectiva real sobre as razões que invariavelmente suportam uma paragem desta natureza.
Conheci o desenvolvimento de greves selvagens em pleno PREC e confrontei-me com a inimaginável paragem, ao longo de quase dois meses, da unidade mercante onde prestava serviço. Fundeado o navio ao largo da ilha de Aruba, antiga colónia holandesa das Caraíbas, numa tripulação a rondar a meia centena de profissionais das mais variadas vertentes, apenas 3/4 vivia os "favores" da greve: exigência laboral a rondar o zero, com retribuição mensal de 100%.  Para os restantes - áreas de máquinas, cozinha e câmaras - apenas a retribuição mensal era igual. O trabalho desenvolvido era absolutamente igual ao que seria se a unidade estivesse em laboração normal. E assim se fez Portugal, uns ficaram com a carne e aos outros couberam os ossos. Em Lisboa, os agentes do costume manuseavam os fios, os cordelinhos. Do outro lado do Atlântico, as marionetas ensaiavam passos de uma dança macabra, sem sentido, sem justiça, sem honra e sem glória ou proveito.
Hoje os cordelinhos são manobrados por outras mãos, cujo poder dinasticamente receberam dos próceres do passado. E as marionetas também não mudaram...
Que sentido tem uma greve que provoca em apenas um dia, um prejuízo ao país muito próximo do valor que vai ser extorquido aos trabalhadores da função pública e pensionistas, com a retenção do 13º e 14º mês em 2012?!... Nenhum!... Apenas determinará mais cortes, mais austeridade, mais sacrifícios sobre aqueles que, cegamente, se deixam manobrar pelos cordelinhos, as marionetas.
Sou a favor da greve, como último e justo recurso dos trabalhadores, para a melhoria das suas condições de trabalho, de vida e de projecto colectivo. E sou ainda mais a favor de todo e qualquer protesto desses mesmos trabalhadores, que anteceda e sirva de aviso para a eventualidade de uma greve. Hoje, nada disso está a acontecer.
Porque não escolheram os promotores da greve geral de hoje, uma acção de rua gigantesca, em todas as capitais de distrito por exemplo, que se desenrolasse a um domingo?!... Não seriam ainda melhor cumpridos os objectivos, sem dapauperar ainda mais este pobre e desditoso país?!... Porque não tomam as marionetas, consciência do que está em jogo e continuam a ser meros instrumentos da luta política instalada em Portugal com a Revolução de Abril?!... Quem paga a cada um dos aderentes à greve, o prejuízo de um dia sem remuneração, que ridiculariza ainda mais os seus já parcos salários?!... É a CGTP e a UGT, ou no fim do mês as dificuldades sofrerão a inevitável exponenciação?!... Quando deixaremos de ser "carneirada" instrumentalizada?!...
A austeridade imposta apenas a uma parte significativa do povo português é inadmissível, quando todos sabemos que múltiplas vias mais justas e eficazes haveria para explorar. É justo e tem pleno cabimento um amplo movimento de protesto contra a continuação por este governo, das políticas de todos os governos que o antecederam. Fazê-lo através da convocatória de uma greve geral, além de ser um alinhamento degradante com as políticas de quem apenas persegue objectivos partidários egoístas, cujo fracasso a história já confirmou e condenou, é a execução de um vexatório "haraquiri"!!!...

Até breve

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Já nem do meu cão sou dono...

Do blog "Causa Nossa", retirei a pergunta que há tanto tempo me assalta o pensamento e que Ana Gomes, uma das autoras, tão exemplarmente colocou:

Quinta-feira, 17 de Novembro de 2011

Por ortodoxia neoliberal deste Governo, o Estado prepara a venda da sua participação na EDP, uma das empresas mais rentáveis deste país à conta da situação de privilégio que o Estado lhe concedeu sempre.
Mas agora o Estado português vai sair, quer sair.
E vai vender a sua participação na EDP a quem?
Ora, três das quatro empresas admitidas a concurso estão sob controlo estatal, as duas brasileiras e a chinesa.
O Estado sai da EDP e vai passar a sua participação a um outro Estado?
Ninguém se importa, ninguém se incomoda, ninguém se alarma?
 
 
O povo é sereno e daqui por meia dúzia de dias já ninguém se lembra dos "passos" que vamos dando, rumo à indigência total. Já nem do meu cão sou dono...
 
Até breve

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Homem novo com vestes do velho

Ouço e vejo representantes do povo português botar discurso na "casa da democracia" e vomitar bilis contra o patronato, sem distinguir raça, credo, origem, estatuto e obra.
Assisto a debates televisivos onde o vómito serôdio se repete, com o mesmo ódio, o mesmo despropositado, irreprimível e nefasto destrambelhamento e o mesmo ridículo, e anacrónico desfasamento ideológico.
E depois, nas horas amargas e desesperantes do infortúnio, vejo trabalhadores com lágrimas nos olhos, afirmarem a sua solidariedade reconhecida a quem lhes pagou salários ao longo de décadas e oferecerem tijolos do seu corpo para a reconstrução. E vejo os sujeitos dessa solidariedade, mais solidários ainda com quem, com a magnanimidade dos simples, lhes afirmou respeito e ajuda. E pergunto a mim mesmo em que falharam Carl Marx e Friedrich Engels?!...
Provavelmente a falha não será ideológica, digo eu para os meus botões. A pátina do tempo terá desvirtuado a mensagem para a criação do homem novo. E assistimos a meras representações de novos homens com as vestes do homem velho...

Até breve

Foto de Paulo Cordeiro/Lusa in Expresso on-line

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

As estrelas e o cancro

E no meio da escuridão que cobre os céus deste jardim à beira-mar plantado, emerge uma estrela, cintilante, que Mariano Gago deixou aqui. Uma história bonita e ímpar, que a menoridade dos políticos teima em envolver no nevoeiro vergonhoso da inveja, cerrando vergonhosamente as janelas do orgulho, que nos poderiam compensar deste quase vegetar na avassaladora crise e no desencanto dos dias sem futuro. Mas que uma braçada de Adamastor, de cientistas de todo o mundo descobriu, quando quase 10 milhões de portugueses nem sequer suspeitam que possa existir. Ai mar, mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?!...


E à beira do Tejo, Leonor vai pedindo inspiração às Tágides para dar mais brilho a uma outra estrela, também cintilante, mas que porventura a crise não deixará brilhar para todos nós. Porque o nevoeiro assassino que nos levou D. Sebastião, está instalado e teima em permanecer cerrado, sem se dissipar, hoje e amanhã e quem sabe se nunca. O sonho dos que já partiram e a esperança dos que ainda lutam por não partir, parece ter acabado de chegar aqui. Mas será que Leonor, mesmo formosa, poderá alguma vez prosseguir segura.

E á beira do precipicio e do desespero de um "nanopovo" amesquinhado e vilipendiado, um bando de catitas engravatados e outros que uma qualquer ministra desengravatou, prossegue na senda das estrelas, ou do cancro. Quando aquelas não cintilam para todos e só alumiam os predestinados. E aquele persiste num ensaio de cegueira tão injusta, como a justiça que nos cerca e revolta.
Ai mar, mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?!...

Até breve

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Uma raiva a nascer-me nos dentes...

Nicolau Santos é um insuspeito e credenciado jornalista da área económica do jornal Expresso, onde desempenha as funções de Director-adjunto, de que não se conhecem subserviências e genuflexões, com a excepção do uso de numerosos e quase pessoais laços, que lhe substituem no pescoço a formal gravata que me parece nunca ter usado. Terá escrito e publicado esta 2ª feira na edição on-line do jornal, uma das suas mais marcantes peças de análise política, económico e financeira de que me lembro.
É uma carta aberta que dirige ao Primeiro-Ministro e que representará muito provavelmente o pensamento de muitos milhares de portugueses que, não se enquadrando na claque de apoio ao clube governamental, nem dominarem os meandros complexos das teorias económicas, sentem cada vez mais ténue a luz que nos dizem estar colocada no fundo deste terrível e extenso túnel.
Com a devida e respeitosa vénia, eis o que disse e me parece exigir de todos nós uma profunda e séria reflexão:

Sr. primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes, como diria o Sérgio Godinho. V.Exa. dirá que está a fazer o que é preciso. Eu direi que V.Exa. faz o que disse que não faria, faz mais do que deveria e faz sempre contra os mesmos. V.Exa. disse que era um disparate a ideia de cativar o subsídio de Natal. Quando o fez por metade disse que iria vigorar apenas em 2011. Agora cativa a 100% os subsídios de férias e de Natal, como o fará até 2013. Lançou o imposto de solidariedade. Nada disto está no acordo com a troika. A lista de malfeitorias contra os trabalhadores por conta de outrem é extensa, mas V.Exa. diz que as medidas são suas, mas o défice não. É verdade que o défice não é seu, embora já leve quatro meses de manifesta dificuldade em o controlar. Mas as medidas são suas e do seu ministro das Finanças, um holograma do sr. Otmar Issing, que o incita a lançar uma terrível punição sobre este povo ignaro e gastador, obrigando-o a sorver até à última gota a cicuta que o há de conduzir à redenção.
Não há alternativa? Há sempre alternativa mesmo com uma pistola encostada à cabeça. E o que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse, de forma incondicional, ao lado do povo que o elegeu e não dos credores que nos querem extrair até à última gota de sangue. O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele estivesse a lutar ferozmente nas instâncias internacionais para minimizar os sacrifícios que teremos inevitavelmente de suportar. O que eu esperava do meu primeiro-ministro é que ele explicasse aos Césares que no conforto dos seus gabinetes decretam o sacrifício de povos centenários que Portugal cumprirá integralmente os seus compromissos - mas que precisa de mais tempo, melhores condições e mais algum dinheiro.
Mas V.Exa. e o seu ministro das Finanças comportam-se como diligentes diretores-gerais da troika; não têm a menor noção de como estão a destruir a delicada teia de relações que sustenta a nossa coesão social; não se preocupam com a emigração de milhares de quadros e estudantes altamente qualificados; e acreditam cegamente que a receita que tão mal está a provar na Grécia terá excelentes resultados por aqui. Não terá. Milhares de pessoas serão lançadas no desemprego e no desespero, o consumo recuará aos anos 70, o rendimento cairá 40%, o investimento vai evaporar-se e dentro de dois anos dir-nos-ão que não atingimos os resultados porque não aplicámos a receita na íntegra.
Senhor primeiro-ministro, talvez ainda possa arrepiar caminho. Até lá, sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes.

Nicolau Santos, pensou e corajosamente escreveu. Que todos nós reflitamos.
Até breve 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um mínimo de dignidade !!!...

Em plena Assembleia da República, diz um deputado, que eventualmente representará um partido que se reclama dos trabalhadores, ao Primeiro Ministro: "... O senhor não sabe o que é a vida!...". E este responde com ar sério, pesaroso e compenetrado: "... Sim, senhor deputado, sei muito bem o que é a vida!...". E o debate prossegue. E os outros 249 deputados saem de hemiciclo convencidos de que sabem o que é a vida e cada um vai à sua. E o Primeiro Ministro também sai e entra depois num faustoso BMW, pela porta que, pressurosamente, um qualquer latagão bem parecido da sua segurança pessoal lhe abre, enquanto ensaia um genuflexão protocolar. O motorista, vinda a luz verde dada pelo sofisticado aparelho de segurança governamental, arranca a toda a brida. A agenda do PM estará muito ou demasiado sobrecarregada. Vai à sua vida também.
E um vulgar cidadão no meio do povo, assiste pela televisão, com um prato de sopa e mais qualquer coisita que a mulher inventou e colocou na mesa à frente dos dois, a este trocadilho de políticos e pensa que nenhum deles saberá o que é a vida.
O deputado, seja ou não seja representante dos trabalhadores, não sabe. E todos os seus companheiros de todas as bancadas parlamentares também não. E o PM saberá ainda menos e nesse não saber será acompanhado pelo latagão com boa imagem que lhe abre a porta, pelo corpo do aparelho que vela pela seguramça do chefe do governo e até pelo motorista que carrega no acelerador e o leva veloz para outros demagógicos discursos, talvez a rematar um bem confeccionado e regado almoço.
Toda esta gente não sabe o que é a vida. Porque tem o seu emprego, dorme todos os dias em lençóis lavados e tem café com leite e torradas todos os dias pela manhã. Não conta os trocos do porta-moedas em cada pagamento e usa e abusa de todos os inúmeros cartões de plástico que lhe deformam a carteira.
Aquele beirão que a fábrica de calçado despediu e se deita á noite e faz sexo com a sua mulher, com a aspereza do cobertor a incomodar-lhe as costas, porque os lençóis do enxoval que ela  trouxe para o casamento aconchegam os três inocentes que dormem no quarto ao lado, esse sim, sabe o que é a vida. Sabe que o pequeno almoço que vai repartir com os filhos e mulher pela manhã, será invariavelmente um naco de broa, que ela coze no forno da vizinha uma vez por semana, acompanhado por uma água tingida de café de mistura, quase só cevada. Sabe que o almoço dos miúdos está garantido na escola para onde partem inocentes e saltitantes todos os dias. Ele e ela hão-de arranjar-se com qualquer coisa. E à noite, umas sardinhas e uns grelitos da horta, que o seu desemprego fez desabrochar, hão-de esconder dos filhos o drama da sua vida. E no fim de cada mês sabe que terá de pedir paciência ao merceeiro da terra. Até vir o subsídio... Esse beirão e a gente  que no Minho lhe repete as cenas. E os homens e mulheres transmontanas, ribatejanas, alentejanas e algarvias que desesperadamente lhe copiam os passos. Esses sim, sabem o que é a vida!... Mas de que lhes vale esse saber ?!...
Uma multidão de deputados - 250, quando metade seria mais que suficiente!... -  que continua a enxamear a AR e 308 municípios espalhados por este minúsculo país, são os fiéis intérpretes de interesses particulares que delapidam o património de todos, a que ainda se juntam 4,260 freguesias que lhes seguem as pisadas. Toda essa legião administrativa vai impedindo que aqueles que sabem o que é a vida, a possam desfrutar e viver com um mínimo de dignidade. Exactamente esse mínimo de dignidade que deputado e PM, hoje não evidenciaram na Assembleia da República !!!...
Até breve

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Salgueiro Maia e a canalha !!!...

Um tal de Isaltino Morais, anda há um bom par de anos a tentar evitar ir bater com as costas na prisão, aproveitando todos os estratagemas legais que outros da sua índole, fizeram verter nos códigos processuais da nojenta justiça portuguesa.
Tem sido um fartar vilanagem a que outros processos e outros intervenientes já nos habituaram. A escumalha que produz as leis, "trabalha" para que os que a usam e os  que a aplicam, continuem perpetuando o sistema, onde todos eles se governam, indiferentes à justiça, às crises, às Troikas e às dificuldades por que vai passando este desventurado povo.
Hoje, o Tribunal Constitucional, como poderá ser confirmado aqui, indeferiu o último recurso do condenado, que poderia permitir-lhe dar mais uma cambalhota e o adiamento da entrada nos calabouços.
Mas, ironia das ironias, os tais dispositivos ou estratagemas legais, ainda lhe permitem, imagine-se, pedir explicações ao Tribunal Constitucional, sobre a sua decisão. Irão então decorrer mais 10 dias para que os advogados do condenado redijam esse pedido de explicações. Depois virá de novo o Tribunal explicar o que hoje foi explicado e desconfio que ainda haverá depois mais um dispositivo e um novo estratagema para voltar a protelar a entrada do condenado na choldra.
Salgueiro Maia, levanta-te e vem cá abaixo, que isto continua na mesma. Mas não te preocupes com o quartel do Carmo, esse ficará para depois. Traz o megafone com que intimaste Marcelo a render-se e uma chibata e começa pelos tribunais e ministérios públicos e faz o mesmo que Jesus Cristo fez aos vendilhões do Templo! Expulsa essa canalha toda que anda a brincar com o povo !!!...
Até breve

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Exemplo a seguir !!!...

Encontrei este texto num blog de uma amiga, muito amiga, com a qual partilho os ideais leoninos e muitos outros ideais nobres. Ambos sabemos "porque não ficamos em casa" e vamos a Alvalade aplaudir o nosso Sporting, mas ambos vemos muito para além do nosso umbigo. E o que vemos à nossa volta, revolta-nos e faz-nos ficar muitas vezes tristes. Queríamos que o céu fosse sempre azul para todos e a água não molhasse. Às vezes as nuvens deixam ver uma nesga de azul que ilumina a nossa alma. É o caso deste texto, que foi escrito por um homem que admiro muito, apesar de não nos situarmos no mesmo campo partidário. Mas revejo-me no seu humanismo, na sua decência, na sua honestidade moral e intelectual, na sua verticalidade... Não pedi autorização à Tite para copiar no blog dela e colar aqui. Porque sei, com um saber que é verde e azul céu ao mesmo tempo, que nunca precisaria de lhe fazer tal pedido.

___________________________________________________________________________________________

18 OUTUBRO 2010

Exemplo a seguir ...

              ... por todos os que exerçam cargos políticos ou nomeados pelo governo!...
_______________________________________________________________________



Enquanto autarca aceitarei prendas que possam ser encaminhadas para o Banco Alimentar contra a Fome.

Quando tomei posse como presidente da Câmara de Santarém fui confrontado com a quantidade de prendas que chegavam ao meu gabinete. Era a véspera de Natal. Para um velho polícia, desconfiado e vivido, a hecatombe de presuntos, leitões, garrafas de vinho muito caro, cabazes luxuosos e dezenas de bolo-rei cheirou-me a esturro. Também chegaram coisas menores. E coisas nobres: recebi vários ramos de flores, a única prenda que não consigo recusar.
Decidi que todas as prendas seriam distribuídas por instituições de solidariedade social, com excepção das flores. No segundo Natal a coisa repetiu-se. E então percebi que as prendas se distribuíam por três grupos. O primeiro claramente sedutor e manhoso que oferecia um chouriço para nos pedir um porco. O segundo, menos provocador, resultava de listas que grandes empresas ligadas a fornecimento de produtos, mesmo sem relação directa com o município, que enviam como se quisessem recordar que existem. O terceiro grupo é aquele que decorre dos afectos, sem valor material mas com significado simbólico: flores, pequenos objectos sem valor comercial, lembranças de Natal.
Além de tudo isto, o correio é encharcado com milhares de postais de boas-festas que instituições públicas e privadas enviam numa escala inimaginável. Acabei com essa tradição. Não existe tempo para apreciar um cartão de boas--festas quando se recebe milhares e se expede milhares.
Quanto às restantes prendas, por não conseguir acabar com o hábito, alterei-o. Foi enviada nova carta em que informámos que agradecíamos todas as prendas que enviassem. Porém, pedíamos que fosse em géneros de longa duração para serem ofertados ao Banco Alimentar contra a Fome. Teve um duplo efeito: aumentou a quantidade de dádivas que agora têm um destino merecido. E assim, nos últimos dois Natais recebemos cerca de 8 toneladas de alimentos.
Conto isto a propósito da proposta drástica que o PS quer levar ao Parlamento que considera suborno qualquer oferta feita a funcionário público. Se ao menos lhe pusessem um valor máximo de 20 ou 30 euros, ainda se compreendia e seria razoável. Em vários países do mundo é assim. Aqui não. Quer passar-se do 8 para o 80. O que significa que nada vai mudar. Por isso, fica já claro que não cumprirei essa lei enquanto funcionário público. Enquanto autarca aceitarei prendas que possam ser encaminhadas para o Banco Alimentar. E jamais devolverei uma flor que me seja oferecida.

Francisco Moita Flores, Professor Universitário e Presidente da Camara Municipal de Santarém

______________________________________________________________________

Olhem para o céu amigos e digam-me se não está mais azul e se não é mais bonito o mundo assim...
Até breve

sábado, 17 de setembro de 2011

Todos nós sabemos porquê !!!...

Os partidos que dão suporte ao actual governo de coligação, parece terem ultrapassado divergências e resistências mútuas ao estabelecimento de uma lei que prevê a criminalização do enriquecimento ilícito e com penas de prisão que poderá ir até aos cinco anos de prisão efectiva. O anúncio da apresentação conjunta na Assembleia da República foi feito pelas bancadas do PSD e CDS e o projecto de lei que já deu entrada na mesa da Assembleia, abrangerá só os titulares de cargos políticos ou de altos cargos públicos, pela criminalização do enriquecimento ilícito, por imposição do CDS, embora este partido se tenha comprometido a permitir alargar o âmbito da lei aos cidadãos em geral, na discussão na especialidade, posição há muito defendida pelo PCP.
O projecto de lei conjunto, prevê fortes penalizações sempre que se verifique um incremento significativo do património ou de despesas realizadas, que não possam de modo razoavel ser justificados, em manifesta desproporção relativamente aos rendimentos legítimos, com perigo manifesto daquele património provir de vantagens obtidas de forma ilegítima.
De modo a ultrapassar a disposição constitucional sobre a inversão do ónus da prova, o projecto determina que cabe ao Ministério Público demonstrar que o património foi obtido de forma ilícita. Caberá depois ao visado justificar  a legalidade do enriquecimento, ou seja, que decorre de herança ou doação, venda de uma propriedade, realização de mais-valias mobiliárias e imobiliárias, rendimentos provenientes da propriedade intelectual e dinheiro ganho em jogos de fortuna e azar. Os rendimentos legítimos serão os que constam na declaração de IRS.
A posição do PS sobre esta matéria sempre derivou da sua presumível inconstitucionalidade, que agora parece afastada, uma vez que será sempre o Ministério Publico a ter que demonstrar a ilicitude do enriquecimento. Nesta condição não será descabido admitir que o projecto de lei será aprovado por uma maioria significativa, o que naturalmente lhe conferirá uma força diferente aos olhos da opinão pública. A discussão deste assunto está agendada para o plenário da próxima sexta-feira, em conjunto com os do PCP e do BE sobre o mesmo tema.
Trinta e sete anos depois do 25 de Abril, tudo aponta para que finalmente termine o regabofe do enriquecimento ilícito. E será de toda a justiça dizer que à grande maioria dos deputados do PS, PSD e CDS que desde Abril até hoje passaram pela Assembleia da República, deve ser atribuída toda a  responsabilidade. Podem agora sobrar argumentações, mas todos nós sabemos porquê!... Contudo, atrás de tempo, tempo vem. E depois do tempo em que a magistratura portuguesa argumentou a sua ineficácia com o vazio da lei, veremos agora surgir o tempo de uma outra argumentação. Certamente mais refinada e mais condimentada, dos artifícios a que estamos todos habituados, mas cá estaremos para apreciar a primeira condenação por enriquecimento ilícito. Ou já teremos partido, pelo menos aqueles que como eu, vivemos o dia 25 de Abril como o fim de um passado sem lei e sem justiça. Porque ainda que as leis e a bondade que em si encerrem possam  ser uma bonita realidade, mais reais são a permissividade ou mesmo a intencionalidade com os administradores da justiça assistem à sua degradação, ultrapassagem e achincalhamento, de olhos colocados corporativamente no seu próprio umbigo e nos vergonhosos privilégios que carregam entusiasticamente aos ombros, couraçados pela impunidade e exibindo na testa sem pudor, as escorrências dos santos óleos com que foram ungidos e endeusados pelos próprios deuses que os antecederam, em cerimónias de perpetuamento da espécie.
Até breve



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

E ninguém vai preso ?!!!...

Na Grécia, quase todos os governos anteriores ao despoletamento da crise que aquele país hoje vive, esconderam e sonegaram aos mecanismos de fiscalização internos e da UE, a verdadeira situação financeira  para que estava a caminhar a economia helénica. O resultado traduziu-se num buraco tremendo que veio a determinar o pedido de ajuda externa, que pouco ou nada tem alterado no incremento quase diário a que vimos assistido, na profundidade desse buraco, tranformado em poço profundo, de que muito provavelmente o povo grego tão cedo se libertará e que poderá atirá-lo para fora da zona Euro, sacrificando o presente e o futuro de todas as suas gerações mais próximas e até mais remotas.
Os sucessivos governos regionais da Madeira, liderados pelo palavroso, mentiroso e demagógico lider social-democrata Alberto João Jardim, vem cometendo ao longo do seu extenso e quase eternizado exercício de poder, os mesmos erros e diatribes cometidos pelos sucessivos poderes políticos gregos, com a complacência dos famigerados mecanismos de fiscalização regional, da República Portuguesa e da UE. Sempre que o Tribunal de Contas ia alertando para o descalabro das contas da região, os assobios para o ar de Guterres, Durão, Lopes, Sócrates e agora Coelho, provocavam um tal ensurdecedor silêncio, que nunca se revelou capaz de demover o "imperador" madeirense, de prosseguir na senda daquilo que sempre afirmou aos quatro ventos, como o progresso do seu quintal, pouco lhe importando quem o pagava ou viria a ter de pagar no futuro.
E o que mais dói, é continuar a assistir a esta confrangedora falta de honestidade intelectual e política de todos os dirigentes regionais e nacionais que, a começar pelo próprio Jardim, passando pelos sucessivos governos e presidentes da República e a terminar no actual supremo magistrado da nação Aníbal Cavaco Silva, ninguém teve a coragem de dizer perante o povo português, que o "rei da Madeira" ia nuzinho, nuzinho em pêlo, como agora acaba de ser confirmado de forma tão irrefutável, como o azeite vem à tona da água.
Foram milhôes e milhões de regabofe, quase indecifráveis no tempo e no modo como foram sendo delapidados, que ninguém quis ver e que Jardim foi escondendo debaixo das carpetes. Muito acima dos impensáveis Mil Milhões é quanto o pobre povo português vai ter de pagar, com língua de palmo. E ninguém vai preso?!... Somos mesmo brandos, mansos e ... estúpidos !!!...

Até breve

domingo, 4 de setembro de 2011

Até vir a revolta ou a morte!!!...

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente do Brasil, assina uma crónica  que pode ler aqui, onde aborda " os tempos difíceis" por que passa o mundo globalizado que nos envolve.
Desta crónica de tão eminente e conceituado político brasileiro, porventura o maior responsável pela construção dos poderosos alicerces económicos, que haveriam de permitir ao presidente que se lhe seguiu - Luis Inácio "Lula" da Silva -, colocar a federação brasileira na senda do progresso e desenvolvimento sustentado e que levou o Brasil, a par da Rússia, Índia e China, ao topo dos países com maiores perspectivas económicas a nível  mundial, retira-se um ponto fundamental que deveria servir de reflexão profunda aos políticos a quem o povo português muito recentemente entregou as responsabilidades do poder e que, com a minha respeitosa vénia, reproduzo a seguir:

"... deveríamos aprender com os países ricos que com corrupção pública não se deve brincar..."

"... Daí a pensar, como alguns pensam, que estamos querendo apoiar governos ou ficar bem na foto, é desconhecimento das reais motivações ou insensatez de quem não vê mais longe: as forças da corrupção estão mais enraizadas no poder do que parece. Sem tática, persistência e visão de futuro, será difícil barrá-las."

A corrupção pública foi a razão de ser da crise que, como um gigantesco povo, nos envolve a todos por esse mundo fora e continua a ser o sustento destes desesperantes tempos que hão-de mediar até que a retoma seja possível e, ainda que incipiente, se manifeste.
A corrupção pública, nas suas multifacetadas e variadas vertentes, há-de manter por muito e exasperante tempo, completamente apagada, a luz do fim do túnel que desgraçadamente todos atravessamos, sem que tenhamos mexido uma palha para que existisse e muito menos para que nele fossemos metidos e obrigados, sofridamente, a atravessar.
O pensamento de Fernando Henrique Cardoso, transportado para esta (des)ditosa pátria amada que é Portugal, não pode ser mais actual: enquanto não houver da parte dos poderes hoje e amanhã instalados, a adopção de tácticas correctas, de persistência e de visão de futuro, capazes de afrontar e vencer a corrupção pública, atrás desta crise virá uma nova crise e a seguir às dificuldades que agora nos assaltam outras virão, até que o nosso desespero nos revolte ou nos faça sucumbir!!!...
Até breve



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O tempo deu razão ao Bloco de Esquerda !!!...

Lembro-me de há muitos, muitos anos, era eu pouco mais que uma criança, assistir à proliferação de um slogan muito caro a quase todas as organizações e facções da esquerda revolucionária de então - marxistas, leninistas, maoistas, trotskistas, albanistas, etc. -, que simbolizava quase todos os seus inúmeros conceitos utópicos: que os ricos paguem a crise!...
Os anos passaram, os tempos mudaram, as crises sucederam-se, os ricos nunca pagaram crise nenhuma e assistimos à transformação de algumas dessas organizações da esquerda radical, num partido que, condensando um mínimo de ideário comum, prosseguiu, agora de forma mais aglutinadora, a perseguição de uma sociedade mais justa e solidária: o Bloco de Esquerda. Mas, entre as muitas reivindicações utópicas que transitaram dos ideários anteriores e foram sujeitas a um "aggiornamento" por imperativos estratégicos da nova organização partidária, algumas permaneceram absolutamente imutáveis, e continuaram bandeiras no novo partido. Entre essas, ficou o entendimento e o slogan de que deveriam ser sempre os ricos a pagar as crises.
As crises sucederam-se, variando apenas as origens e as amplitudes. Os pagadores continuaram sempre a ser os mesmos e os excluídos desse pagamento continuaram sempre a ser os mais ricos.
Até que em 2008, a minha geração - e naturalmente as que lhe são adjacentes - assistiu à instalação da maior crise de sempre. Na amplitude, na dimensão e na extensão temporal. A crise que já dura há mais de três anos, será porventura a mais terrível que alguma vez suportámos, o seu fim não se adivinha facilmente e as metásteses, partindo de um lugar inimaginável de riqueza e prosperidade, globalizaram de tal modo a sua progressão e acção, que nenhum país hoje estará a salvo. E o impensável aconteceu: os mais ricos de França deram o mote e o movimento tende a globalizar-se como a própria crise a que pretende pôr cobro.
Os homens mais poderosos e endinheirados de França, declararam-se dispostos a contribuir fortemente para a resolução rápida das dificuldades do seu país. E o governo francês, aplaudindo sensibilizado, fez-lhes generosamente a vontade, legislando nesse sentido. Em Espanha o movimento repetiu-se exactamente com os mesmos intérpretes e tudo aponta para que o governo espanhol imite o seu vizinho francês.
Neste jardim plantado quase à beira-mar, a cena parece também querer repetir-se. Com a honrosa (?) excepção do sr. Amorim da cortiça, trabalhador incansável e de parcos recursos como honestamente afirma, todos os homens mais ricos deste "cavaquistão" democrático e agora liberal - será neo-liberal?!... - já declararam a sua disponibilidade para "ajudar" e o governo, para não ser acusado de apressado - as cadelas apressadas párem cães cegos!... - informou as agências noticiosas de que para a semana que vem - vem aí tantas semanas que ninguèm sabe em qual será!... - tratará de incluir essa pequena ou grande questão na sua agenda. A muito contra gosto, naturalmente, mas aqueles safados dos franceses e agora os espalholitos, não lhe deixaram qualquer neo-liberal alternativa!...
O tempo, afinal, deu razão ao Bloco de Esquerda!... E de que maneira !!!...
Até breve 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ninguém me roubará o azul do céu !!!...

José Alberto de Carvalho é para mim o pivot preferido em tudo o que é informação televisiva. Foi-o no canal 1 da RTP, continua a sê-lo agora na TVI  e receio bem que continuará a ser por muitos e bons anos, tal é a pobreza franciscana entre os novos valores que amiúde vão surgindo no panorama de todas as televisões portuguesas.
A sua mudança para uma televisão privada, arrastou-me para um canal pelo qual não nutria especial simpatia. Mas esqueci os motivos da minha antipatia por esse canal, para poder continuar a apreciar a sobriedade e ausência de sensacionalismo, a voz poderosa e a competência profissional de José Alberto de Carvalho. Porém, devagar, muito devagarinho, a minha inteligência está a começar a gerar anti-corpos ao canal e receio bem que uma nova mudança começa a desenhar-se no meu horizonte. Nada que tenha a ver com José Alberto, mas a TVI começa a ser insuportável para mim. 
Hoje, às 20.00 em ponto, mudei para a TVI. José Alberto de Carvalho estava lá a abrir o serviço noticioso da noite. Estava só, o que me agrada sempre - não sou particularmente fâ de Judite de Sousa, nem do seu pretensioso vedetismo, do seu horrível mau gosto em termos de imagem e escolha de indumentária e para rematar não aprecio a sua flagrante parcialidade no que ao espectro político diz respeito - e por isso fiquei. José Alberto desenvolveu o alinhamento pré-definido e as notícias foram desfilando paulatinamente durante pouco mais de 6 minutos. De repente, uma pausa para um bloco publicitário. Que se prolongou por um escabroso, tenebroso, violento e desrespeitador período de ... 13 minutos!... É superior à minha capacidade de compreensão. Para a TVI pouco importam os meios. Sómente contam os objectivos. É indigna a forma como se aproveita da imagem de José Alberto de Carvalho. Acho que terei de reformular a minha opção. Para não me sentir violentado. Porque ninguém e muito menos uma televisão "pimba", me roubará o azul do céu, aquilo que mais prezo na vida: a liberdade!!!...

Até breve

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

E ainda agora a procissão vai no adro !!!...

Caixa Geral de Depósitos, um osso muito difícil de roer para o novo Governo!... Porquê ?!... Ora, todos sabem bem porquê!... É muito difícil explicar como é que em tempos de crise como os que vive o país e quando o memorando da Troika, assinado pelos partidos que estão no governo, explicita claramente que as empresas do Estado estão obrigadas e reduzir custos operacionais, nomeadamente com os seus corpos administrativos, o governo avança para um staff de gestão da Caixa que, em vez de sofrer poderosos cortes em número de elementos e custos inerentes, vê o número de gestores aumentar em uma unidade, com os custos a dispararem naturalmente, pesem embora os enérgicos desmentidos do Primeiro Ministro e do Ministro das Finanças.
Ao primeiro tiro nos pés, que o imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal representou, o Governo soma agora o episódio grotesco desta nomeação da nova equipa de gestão da Caixa Geral de Depósitos. É o fartar vilanagem que na campanha eleitoral recente os arautos da transparência e da honestidade tanto condenaram. Porventura terá sido essa postura que os terá levado ao poder. Agora, sentados na cadeira de sonho, não sobra vergonha, pudor ou respeito pela memória de quem os elegeu. O que sobra são apenas as moscas, porque a imundície é igual ou pior ainda. E ainda agora a procissão vai no adro!... Adivinham-se nuvens negras para os do costume. Mas a estes políticos espertos, na posse do voto dos pobrezinhos de espírito, que na sua santa ingenuidade lhos entregaram, nunca a àgua molhará.
Até breve

domingo, 24 de julho de 2011

A dança das cadeiras!...

Quando era mais jovem, as tardes e noites de Domingo eram passadas e que bem passadas, quase invariavelmente nos bailes organizados pelas mais diversas colectividades recreativas ou por seccções da mesma índole em muitas agremiações desportivas. Era tempo de divertimento e, paralelamente, tempo de viver ou descobrir novas amizades e até, quantas vezes, novos amores e novos rumos na vida de cada um. Nesses bailes, os promotores tinham a preocupação de inovar programas e rodar os animadores, de modo manter aceso o interesse dos participantes. Nesse sentido esforçavam-se por introduzir sempre que podiam e o engenho ajudasse, atraentes e disputados jogos e concursos entre a nata dos dançarinos e dançarinas. Um desses jogos era a dança das cadeiras. Quem não se lembra de uma dúzia de cadeiras dispostas em círculo no centro da pista, participando um número de concorrentes igual ao número de cadeiras mais um?!... A música começava e os acordes ouviam-se durante um tempo indeterminado, enquanto os candidatos à vitória dançavam em torno das cadeiras até que, abruptamente era silenciada. Cada um procurava uma cadeira vazia e sentava-se rapidamente. Claro que o menos expedito ficava em pé, sem cadeira, era eliminado e a cena repetia-se depois de ser retirada uma cadeira, até que no final ficava uma cadeira e dois concorrentes. Quando a música parava de novo, apenas um se sentava e era declarado vencedor, com direito a dançar com a feliz vencedora de concurso análogo para as meninas.
Hoje, na vida política portuguesa estamos a assistir a um jogo em tudo semelhante, imposto pela Troika, onde os concorrentes sendo ou não dançarinos, desempenham lugares de relevo na administração pública. O objectivo das instituições internacionais que suportam a ajuda financeira a Portugal seria obter uma redução substancial do extenso rol de detentores desses desejados, excessivamente multiplicados e excepcionalmente bem remunerados lugares, no sentido de reduzir os custos da dita administração pública. Só que o organizador do baile, ter-se-à lamentavelmente esquecido de recomendar aos responsáveis na pista, da regra "sine qua non" do jogo, que é a de  as cadeiras deverem, em cada uma das etapas do jogo, ser inferiores em uma unidade ao número dos dançarinos. Assim, acontece que sempre que a música pára os dançarinos se sentam em igual número de cadeiras e nenhum é eliminado, Assistimos apenas a uma simples e ineficaz troca de cadeiras. E por mais que a cena se repita o número de cadeiras não decresce e nenhum dançarino é eliminado.
Não sei se a Troika, confrontada com a observação "in loco" deste interessante jogo que representa o estrito cumprimento das suas normas imperativas, conseguirá reparar no ligeiro esquecimento do organizador do baile e respectivos agentes em pista. É apenas uma questão de cadeiras e pode muito bem acontecer que nem o careca chefe da delegação se aperceba do ingénuo truque português.
Há coisas onde realmente os portugueses são mesmo muito bons!... Pena que a agência responsável pelas exportações portuguesas ainda não se tenha apercebido...

Até breve

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Saber ou não saber, eis a questão !!!...

Os portugueses sabem muitas coisas. E não sabem ou não compreendem muitas outras !...
Os portugueses estão fartos de saber que o desvio orçamental de que falou o seu (?) Primeiro Ministro, pode muito bem ser colossal, apesar dos desmentidos pressurosos. Mas não sabem se o trabalho que vai ser desenvolvido para o corrigir será colossal.
Os portugueses sabem que para repôr o equilíbrio das empresas estatais de transportes colectivos, vão ter de suportar um aumento colossal de 15% no preço dos bilhetes e passes sociais. Mas não sabem se a outra disposição contida no memorando da Troika, de o governo promover o mais rapidamente possível uma colossal reformulação na estrutura dirigente e nos métodos de funcionamento dessas mesmas empresas alguma vez será levada a cabo.
Os portugueses sabem que terão de ver voar metade do seu subsídio de Natal. Mas não sabem se alguma vez os srs. Belmiro de Azevedo, Américo Amorim, Alexandre Soares dos Santos, António Mexia, Ricardo Salgado e tantos e tantos outros cuja enumeração este post não suporta, alguma vez irão ficar com a ceia de Natal colossalmente reduzida a metade.
Os portugueses sabem que o governo que colocaram no poder, jamais irá velar pelos interesses, necessidades e garantias dos eleitores que lhe deram o voto. Mas não sabem e desconfiam se alguma vez saberão estabelecer a diferença entre este, o anterior e o que se lhe há-de seguir.
Os portuguese sabem que os governos mudam. Mas jamais saberão se com um novo governo, vem ou não um novo enxame de moscas!...

Até breve

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Os dinossauros estão contra a Troika !!!...

O presidente da Camara Municipal de Lisboa, António Costa, vem desenvolvendo há longos meses e parece ter já concluído, os trabalhos de fixação de um novo mapa de freguesias da capital. Praticamente em silêncio, longe dos holofotes da CS e através de um diálogo construtivo e democrático, o homem lá foi levando a água ao seu moinho, conseguiu com todos os autarcas implicados os consensos necessários e o novo mapa aí está, consubstanciado numa verdadeiramente  espantosa e revolucionária redução de 53 para 24 freguesias.
Sabendo-se que a medida que António Costa agora adoptou, consta do memorando da Troika, mas imperativamente alargada a todo o país, é absolutamente chocante ver e ouvir as reacções a essa disposição do dito documento, que os três principais partidos assinaram, por parte de altos dirigentes das Associações Nacionais de Municípios e de Freguesias, absolutamente contrárias a tal necessidade, rigorosamente definida e situada no tempo pelas três organizações internacionais que viabilizaram a ajuda financeira a Portugal.
Palmas para António Costa e assobios para os defensores dos tachos, nomeadamente para o sr. Ruas de Viseu, verdadeiro dinossauro dos autarcas portugueses. Há dezenas de anos que se sabe que o país não gera receitas que possam sustentar a medonha máquina autárquica instalada. Foi preciso a Troika vir dizer, alto e em bom som, que tínhamos de acabar com isso. Mas ainda há exemplares de políticos, cujos únicos interesses são as mordomias e os milhões por debaixo do pano. Está-se-lhes a acabar a mama!...

Até breve

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os que podem, aos que precisam...

O governo de Portugal decidiu que as pensões mais baixas irão ser sujeitas no próximo ano - pelo menos foi assim que entendi - a aumentos indexados à inflacção prevista, prevendo que os custos desta medida rondarão os 4 M€. É uma medida acertada, para mais tomada num momento de crise e com o espartilho do entendimento com a troika a sobrevoar-nos as cabeças. Mas acho que a medida peca por estar incompleta e revela a falta de coragem deste novo governo, liderado por Passos Coelho.
A medida que eu gostava que o nosso governo tomasse para complementar a decisão que hoje anunciou, era que os tais ditos 4 M€, em vez de serem suportados pelo Orçamento de Estado, que evidentemente sairá do bolso de todos, fossem suportados na percentagem necessária para que os 4 M€ fossem atingidos, pelos contribuintes situados no último escalão do IRS. Isso sim, isso seria o exemplo acabado da justiça social que tanto apregoam. Os que podem, aos que precisam... E com a vantagem, que a troika aplaudiria, de o famigerado défice não ser minimamente afectado!...
Assim, há-de cheirar-me sempre a demagogia barata e demasiado rebuscada no baú do neo-liberalismo bacoco, que agora parece instalado nos gabinetes do Terreiro do Paço.

Até breve

sábado, 16 de julho de 2011

Oh almas, como eu tenho esperança !!!...

Todos os portugueses estão habituados a que, sempre que sobre o país pairam nuvens carregadas e se adivinha a vinda daquela chuva que enregela os ossos e a alma, no palácio de Belém "no pasa nada"!... Costumo dizer que em Belém "...nem uma agulha bulia na quieta melancolia..." !... É assim o nosso Presidente e eu, que nem votei nele, não tenho absolutamente culpa nenhuma.
Lembro-me, quando era rapaz mais novo e as crises económicas e financeiras ainda não me faziam pensar e recear o futuro, nem a chegada do Euro sequer se adivinhava, que quando os governos pressentiam dificuldades semelhantes às que hoje vamos vivendo, tinham sempre à mão a receita milagrosa, verdadeira panaceia para os erros que haviam cometido antes: desvalorização do Escudo!...
Com esta lembrança na memória, não foram surpresa para mim as declarações que hoje no Minho o nosso Presidente proferiu a favor de uma imediata desvalorização do Euro, como forma de assim ser alcançado, facilmente e sem grandes dificuldades, o grande remédio capaz de curar a tremenda diarreia que vem conduzindo ao depauperamento e esgotamento europeu. O método já foi utilizado tantas vezes por esse mundo fora e até no pequenino Portugal, que ninguém será capaz de colocar em dúvida a sua eficácia.
O que para mim constituiu surpresa foi finalmente assistir ao bulício das agulhas e ao porventura episódico fim da melancolia instalada em Belém.
Tenho uma tremenda reserva sobre a resposta que a sra. Angela e o sr.Nicolas irão dar a este verdadeiro ovo de Colombo "descoberto" e afirmado por Aníbal Cavaco e Silva. Desconfio até que continuarão a assobiar para o ar. Os cães grandes nunca se atacam e dão pouca importãncia aos latidos dos cães mais pequenos. Rosnam ameaçadoramente e prosseguem impávidos o seu caminho. Agora onde eu tenho alguma esperança - sou sportinguista e desde pequenino aprendi a tê-la! - é numa eventual bola de neve que possa começar a rolar entre os restantes membros da famigerada e desacreditada zona euro!... Oh almas, como eu tenho esperança!!!...

Até breve  

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Entre o veneno e a carapaça !...

Para os que não conhecem o desenlace de uma luta entre um porco e uma cobra cascavel, eu direi que o réptil, depois de descarregar todo o veneno em si armazenado, em sucessivas quão ineficazes mordeduras sobre o porco, dada a protecção anti-veneno que para este representa a considerável camada de gordura que envolve todo o seu corpo, é trucidado à patada pelo suino e de seguida devorado paulatinamente. Esta não é uma história que o génio humano tenha inventado. É um facto que a mãe Natureza nos oferece e que a ciência inequivocamente já comprovou. Apesar de, aparentemente, o réptil ser o favorito na peleja, acaba por sucumbir e ser devorado.
Vem esta curiosidade da Natureza a propósito das assustadoras semelhanças que existem por um lado, entre as venenosas e quase assassinas agências de "rating" norte-americanas e a cobra cascavel e por outro entre o aparentemente pacífico, pouco inteligente e pacato porco e a nossa ancestral e muito "low-profile" Europa, berço da civilização contemporânea e depositária dos mais fieis princípios do humanismo, da democracia e do progresso social.
Se a mãe Natureza pudesse repetir na disputa actual o resultado que entendeu aplicar na anterior, os povos europeus podiam dormir tranquilos. A minha dúvida é se a Natureza alguma vez será chamada a intervir e se o fosse, se a carapaça europeia seria suficientemente forte para fazer fracassar o poderoso veneno que vem do outro lado do Atlântico.

Até breve 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Certezas, prognósticos e questões

Certezas
Segundo as famosas e insuspeitas agências de "rating",
- Grécia é lixo há muito tempo
- Portugal é lixo desde há uns dias
- Irlanda é lixo a partir de ontem
Prognósticos
- Itália será a próxima a ser lixo
- Espanha virá depois a ser lixo
- Bélgica virá a seguir a ser lixo
Questões
- Quais os países europeus que se seguem?
- Quantos escaparão à fúria das famosas e insuspeitas?
- Quem sobrevive na luta entre um porco e uma cascavel?
- Qual o destino do derrotado?
E esta, hem?!...

Até breve

domingo, 10 de julho de 2011

A Califónia está muito pior que a Grécia !!!...

Tenho recolhido a opinião de muitos comentadores e economistas que considero credíveis, pela justeza de sucessivas posições que assumem na análise à crise global que económica e financeiramente o mundo atravessa, que sempre analisam e definem a situação financeira do estado americano da Califórnia como largamente mais dramática que a situação da Grécia.
A ser assim, como entender a sobrevivência tranquila desse estado americano, quando se adivinha a aproximação terrível do colapso grego?!...
Bom, na resposta a esta questão, segundo a opinião de um número cada vez maior de especialistas portugueses e estrangeiros, estará o futuro da União Europeia e a sobrevivência de países como a Grécia, Irlanda, Portugal e porventura outros países que nesta mesma união são quase humilhantemente catalogados de periféricos, como a Espanha, a Itália, a Bélgica e muitos outros que lutam denodadamente para que o seu nome não comece a fazer parte dos títulos de muitas crónicas da especialidade ou mesmo das primeiras páginas de jornais prestigiados ou das aberturas cada vez mais espectaculares e bombásticas dos noticiários televisivos.
A sobrevivência de muitos estados americanos e em particular do estado da Califórnia, dever-se-à à existência de um conjunto de mecanismos de control, ajuda e solidariedade económica e financeira  existentes no sistema federal norte-americano, que não existem e, bem pior do que isso, tardam em ser implementados na UE.
A tese do federalismo inadiável na UE, se bem que defendida por muitos europeístas como solução eficaz e absolutamente necessária, será, na opinião da grande maioria dos políticos e estudiosos dos 27 estados, uma meta demasiado longínqua e portanto absolutamente inexequível no curto ou médio prazo. Restará uma outra tese, bem mais fácil de implementar no curto e médio prazos e que poderá conter em si a resposta para as dificuldades económicas e financeiras actuais de grande parte dos estados membros: um federalismo parcial da restrita área económica, financeira e fiscal de toda a União Europeia.
Esta visão de federalismo parcial obrigaria naturalmente a profundas e demoradas reformas em todos os estados da união e desencadearia, também naturalmente, o ressurgimento exacerbado de toda a espécie de nacionalismos e coros gigantescos de protestos em defesa das famigeradas independências nacionais. Mas será que o processo de globalização acelerado que todo o mundo está a viver, não significou também uma parcial perda de independência para todos os povos, nações e estados?!... Não haverá como negá-lo. Então, se o tal federalismo parcial económico, financeiro e fiscal, for a solução para as debilidades insanáveis que a UE e todos os estados que a compôem deixaram germinar em si, o que será mais importante para os povos europeus, a saída da crise, o crescimento económico, a saúde financeira, o pleno emprego, o aumento do nível de vida e a felicidade, ou uma hipotética e falaciosa independência que hoje apenas representa desespero e infelicidade?!...
A Europa precisa de grandes líderes que pensem, proponham, aprovem e implementem rapidamente um sistema que, no respeito pela identidade cultural e histórica de cada povo que a constitui, salve todas as nações do colapso que as vai estrangulando e definhando. Nos tempos de hoje, acima de quase todos os valores que herdámos, começa a estar o pão que nos garante a sobrevivência.

Até breve

Falta a coragem de desafiar a Europa !!!...

O professor Silva Lopes afirmou numa recente conferência intitulada "E depois da Troika", que Portugal está numa situação muito semelhante à dos gregos e que o financiamento resultante do entendimento com a troika "é largamente insuficiente" para as necessidades que Portugal apresenta.
Silva Lopes avisou que "... se a União Europeia não nos emprestar mais dinheiro, se continuar a acreditar que os mercados vão resolver o problema, estamos arrumados. Eu não acredito que os mercados resolvam o problema, pelo contrário, vão agravá-lo".
É muito crítica a análise que Silva Lopes faz da atitude da cúpula europeia face aos problemas que ameaçam afundar o projeto de um Velho Continente a uma só voz: "... a União Europeia até agora não tem estado a arranjar uma solução capaz, tem empurrado os problemas uns meses para a frente, e não mostra nenhuma vontade para o fazer".
Para Silva Lopes, não sendo garantia de uma saída para a crise, é "condição necessária" cumprir o acordo com a troika, por muito duro que seja.
Por outro lado, defende que é vital:

1. a emissão de Eurobonds (títulos de dívida europeus) num nível superior às atuais obrigações utilizadas para financiar planos de resgate
2. um orçamento comunitário com maior dimensão
3. um imposto sobre transações financeiras, cuja receita fosse encaminhada para o orçamento comunitário

Finalmente encontrei uma alternativa técnica e credível à tese defendida pelo professor Ferreira do Amaral. Alternativa essa que pressupôe a nossa continuação no Euro e a concomitante permanência na UE, como membro de pleno direito, como vi Ana Gomes defender, sem aflorar sequer a necessidade da criação de qualquer agência europeia de rating.
Agora o que duvido profundamente é que o Primeiro Ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, alguma vez tenha a coragem para, além de cumprir ou mesmo exceder as medidas constantes do "memorando da troika", se apresentar em qualquer Conselho Europeu e exigir a solução que o professor Silva Lopes preconiza. Só um grande e corajoso político, daqueles cujo nome fica para sempre na história de um país, o conseguiria. E não lhe reconheço esses atributos. É um político igual a tantos outros que o antecederam e que nos roubaram o azul do céu, como ele também o está a fazer. E por cá continuaremos, encharcados até aos ossos. Pobres ossos!!!...

Até breve

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Lei de Murphy

Passadas as primeiras reacções, tanto aqui no nosso canto, como por essa Europa fora, parece começar a ganhar forma a resposta que os países da zona Euro há muito deveriam ter dado aos sucessivos ataques à nossa moeda, provenientes do outro lado do Atlântico, encapotadamente liderados pelas agências de "rating", particularmente pela Moody's, que será a que parece ter as costas mais quentes.
A resposta mais rápida e incisiva veio do BCE, pela voz do seu presidente, ao manifestar a disposição do Banco Central de fazer ouvidos de mercador às notações da Moody's. Depois, timidamente, lá veio o ministro das Finanças alemão, sempre com medo da sra. Angela o estar a ouvir, dizer que o que a Moody´s fez é muito feio. Com outros pelo meio, finalmente em Belém "uma agulha buliu na quieta melancolia"!... E agora já se ouve uma porção de gente - cá dentro e lá fora - a dizer que a Europa tem de avançar rapidamente para a sua própria agência de "rating"!... Depois da casa roubada, há que colocar trancas nas portas. Mas Passos Coelho ainda tem muito para sofrer: só lá para Novembro é que os seus parceiros vão começar a tratar de preparar o medicamento para curar a doeça de que padece a UE. E entre a nomeação de uma comissão de estudo e a nomeação final da comissão de instalação, vai mediar o tempo de que o doente necessita para morrer.
Entretanto, enquanto é estudado o processo legal perfeito - deixando de fora os clientes, amigos e compadres  do costume - para nos sacar metade do subsídio de Natal, há que preparar as privatizações. Com a TAP, a CP, a REFER, a CARRIS, os STCP, a RTP e os bocaditos que ainda restam da EDP, GALP e PT, eu confesso com toda a franquezinha que é o lado para onde durmo melhor: umas dão prejuízos colossais ao Estado, outras já não lhe pertencem há muito, portanto, tudo bem. Mas os CTT é que eu não consigo entender. Uma empresa organizada, com uma eficiência acima da média portuguesa e com chorudos lucros em cada ano, porque carga de água deve ser privatizada?!... E o mais engraçado é que estamos a assistir ao encerramento de quase todas as agências que ultimamente tem apresentado prejuízos. Porque será?!... Tenho cá a impressão que por ali andará uma mãozinha qualquer a preparar o terreno para o futuro comprador. E se não fosse o terrível medo de ver confirmada a lei de Murphy, eu até que me atreveria a dizer o nome. Mas o meu medo é tão grande, tão grande!...
E o céu cada vez é menos azul e a água cada vez molha mais...
Até breve

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Coração de boi...

Um murro no estômago!... Assim definiu o nosso Primeiro Ministro a decisão da agência Moody's de baixar em quatro níveis o "rating" de Portugal, colocando a dívida portuguesa na categoria de "lixo".
Pois é, quando o Primeiro Ministro era outro, os sucessivos cortes no "rating" português que então se verificaram, tiveram da parte de Passos Coelho a explicação apressada, interesseira e demagógica de que na base dessa actuação das agências estava a incompetência governamental. Agora são socos no estômago!... Mudam-se os tempos... Mas o que estou eu para aqui a dizer?!... Não era isto que eu queria dizer. O que eu queria dizer é que a m.... é a mesma e só as moscas mudaram.
O nosso anterior Primeiro utilizou a táctica do escuro, este agora usa a táctica da claridade, mas o resultado é o mesmo: estamos todos à beira do abismo e os nossos governantes - estes ou os anteriores - continuam alegremente a dar passos em frente.
Entretanto, nestas ocasiões dramáticas de hoje, como nas de ontem, de Belém "... nem uma agulha bulia na quieta melancolia..." !...
O nosso PR é economista, o nosso PM é economista, o nosso Ministro das Finanças é economista, o nosso Ministro da Economia é economista e com tantos economistas no governo e na chefia da nação, começo a acreditar que só há um economista em Portugal que se aproveita e cujos prognósticos sobre o nosso futuro batem sempre certos: João Ferreira do Amaral!... Ou então toda essa multidão de economistas que nos governa e corta as fitas, está cansadinha de saber que por aqui não vamos a lado nenhum - a não ser rumo à Grécia - e está sossegadinha no seu canto, com medo de afrontar a Angela e o Nicolas, que entretanto vão tratando da sua vidinha e da dos seus concidadãos. Mas que estupor de engrenagem europeia em que nos metemos!!!... E que sina madrasta nos persegue a todos, que nunca mais elegemos governantes e presidentes que nos defendam. Estão todos atascados na imundicie até às bocas e a única coisa que sabem dizer uns aos outros é "não façam ondas"!... Chiça, se não os têm, venham falar comigo, que todos os anos os planto no meu quintal e sempre tenho boas produções. E são de raça, caramba, são "coração de boi"!!!...

Até breve

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ontem, hoje e amanhã...

Este ano não vou a Varadero!... Já o ano passado não fui!... Bom, nunca fui a Varadero, nem a Cancún ou S. Domingo!... Às vezes ia até ao Algarve uns dias!... Mas isso já foi há muito tempo. Levávamos a tenda - eu a minha mulher e um casal amigo, que por sinal hoje já não é casal! - e lá passávamos uns dias na Quarteira a torrar ao sol desde manhã cedo, para vir ao meio-dia fazer o almoço num avançado que servia de cozinha e depois íamos tomar café e passear na marginal a ouvir música até serem horas de regressar à tenda e ir para o bicha para tomar um banhito. Depois era hora de comer frugalmente uns papo-secos com qualquer coisita e uma peça de fruta, para voltar à marginal ouvir a "Chiquitita" dos Abba e o "Goodbye my love, goodbye" do Demis Roussos. À meia-noite acabava a música e íamos para a tenda tentar dormir com o calor e os mosquitos. Ao fim de uns dez dias que nos pareciam horas, voltávamos para o Norte no Fiat 1000 e era uma odisseia atravessar o Caldeirão e a planície alentejana sob um sol tórrido - não havia A2! - para chegar quase à noite, com a promessa a bailar nos olhos dos quatro, de poupar uns cobres todos os meses para voltar no ano seguinte. E o céu era azul e a água do mar algarvio - 22ºC e sempre lisa e convidativa - molhava-nos os corpos e ... eramos felizes!!!...
Hoje os jovens como nós eramos naquele tempo, vão a Varadero, a Cancún ou a S. Domingo, com o cartão de crédito. Não pagam nada, excepto umas irrisórias quantias ao banco nos meses seguintes, que por acaso lhes abalam fortemente o orçamento. Mas não faz mal, a malta aguenta porque amanhã não sabemos se estamos cá. Temos que viver o hoje e deixar o amanhã para quando vier. Ao Algarve?!... Bom isso é mais "pechisbeque" e faz-se só quando há pontes. Arranca-se na 4ª feira à tarde, aproveita-se o feriado de 5ª feira, falta-se ou gosa-se uma folga acumulada na 6ª feira, o sábado é nosso e no domingo, que também é nosso, volta-se ao fim da tarde e entre a A2 e a A1, no BMW também comprado a crédito, é um saltinho, umas três horitas. É porreiro, pá!... Quero lá saber que o céu esteja muito nublado e que a água molhe!!!...
Hoje, não sou defensor, nem da primeira, nem da segunda forma de viver e pensar a vida. E confesso que não sei qual estará certa. O que sei é que Portugal está num buraco tremendo e quase todos vamos começar brevemente  a sentir o efeito desse buraco. Hoje o nosso 1º Ministro, disse que o 14º mês, vulgo subsídio de Natal, vai metade p'ró buraco, o tal buraco tremendo...
Claro que o céu está terrivelmente escuro e a água que rodeia tudo e todos vai-nos encharcar até aos ossos. Pobres ossos!!!...

Até breve

O céu podia esperar !!!...

O céu podia esperar !!!... Assim, de forma simples, Pedro Abrunhosa definiu a morte abrupta, terrível e dolorosa de Sandro Milton Angélico Vieira. O músico e cantor, que esconde o espelho da alma sob um par de lentes escuras, retirou a cortina com que encobre as suas emoções e disse uma das frases mais bonitas que alguma vez ouvi sobre a morte de um jovem bonito por dentro e por fora, um jovem talentoso e que não merecia partir assim ...
O céu podia efectivamente esperar !... Angélico era preciso cá e não fazia absolutamente nenhuma falta no sítio para onde vai. Mas a vida , nua e crua, é assim. A vida permite a inconsciência, a rebeldia, o modo apressado como hoje é vivida, como se não houvesse amanhã. A geração de Angélico parece ter pressa de chegar, sem se preocupar com o caminho e muito menos com o destino.
O fim de todos nós é o mesmo e embora dolorosamente, todos aceitamos esta realidade. Porque não conhecemos nem sabemos uma alternativa. Mas que dói muito ver partir um jovem como Angélico, lá isso dói. Eu gostava de ver Pedro Abrunhosa escrever uma canção bonita para Angélico. Talvez  a canção mais bonita de tantas e tantas dezenas de canções bonitas que já escreveu. E o título podia ser, exactamente esse: O céu podia esperar !!!...
Até sempre Angélico ...

Até breve

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Nuvens Negras !...

Foi ontem entregue à Presidente da Assembleia da República, dra. Assunção Esteves, o Programa  de Governo para os próximos quatro anos.
Para o cidadão comum é apenas um maço de 129 folhas de papel ou uma minúscula "pen", que o ministro Relvas entregou em mão à mulher que nos representa na Assembleia. Mas que ninguém acredite nisso. Aquilo é muito mais do que a fixação de objectivos que a uns - poucos - parecerão correctos e necessários, a outros - não tantos como isso - parecerão mais ou menos necessários e não tão correctos quanto isso e a outros - a grande maioria - se apresentarão como uma infindável série de nuvens negras, que carregarão por muitos e bons anos o céu, já carregado, que se apresenta sobre as suas cabeças.
Ainda é cedo para que todos nos apercebamos da violência das medidas que aí veem. Mas que este jardim à beira-mar plantado não mais será o mesmo, ninguém tenha a menor dúvida. O programa ontem apresentado contém uma onda de alterações na vida de todos os portugueses, nos seus hábitos e costumes e nos processos e relações económicas há muito estabelecidos, que ultrapassam aquela que sentimos e vivemos depois de 25 de Abril de 1974!... E provocará convulsões sociais que nem aquela revolução libertária alguma vez despoletou. Vem aí nuvens negras!!!...

Até breve  

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Quem não é por mim ...

A confusão está instalada no novo governo! E bastou um simples futuro secretário de estado apanhar um microfone à frente, "botar faladura" sobre a inoportunidade da privatização da RTP e zás... já não será secretário de estado!...
Falo do pobrezinho do ex-administrador do grupo detentor da TVI, Bernardo Bairrão. Agora, sem sol na eira e sem chuva no nabal - a Média Capital tinha informado a CMVM da sua renúncia ao cargo de administrador - o que vai fazer o pobre do homem?!...
Bairrão talvez não soubesse, mas a água é mesmo molhada!...
Fica a lição para todos os outros secretários de estado e não só... Antes de alguém pensar em dizer umas piadolas na CS - certas ou erradas, não importa - deve pensar duas vezes. A primeira é se o que diz está conforme os preceitos agora vigentes. Se assim não for, deverá antes providenciar uma nova ocupação.
Porque agora, quem não é por mim ...

Até breve

Inesperadamente, um contraditório ...

Inesperadamente deparei com um contraditório às teses defendidas pelo Prof. João Ferreira do Amaral sobre o tema "Portugal e o Euro". Ana Gomes, outra mulher em que aprecio sobremaneira, o pensamento, os sentimentos e a frontalidade, no blog "Causa Nossa" que partilha com outros nomes que admiro na cena do pensamento político em Portugal, faz uma apreciação sobre a visão do professor sobre o tema.
Ana Gomes, referindo o respeito que lhe merece o prof. Ferreira do Amaral e reconhecendo a correcção de muitas das suas advertências e críticas que fez à forma como Portugal entrou no Euro, afirma que concorda com o essencial da análise que ele faz às virtualidades, insuficiências e erros que detecta no Memorando de Entendimento com a Troika.
 Contudo, Ana Gomes não concorda com Ferreira do Amaral na necessidade de, para benefício do país, abandonarmos o Euro e afirma categoricamente que uma saida do Euro significaria a saída de Portugal do projecto de construção europeia, não havendo quaisquer  garantias de "ajuda", para uma qualquer retirada "ordenada". Não há, nem haverá, por muito que nos esforçemos para a conseguir. Uma qualquer iniciativa de Portugal no sentido de admitir agora, no actual contexto de crise europeia, uma saída do Euro, constituiria um grave golpe politico não apenas à sustentabilidade do Euro, como à própria sustentatabilidade do projecto de construção da União Europeia.
Em remate afirma depois, que no mundo globalizado em que vivemos, desistir do Euro seria desistir da Europa. E desistir da Europa não pode, de maneira nenhuma, convir a Portugal e servir aos portugueses.
O contraditório apresentado por Ana Gomes, sendo um pensamento claro e compreensível, não deixa de ser para mim eminentemente político. Continuarei à espera de uma ideia que refute as teses do professor no aspecto essencialmente técnico. Que seja naturalmente compreensível ao comum cidadão que, como eu, não domine os caminhos e as virtualidades do pensamento económico  deste mundo globalizado que, ao contrário do que seria suposto, cada vez mais nos reduz e amarfanha. No dia a dia e no futuro.

Até breve

domingo, 26 de junho de 2011

Uma mulher bonita, muito bonita !!!...

Como eu gostei da eleição de Assunção Esteves para Presidente da Assembleia da República !!!...
Em primeiro lugar, como diria o outro, porque todo o conjunto de deputados da nossa Assembleia, deu uma lição de democracia a um certo senhor presunçoso, que mais valia nunca ter saído de onde estava, nem se meter em cavalarias altas para as quais não tem o mínimo de jeito ou aptidão.
Em segundo lugar porque pela primeira vez, para além dos atributos de inteligência, competência, honorabilidade, dignidade e profunda seriedade por todos reconhecidos, teremos uma mulher como segunda figura do estado português. E como eu gosto disso!...
Em terceiro lugar porque Assunção Esteves é uma mulher bonita, muito bonita!... E será muito agradável vê-la quase todos os dias a abrir os telejornais ao longo dos próximos quatro anos. O céu em Portugal, no dia da sua eleição, ficou mais azul. Já não tínhamos um dia sem nuvens há tanto tempo...

Até breve

quinta-feira, 23 de junho de 2011

No limiar da surdez!...

Ouve-se - e vê-se!... - o economista Ferreira do Amaral afirmar peremptoriamente que Portugal não tem futuro na zona euro e pasme-se, ninguém vem à praça pública dizer que o homem é lunático ou desactualizado ou então que a sua tese incorre em colossais erros de análise macro-económica. Nenhum economista tem coragem para rebater as suas teses e, segundo ele, vamos caminhando alegremente para o precipício. Não sou economista e por isso mesmo, nunca serei capaz de avaliar a justeza das suas posições. Mas o homem, de tantas vezes repetir a  sua verdade, pode estar a mexer com as certezas de muita gente. Será que "o rei vai mesmo nú"?!... E aquele outro homem que nunca se engana e raras vezes tem dúvidas terá atingido já, tão precocemente, o limiar da surdez?!...

Até breve.

Vai pela sombra!...

Toda a CS dá hoje notícia da demissão da directora do CEJ, Sra. Dra. Juíza Desembargadora Ana Luisa Geraldes, que a ministra da Justiça aceitou de imediato. Pudera!... Ainda que eu desconfie do verdadeiro sentido da história. Não terá sido ao contrário?!...
O céu ficou menos carregado. Desta vez a água molhou mesmo e todos ficámos a conhecer o nome dos bois. Falta agora que aqueles futuros magistrados que entraram no "copianço" lhe sigam o caminho. Mas... "...nem uma agulha bulia na quieta melancolia..." !... A dignidade não existe em nenhum deles. Daqui a uns anos, tal como a demissionária de hoje, serão Srs. Drs. Juízes Desembargadores. O céu ficará mais escuro e nunca a água os molhará...

Até breve

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Com franqueza sr. Primeiro Ministro

O novo primeiro ministro deste pobre país, pouco depois de prestar o seu compromisso de honra e assinar - não reparei se com caneta dourada ou simples esferográfica - o livro da (ir)responsabilidade, abeirou-se do microfone e disse aquelas palavras que nós sempre ouvimos a todos os anteriores chefes de governo. Mas houve uma palavra que eu ouvi e gostei: acabaram os 18 governos civis espalhados, sabe-se lá porquê e para quê, por esse país fora. Um dia depois, também gostei de saber que tinha dado ordens à TAP para trocar os bilhetes de classe executiva reservados para toda a comitiva que amanhã o acompanha ao Conselho Europeu, por bilhetes de classe económica. E gostei ainda mais de imaginar a confusão que se gerou nos serviços competentes da TAP e não só.
Do que eu não gostei, surpreendentemente, foi de ver a preocupação do pobrezinho do governador civil da Guarda com os enormes problemas que tal extinção irá causar ao pobre povo, particularmente à interioridade. Com franqueza, não são coisas que se façam sr. Primeiro Ministro.

Até breve

Sob o céu que eu queria azul...

Bruce Willis, num filme que agora não vem ao caso, dizia que o céu era azul e a água molhada...
A frase, com tudo o que cada um dela queira extrair, ficou-me arquivada.
É que o céu nem sempre é azul. E quantas vezes a água não molha!...
Perguntem aos desvalidos deste pobre país se o céu é azul. E aos "xicos-espertos" tentem perguntar, se em cada corrida diária sob os nem sempre grossos mas sempre escassos pingos da chuva legal, alguma vez se molharam. O não que certamente encontrarão em todas as respostas é a razão de ser desta tribuna a que modestamente hoje dou início.
Sou pelos desvalidos e contra os "xicos-espertos". Daqui, por aqueles gritarei que o céu de Portugal, que tanto queríamos azul, está em cada dia mais carregado. E alertarei para os que, entre os pingos da chuva que deveria molhar, nem se sacodem depois de atravessar o aguaceiro.
S. Pedro será o culpado de tudo. O pior é que sou um terrível e inveterado agnóstico!...

Até breve