quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ontem, hoje e amanhã...

Este ano não vou a Varadero!... Já o ano passado não fui!... Bom, nunca fui a Varadero, nem a Cancún ou S. Domingo!... Às vezes ia até ao Algarve uns dias!... Mas isso já foi há muito tempo. Levávamos a tenda - eu a minha mulher e um casal amigo, que por sinal hoje já não é casal! - e lá passávamos uns dias na Quarteira a torrar ao sol desde manhã cedo, para vir ao meio-dia fazer o almoço num avançado que servia de cozinha e depois íamos tomar café e passear na marginal a ouvir música até serem horas de regressar à tenda e ir para o bicha para tomar um banhito. Depois era hora de comer frugalmente uns papo-secos com qualquer coisita e uma peça de fruta, para voltar à marginal ouvir a "Chiquitita" dos Abba e o "Goodbye my love, goodbye" do Demis Roussos. À meia-noite acabava a música e íamos para a tenda tentar dormir com o calor e os mosquitos. Ao fim de uns dez dias que nos pareciam horas, voltávamos para o Norte no Fiat 1000 e era uma odisseia atravessar o Caldeirão e a planície alentejana sob um sol tórrido - não havia A2! - para chegar quase à noite, com a promessa a bailar nos olhos dos quatro, de poupar uns cobres todos os meses para voltar no ano seguinte. E o céu era azul e a água do mar algarvio - 22ºC e sempre lisa e convidativa - molhava-nos os corpos e ... eramos felizes!!!...
Hoje os jovens como nós eramos naquele tempo, vão a Varadero, a Cancún ou a S. Domingo, com o cartão de crédito. Não pagam nada, excepto umas irrisórias quantias ao banco nos meses seguintes, que por acaso lhes abalam fortemente o orçamento. Mas não faz mal, a malta aguenta porque amanhã não sabemos se estamos cá. Temos que viver o hoje e deixar o amanhã para quando vier. Ao Algarve?!... Bom isso é mais "pechisbeque" e faz-se só quando há pontes. Arranca-se na 4ª feira à tarde, aproveita-se o feriado de 5ª feira, falta-se ou gosa-se uma folga acumulada na 6ª feira, o sábado é nosso e no domingo, que também é nosso, volta-se ao fim da tarde e entre a A2 e a A1, no BMW também comprado a crédito, é um saltinho, umas três horitas. É porreiro, pá!... Quero lá saber que o céu esteja muito nublado e que a água molhe!!!...
Hoje, não sou defensor, nem da primeira, nem da segunda forma de viver e pensar a vida. E confesso que não sei qual estará certa. O que sei é que Portugal está num buraco tremendo e quase todos vamos começar brevemente  a sentir o efeito desse buraco. Hoje o nosso 1º Ministro, disse que o 14º mês, vulgo subsídio de Natal, vai metade p'ró buraco, o tal buraco tremendo...
Claro que o céu está terrivelmente escuro e a água que rodeia tudo e todos vai-nos encharcar até aos ossos. Pobres ossos!!!...

Até breve

O céu podia esperar !!!...

O céu podia esperar !!!... Assim, de forma simples, Pedro Abrunhosa definiu a morte abrupta, terrível e dolorosa de Sandro Milton Angélico Vieira. O músico e cantor, que esconde o espelho da alma sob um par de lentes escuras, retirou a cortina com que encobre as suas emoções e disse uma das frases mais bonitas que alguma vez ouvi sobre a morte de um jovem bonito por dentro e por fora, um jovem talentoso e que não merecia partir assim ...
O céu podia efectivamente esperar !... Angélico era preciso cá e não fazia absolutamente nenhuma falta no sítio para onde vai. Mas a vida , nua e crua, é assim. A vida permite a inconsciência, a rebeldia, o modo apressado como hoje é vivida, como se não houvesse amanhã. A geração de Angélico parece ter pressa de chegar, sem se preocupar com o caminho e muito menos com o destino.
O fim de todos nós é o mesmo e embora dolorosamente, todos aceitamos esta realidade. Porque não conhecemos nem sabemos uma alternativa. Mas que dói muito ver partir um jovem como Angélico, lá isso dói. Eu gostava de ver Pedro Abrunhosa escrever uma canção bonita para Angélico. Talvez  a canção mais bonita de tantas e tantas dezenas de canções bonitas que já escreveu. E o título podia ser, exactamente esse: O céu podia esperar !!!...
Até sempre Angélico ...

Até breve

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Nuvens Negras !...

Foi ontem entregue à Presidente da Assembleia da República, dra. Assunção Esteves, o Programa  de Governo para os próximos quatro anos.
Para o cidadão comum é apenas um maço de 129 folhas de papel ou uma minúscula "pen", que o ministro Relvas entregou em mão à mulher que nos representa na Assembleia. Mas que ninguém acredite nisso. Aquilo é muito mais do que a fixação de objectivos que a uns - poucos - parecerão correctos e necessários, a outros - não tantos como isso - parecerão mais ou menos necessários e não tão correctos quanto isso e a outros - a grande maioria - se apresentarão como uma infindável série de nuvens negras, que carregarão por muitos e bons anos o céu, já carregado, que se apresenta sobre as suas cabeças.
Ainda é cedo para que todos nos apercebamos da violência das medidas que aí veem. Mas que este jardim à beira-mar plantado não mais será o mesmo, ninguém tenha a menor dúvida. O programa ontem apresentado contém uma onda de alterações na vida de todos os portugueses, nos seus hábitos e costumes e nos processos e relações económicas há muito estabelecidos, que ultrapassam aquela que sentimos e vivemos depois de 25 de Abril de 1974!... E provocará convulsões sociais que nem aquela revolução libertária alguma vez despoletou. Vem aí nuvens negras!!!...

Até breve  

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Quem não é por mim ...

A confusão está instalada no novo governo! E bastou um simples futuro secretário de estado apanhar um microfone à frente, "botar faladura" sobre a inoportunidade da privatização da RTP e zás... já não será secretário de estado!...
Falo do pobrezinho do ex-administrador do grupo detentor da TVI, Bernardo Bairrão. Agora, sem sol na eira e sem chuva no nabal - a Média Capital tinha informado a CMVM da sua renúncia ao cargo de administrador - o que vai fazer o pobre do homem?!...
Bairrão talvez não soubesse, mas a água é mesmo molhada!...
Fica a lição para todos os outros secretários de estado e não só... Antes de alguém pensar em dizer umas piadolas na CS - certas ou erradas, não importa - deve pensar duas vezes. A primeira é se o que diz está conforme os preceitos agora vigentes. Se assim não for, deverá antes providenciar uma nova ocupação.
Porque agora, quem não é por mim ...

Até breve

Inesperadamente, um contraditório ...

Inesperadamente deparei com um contraditório às teses defendidas pelo Prof. João Ferreira do Amaral sobre o tema "Portugal e o Euro". Ana Gomes, outra mulher em que aprecio sobremaneira, o pensamento, os sentimentos e a frontalidade, no blog "Causa Nossa" que partilha com outros nomes que admiro na cena do pensamento político em Portugal, faz uma apreciação sobre a visão do professor sobre o tema.
Ana Gomes, referindo o respeito que lhe merece o prof. Ferreira do Amaral e reconhecendo a correcção de muitas das suas advertências e críticas que fez à forma como Portugal entrou no Euro, afirma que concorda com o essencial da análise que ele faz às virtualidades, insuficiências e erros que detecta no Memorando de Entendimento com a Troika.
 Contudo, Ana Gomes não concorda com Ferreira do Amaral na necessidade de, para benefício do país, abandonarmos o Euro e afirma categoricamente que uma saida do Euro significaria a saída de Portugal do projecto de construção europeia, não havendo quaisquer  garantias de "ajuda", para uma qualquer retirada "ordenada". Não há, nem haverá, por muito que nos esforçemos para a conseguir. Uma qualquer iniciativa de Portugal no sentido de admitir agora, no actual contexto de crise europeia, uma saída do Euro, constituiria um grave golpe politico não apenas à sustentabilidade do Euro, como à própria sustentatabilidade do projecto de construção da União Europeia.
Em remate afirma depois, que no mundo globalizado em que vivemos, desistir do Euro seria desistir da Europa. E desistir da Europa não pode, de maneira nenhuma, convir a Portugal e servir aos portugueses.
O contraditório apresentado por Ana Gomes, sendo um pensamento claro e compreensível, não deixa de ser para mim eminentemente político. Continuarei à espera de uma ideia que refute as teses do professor no aspecto essencialmente técnico. Que seja naturalmente compreensível ao comum cidadão que, como eu, não domine os caminhos e as virtualidades do pensamento económico  deste mundo globalizado que, ao contrário do que seria suposto, cada vez mais nos reduz e amarfanha. No dia a dia e no futuro.

Até breve

domingo, 26 de junho de 2011

Uma mulher bonita, muito bonita !!!...

Como eu gostei da eleição de Assunção Esteves para Presidente da Assembleia da República !!!...
Em primeiro lugar, como diria o outro, porque todo o conjunto de deputados da nossa Assembleia, deu uma lição de democracia a um certo senhor presunçoso, que mais valia nunca ter saído de onde estava, nem se meter em cavalarias altas para as quais não tem o mínimo de jeito ou aptidão.
Em segundo lugar porque pela primeira vez, para além dos atributos de inteligência, competência, honorabilidade, dignidade e profunda seriedade por todos reconhecidos, teremos uma mulher como segunda figura do estado português. E como eu gosto disso!...
Em terceiro lugar porque Assunção Esteves é uma mulher bonita, muito bonita!... E será muito agradável vê-la quase todos os dias a abrir os telejornais ao longo dos próximos quatro anos. O céu em Portugal, no dia da sua eleição, ficou mais azul. Já não tínhamos um dia sem nuvens há tanto tempo...

Até breve

quinta-feira, 23 de junho de 2011

No limiar da surdez!...

Ouve-se - e vê-se!... - o economista Ferreira do Amaral afirmar peremptoriamente que Portugal não tem futuro na zona euro e pasme-se, ninguém vem à praça pública dizer que o homem é lunático ou desactualizado ou então que a sua tese incorre em colossais erros de análise macro-económica. Nenhum economista tem coragem para rebater as suas teses e, segundo ele, vamos caminhando alegremente para o precipício. Não sou economista e por isso mesmo, nunca serei capaz de avaliar a justeza das suas posições. Mas o homem, de tantas vezes repetir a  sua verdade, pode estar a mexer com as certezas de muita gente. Será que "o rei vai mesmo nú"?!... E aquele outro homem que nunca se engana e raras vezes tem dúvidas terá atingido já, tão precocemente, o limiar da surdez?!...

Até breve.

Vai pela sombra!...

Toda a CS dá hoje notícia da demissão da directora do CEJ, Sra. Dra. Juíza Desembargadora Ana Luisa Geraldes, que a ministra da Justiça aceitou de imediato. Pudera!... Ainda que eu desconfie do verdadeiro sentido da história. Não terá sido ao contrário?!...
O céu ficou menos carregado. Desta vez a água molhou mesmo e todos ficámos a conhecer o nome dos bois. Falta agora que aqueles futuros magistrados que entraram no "copianço" lhe sigam o caminho. Mas... "...nem uma agulha bulia na quieta melancolia..." !... A dignidade não existe em nenhum deles. Daqui a uns anos, tal como a demissionária de hoje, serão Srs. Drs. Juízes Desembargadores. O céu ficará mais escuro e nunca a água os molhará...

Até breve

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Com franqueza sr. Primeiro Ministro

O novo primeiro ministro deste pobre país, pouco depois de prestar o seu compromisso de honra e assinar - não reparei se com caneta dourada ou simples esferográfica - o livro da (ir)responsabilidade, abeirou-se do microfone e disse aquelas palavras que nós sempre ouvimos a todos os anteriores chefes de governo. Mas houve uma palavra que eu ouvi e gostei: acabaram os 18 governos civis espalhados, sabe-se lá porquê e para quê, por esse país fora. Um dia depois, também gostei de saber que tinha dado ordens à TAP para trocar os bilhetes de classe executiva reservados para toda a comitiva que amanhã o acompanha ao Conselho Europeu, por bilhetes de classe económica. E gostei ainda mais de imaginar a confusão que se gerou nos serviços competentes da TAP e não só.
Do que eu não gostei, surpreendentemente, foi de ver a preocupação do pobrezinho do governador civil da Guarda com os enormes problemas que tal extinção irá causar ao pobre povo, particularmente à interioridade. Com franqueza, não são coisas que se façam sr. Primeiro Ministro.

Até breve

Sob o céu que eu queria azul...

Bruce Willis, num filme que agora não vem ao caso, dizia que o céu era azul e a água molhada...
A frase, com tudo o que cada um dela queira extrair, ficou-me arquivada.
É que o céu nem sempre é azul. E quantas vezes a água não molha!...
Perguntem aos desvalidos deste pobre país se o céu é azul. E aos "xicos-espertos" tentem perguntar, se em cada corrida diária sob os nem sempre grossos mas sempre escassos pingos da chuva legal, alguma vez se molharam. O não que certamente encontrarão em todas as respostas é a razão de ser desta tribuna a que modestamente hoje dou início.
Sou pelos desvalidos e contra os "xicos-espertos". Daqui, por aqueles gritarei que o céu de Portugal, que tanto queríamos azul, está em cada dia mais carregado. E alertarei para os que, entre os pingos da chuva que deveria molhar, nem se sacodem depois de atravessar o aguaceiro.
S. Pedro será o culpado de tudo. O pior é que sou um terrível e inveterado agnóstico!...

Até breve