Todos se recordarão, seja qual tenha sido o modo e o tempo como o sublime conto de Hans Christian Andersen lhes chegou, da história "O rei vai nu" onde dois burlões terão convencido um rei muito vaidoso, a comprar um tecido que, de tão especial, apenas era visível aos inteligentes. E como ninguém, desde o rei até ao mais modesto cortesão, quis passar por estúpido e dizer que não havia tecido nenhum, o rei desfilou no cortejo real como veio ao mundo. Só uma criança do povo teve a coragem de dizer que o rei afinal ia nu, expondo-o à chacota popular.
Sem que de algum modo pretenda desfiar o rosário da longa fábula com que o Governo, já lá vão mais de três anos, vem tentando atirar areia para os olhos do Povo que governa, a lição do conto de Andersen é esta mesmo: que a realidade se impõe, por triste e dura que seja. O resultado da política do Governo, não são as estatísticas encomendadas e marteladas, nem o discurso gasto e demagógico. Ele surge, nu e cru, na realidade do desemprego, da emigração, da fome, da inércia ou paralisação da Justiça, da tentativa assassina da destruição do Serviço Nacional de Saúde, do roubo iníquo aos reformados, da carga insuportável de impostos criteriosamente aplicados sobre o patamar médio da sociedade, enquanto os poderosos escapam miraculosamente.
Perante este quadro tenebroso, os portugueses foram chamados no último Domingo, a uma "sondagem real". Não a uma dessas sondagens encomendadas e de conveniência que por aí proliferam como cogumelos, alimentando-se do cadáver do poder actual ou por conta da sua futura alternativa.
No último Domingo, o Povo pôde falar. E falou. Clara e inequivocamente. Afirmou o seu desejo de vir a ser governado pela Esquerda, entregando-lhe quase 70% dos seus votos. E mostrou o seu desejo de ver expulsa, quanto antes, uma Direita que lhe tem feito a vida num inferno, através de uns expressivos e inapeláveis 30%.
Com bem menos argumentos, Jorge Sampaio demitiu Santana Lopes e convocou eleições. E os resultados deram-lhe razão. Agora em Belém, o Povo não tem um Presidente. No seu lugar está uma "esfíngica e triste figura", que diz mal ganhar para comer, causador máximo, porque combustível, oxigénio e fósforo, deste violento incêndio que nos consome há quase três décadas. Por ele, continuaremos desgraçadamente pobres e infelizes.
E quando o Povo manifesta o desejo inequívoco de ver começar a desenhar-se à sua frente um novo caminho, uma nova luz no horizonte, constata que aquilo que o espera a curto prazo, serão os mesmos escolhos no meio da estrada e as veredas repletas de fantasmas pouco diferentes, senão iguais, daqueles que hoje fazem parte do seu quotidiano.
Porém, ironia deste triste fado que parece cosido à nossa pele, eis que se levanta do meio de um dos sectores importantes da populaça política que nos tem conduzido por este pedregoso caminho de cabras, a voz de alguém que se atreve a repetir as palavras da criança do conto de Andersen e brada, corajosamente, que o princípe, que amanhã poderá ser rei, afinal, também, vai nu.
Atónito e incrédulo, todo o Povo olha em seu redor e começa a dar-se conta de que afinal, todos caminham, desgraçadamente, nus !...
Até breve
Porém, ironia deste triste fado que parece cosido à nossa pele, eis que se levanta do meio de um dos sectores importantes da populaça política que nos tem conduzido por este pedregoso caminho de cabras, a voz de alguém que se atreve a repetir as palavras da criança do conto de Andersen e brada, corajosamente, que o princípe, que amanhã poderá ser rei, afinal, também, vai nu.
Atónito e incrédulo, todo o Povo olha em seu redor e começa a dar-se conta de que afinal, todos caminham, desgraçadamente, nus !...
Até breve