Nada na política portuguesa ficou igual, após a concludente vitória, pelos termos e resultados verificados, de António Costa nas primárias do PS. Dela não resultou apenas uma radical mudança na vida interna dos socialistas, porque inevitavelmente irá condicionar tanto a resposta do Presidente da República, quanto do Governo e dos partidos que... os suportam, por via da incontornável aceleração do ciclo político que determinará.
Nesta condição, o calendário político de 2015 deverá ser antecipado, sem que isso derive de quaisquer razões partidárias, antes porque o País o exige. Primeiro, porque se as eleições se realizarem em Maio, o Governo delas decorrente poderá ainda pôr mão a uma execução que se prevê naturalmente difícil, já que terá desse modo a segunda metade do ano para obviar aos mais que prováveis desvios, no sentido de garantir um défice que terá de ser necessariamente inferior a 3%. Em segundo lugar, seria uma pura aberração manter um calendário formal, que remeteria as eleições para Outubro, com os consequentes atrasos na aprovação do Orçamento de Estado para 2015, que acabariam por remeter apenas para o final do primeiro trimestre do ano que vem, a sua implementação.
Duas simples mas decisivas razões de bom senso, que qualquer cidadão percebe e das quais nunca decorrerá qualquer ideia de crise política e que permitirão uma decisão nas urnas, sem colocar em causa a mais que óbvia e previsível necessidade de um processo de ajustamento do défice e da dívida pública.
Adivinha-se a proverbial argumentação, de que o único beneficiário seria António Costa, com a concumitante situação difícil em que ficaria o líder deste Governo, a que as primárias socialistas ainda terão reduzido mais o prazo de validade! A ela estarão porventura agarrados, tanto a mente anquilosada da "esfíngica figura" plantada em Belém, quanto a perspectiva dos partidos que apoiam o Governo, naturais partidários de que... "pagar e morrer, quanto mais tarde melhor" !...
A derrota de Passos e Portas, tanto acontecerá em Maio, como em Outubro. A única diferença é que aos interesses dos portugueses, importará "nunca guardar para amanhã, aquilo que puder ser feito hoje"!...
Veremos que "água" nos reservará o degradado e quiçá irrecuperável, Poço de Boliqueime!...
Até breve