quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Vale pena revisitar a obra prima de Zé Mário: FMI!...



Este é o celebrado e tão pouco divulgado FMI, onde o génio de José Mário Branco foi capaz de misturar, em arrepiante e dolorosa torrente de palavras, a sua situação pessoal – no desemprego e votado ao ostracismo, por ser um heterodoxo, de enquadramento partidário quase impossível – com a conjuntura do País e do Mundo. Necessariamente imperdível, numa interpretação que ultrapassa em excelência e dor tudo o que de mais intenso foi gravado pelos maiores cantautores universais. Provavelmente nem Léo Ferré, nem Jim Morrison, ninguém. Próximo em intensidade, talvez apenas o inesquecível tema 'Proibído', que Caetano Veloso interpretou ao vivo para mais de 12 mil pessoas estupefactas, no Maracanãzinho, em plena ditadura militar brasileira. Branco e Caetano, ambos terão atingido o 'everest' da emoção na 'pátria' de Camões e Pessoa, a que Saramago, em corajosos  e desempoeirados golpes de machado e de verdade,  talvez tenha dado uma nova, insuspeita, adequada e muito nossa dimensão...

Vale pena revisitar a obra prima de Zé Mário: FMI!...

Até Breve

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Obrigado por tudo Zé Mário!...




"... Eu vou p'ra longe, p'ra muito longe, onde nos vamos encontrar, com o que temos p'ra nos dar!"...

Todos te ficaremos a dever, Zé Mário, o sonho lindo que nos deixaste, para...
"... quando toda gente assim quiser"!...

"... E se todo o mundo é composto de mudança"... Troquemos as voltas à saudade, q'inda agora é uma criança!...

Obrigado por tudo Zé Mário!...

Até breve

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Já era tempo de nos orgulharmos do que fazemos!...



E enterrada no esquecimento a famigerada "abstenção", lembrada até à exaustão pelos media enquanto não emergiu o vencedor e de imediato relegada por todos os partidos para discussão primeira do próximo acto eleitoral, aí está aberta de par em par a cortina da realidade que se nos apresenta para os próximos quatro anos: o Partido Socialista, inevitável e inexoravelmente irá formar governo, resumindo-se, a meu ver, aos dedos de uma só das nossas mãos a forma como irá consegui-lo, no quadro de "estabilidade" que o seu líder já avançou como condição "sine qua non" para que possa repetir o sucesso alcançado nos últimos quatro anos. E nem a atribuição dos quatro deputados da nossa diáspora poderá vir a provocar qualquer alteração...

A Direita viu inapelavelmente chumbadas pelos eleitores a suas propostas e irá iniciar, ao que suponho, a longa travessia do deserto de ideias que a vem caracterizando nos últimos anos. Desactualizada, retrógrada, incompetente e corrupta, arrisca-se a ser empurrada para o nicho que jamais terá admitido vir a ocupar nas escolhas dos portugueses.

Agora as singulares inteligência e capacidade de diálogo do líder dos socialistas,  o pragmatismo que, finalmente, parece ter assentado arraiais na restante esquerda portuguesa e as garantias que nos oferece o mais alto magistrado desta pequena, mas histórica e digna nação,  hão-de fazer o resto, sem convulsões e na reconhecida, por quantos nos visitam aos milhões, paz social!...

Já era tempo de nos orgulharmos do que fazemos!...

Até breve

sábado, 14 de setembro de 2019

Bem me parecia há precisamente um mês!...


Sondagem Expresso/SIC dá vitória do PS com maioria absoluta nas legislativas

Uma sondagem  para o Expresso e SIC divulgada esta sexta-feira, aponta para que o PS alcance a maioria absoluta com 42% dos votos e uma vantagem de 19 pontos percentuais sobre o PSD. A menos de um mês das eleições legislativas, 42% dos portugueses afirmaram votar no PS, aumentando assim a distância do PSD, que estabilizou nos 23%.

Bloco de Esquerda e CDU caem, para os 9% e 6%, respectivamente, enquanto CDS e PAN, mantêm a mesma intenção de voto: 5% disseram que votariam nos centristas, enquanto que 4% no PAN.

Os restantes partidos somam, em conjunto, 5% dos votos, enquanto os brancos e nulos atingem 6%.

A sondagem do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) foi feita entre 24 de Agosto e 5 de etembro através da realização de 801 entrevistas válidas, na residência dos inquiridos, e tem uma margem de erro de 3,5%.

Bem me parecia há precisamente um mês!...

Até breve

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Aguardemos os resultados das próximas sondagens!...


Um país inteiro contra os motoristas


Nunca como hoje o Governo, os partidos da esquerda, os partidos da direita, a imprensa e até o Presidente de República se colocaram de forma tão clara e deliberada do mesmo lado da barricada. Nunca um sindicato, uma luta laboral e uma classe profissional foram tão ostensivamente isolados e censurados como nesta greve.

«O país chegou ao terceiro dia de greve e confrontou-se com uma inevitabilidade: a desobediência civil dos motoristas de transportes de matérias perigosas, o descontrolo dos seus sindicalistas e a cabeça perdida do seu porta-voz. Face a tudo o que tinha acontecido até agora, a completa ausência de válvulas de escape para a tensão que se foi acumulando só poderia redundar numa derrota completa dos motoristas ou na sua radicalização. Aconteceu a segunda via e o país está confrontado com uma realidade nova. No futuro próximo, nada será como antes nas relações da política com os conflitos laborais.

Ninguém sai isento de culpas em todo este processo, mesmo que tenhamos de aceitar que o papel dos sindicatos é lutar pelas melhorias de condições de vida dos seus trabalhadores, ou que o Governo tem de fazer tudo o que tiver de ser feito para evitar perturbações graves na vida pública. O que foi e é absolutamente novo neste conflito é o completo desequilíbrio na relação de forças entre as partes. Nunca como hoje o Governo, os partidos da esquerda, os partidos da direita, a imprensa e até o Presidente da República se colocaram de forma tão clara e deliberada do mesmo lado da barricada Nunca um sindicato, uma luta laboral e uma classe profissional foram tão ostensivamente isolados e censurados como nesta greve.

Que há em toda esta luta tiques de arrogância dos sindicatos, uma vontade de provocar os poderes públicos até à impaciência e uma intransigência negocial absurda que convida a desprezar os sindicalistas e os seus porta-vozes, poucos duvidam. Mas nunca como hoje se criou um unanimismo tão cínico nem um clima de consenso tão pérfido em torno de um conflito. Tal como se em causa estivesse uma ameaça externa, a política esvaziou-se em nome do ataque a um inimigo partilhado pela esquerda, pela direita, pelo Governo, pelas oposições e, na sequência de uma campanha de propaganda digna de outros regimes, da maioria dos cidadãos. 

Muito mais do que pelas óbvias culpas próprias ou pela determinação do Governo, o que isola os motoristas e os convida ao radicalismo desesperado é essa legítima sensação de serem ao mesmo tempo vítimas do tacticismo cobarde do Bloco e do PCP, da incompetência espúria do PSD e do CDS e da paz podre que o Presidente se esforça por promover. Um clima assim tão mansamente unívoco pode seguramente servir ao PS e enterrar a arrogância dos motoristas. Mas não existe uma democracia saudável com tão falsos consensos nem com tão manipulados compromissos.»
(Manuel Carvalho, director jornal Público, em 14 de Agosto de 2019, 18:17)

Aqui do meu canto vejo António Costa a emergir, 'candidamente' e de inobservável sorriso, do caos estupidamente prometido por uma classe de trabalhadores que acreditou, também estupidamente, na existência da 'terra prometida'. Será, muito provavelmente, o único vencedor nesta singular e inusitada batalha! Porque da 'guerra' que só chegará em Outubro, nenhuma dúvida já subsistirá nos espíritos mais esclarecidos...

Aguardemos os resultados das próximas sondagens!...

Até breve

sábado, 10 de agosto de 2019

Apenas uma questão de honestidade!...


Greves, sim, desde que não chateiem o país inteiro 

«Este é um momento comovente. Gastei tanto latim ao longo dos anos a propósito de greves, dos seus abusos e da necessidade de haver mais equilíbrio entre a reivindicação dos direitos dos trabalhadores e o impacto que as paralisações têm nos pobres utentes que precisam de ir para o emprego ou fazer uma cirurgia pela qual aguardam há anos. Falei tanto da necessidade de repensar a abrangência da greve no funcionalismo público, dado o desequilíbrio evidente de forças entre quem reclama e quem sofre na pele os seus efeitos, na medida em que o Estado nunca vai à falência e o funcionário público nunca corre o risco de perder o emprego. Falei tantas, tantas vezes disto, sem grande apoio da direita e com muita ira da esquerda – e agora, finalmente, eis a maior parte dos portugueses do meu lado. Um depósito vazio faz milagres.»


Esta greve terá vindo provar, ser demasiado redutora a "necessidade de repensar a abrangência da greve no funcionalismo público". O que haverá que repensar, com urgência e eficácia, será a abrangência de todas as greves que, alegadamente, possam de algum modo ultrapassar o restrito âmbito das partes beligerantes e afectar, comprovadamente, os interesses da grande maioria da sociedade que somos, alheia, quase sempre, a esses diferendos e inexoravelmente arrastada e afectada para as vicissitudes que determinam.

Que não se esteja à espera que os depósitos ou os estômagos vazios e um povo sem saúde, paz, tranquilidade e tantos outros bens essenciais, façam milagres. Os milagres não existem, antes existirão circunstâncias e consequências. E deverão ser essas a ser seriamente reflectidas por quem, nos locais próprios, está incumbido dessa imperiosa missão, em prol do bem comum, do bem de todos nós.

E esta nunca será uma questão de direita ou de esquerda...

Apenas uma questão de honestidade!...

Até breve

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

É o nosso 'fado'!...


Chegará o dia em que o povo vai perceber que os sindicatos são lóbis 😏😏😏  e que, por isso, recrutam lóbistas.

E enquanto não chega esse dia...
O povo vai colaborando na exaltação do 'pimba' e de quantos 'santos sacrifícios' lhe impingirem...
É o nosso 'fado'!...
Até breve

sábado, 27 de julho de 2019

O que eu quero é vida longa para a "geringonça"!...


Sondagem: PS muito perto da maioria absoluta, já vale o dobro do PSD
Sondagem da Pitagórica para o JN e TSF mostra PSD com 21.6% das intenções de voto, metade  do PS, e BE sólido no terceiro lugar (9,2%).

De acordo com uma sondagem da Pitagórica para o JN e TSF, realizada a 22 de Julho, os socialistas estarão a um pequeno passo da maioria absoluta nas legislativas de Outubro. Se as eleições fossem agora, o PS de António Costa teria 43,2% dos votos, e ficaria a uma distância significativa do segundo partido mais votado, o PSD, que se cingiria a praticamente metade do PS. 

A dois meses das eleiçoes e numa altura em que António Costa tem reforçado a intenção de reeditar os acordos da “geringonça”, ao mesmo tempo que consegue aprovar no Parlamento uma alteração à legislação laboral com o apoio da direita, a tendência do PS tem sido de crescimento galopante nas intenções de voto: tem hoje mais três pontos do que na sondagem de Maio, mais seis do que na de Abril e mais 11 do que nas legislativas de 2015.Tendência inversa acontece com o PSD, que vale hoje menos 11 pontos do que nas legislativas de 2015, altura em que, aliado ao CDS, foi a força política mais votada, apesar de não ter conseguido formar governo. Em terceiro lugar na sondagem aparece o Bloco de Esquerda, com 9,2% dos votos, e a CDU sobe três décimas face à última sondagem, registando agora 6,8% dos votos. Imediatamente abaixo vem o CDS de Assunção Cristas, com 6%, seguido do PAN com 3,6% e depois o Aliança de Santana Lopes, com 1,2%.

Deixámos por aqui há um mês a convicção, face à imparável progressão do PS que já então se notava, de que estaria próximo o fim da "geringonça". Entretanto António Costa, ao invés de cantar vitória e revelando-se como um dos políticos mais lúcidos, inteligentes e pragmáticas desta nova geração de políticos europeus, veio reforçar a intenção de viabilizar uma "nova geringonça", reeditando os acordos conseguidos há quatro anos com a Esquerda, pesem embora acordos pontuais com outras forças, que a Esquerda com quem tem percorrido este árduo caminho, nunca lhe poderia garantir. Tratar-se-à tão só de, salvaguardando e respeitando a identidade dos partidos que à esquerda lhe garantem a governação e constituirão a "linha Maginot" do melhor e mais consistente projecto político europeu, a larga distância de todos os pretenso e falhados arremedos que por essa Europa fora têm sido tentados, prosseguir uma filosofia, socialista, social-democrata ou seja o que entenda cada um do vasto enxame de analistas que por cá vamos tendo, no sentido de num modo firme e sem roturas com o que quer que seja, ir conseguindo retirar este pobre e desgraçado país das trevas em que vinha vivendo desde a madrugada libertadora de 25 de Abril.

Com os seus reconhecidos defeitos e virtudes, aliás inerentes aos vícios e predicados da 'multidão' que a compõe, a "geringonça" constituirá, segundo a minha pobre e despretensiosa visão, dentro de menos tempo do que muitos julgarão, o novo 'descobrimento' que Portugal oferecerá à Europa e ao mundo... 

Como militante comunista que fui durante largos anos, décadas, e deixei de ser por falta de paciência em esperar pela actualização do "software" da Soeiro Pereira Gomes, o meu voto de 'homem de esquerda' transitou naturalmente para o PS. Mas os desafios que, hoje por hoje, se colocam à sociedade portuguesa, começam-me a aconselhar um redobrar de cautelas sobre o sentido do voto que, como sempre desde há 45 anos, irei depositar nas urnas em Outubro. Um voto de esquerda?! Nunca na minha vida terei dúvidas! Mas receio uma maioria absoluta do PS: o poder absoluto corrompe! Entre baias até os cavalos selvagens são civilizados! Está nas nossas mãos impedir a 'picada do escorpião'!...

Como nos ensinou Eduardo Galeano, "A utopia está lá, no horizonte. Se me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Se caminhar dez passos o horizonte correrá dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve então a utopia? Serva para isso: para que não deixe de caminhar"...

O que eu quero é vida longa para a "geringonça"!...

Até breve

sábado, 15 de junho de 2019

Ainda anda por aí, 'professor' Mário?!...


Não é bem assim: Vanglória


«O líder da frente sindical dos professores veio ufanar-se de terem sido os únicos a "tirarem o Governo do sério".

Não foram, bastando referir o caso das greves dos sindicatos e da Ordem dos Enfermeiros. Mas ao decidirem intervir directamente na campanha eleitoral, com cinco comícios em todo o País, os sindicatos dos professores foram seguramente os únicos a sofrer a desautorização do eleitorado. Por isso, contam-se entre os grandes derrotados da noite eleitoral.

Depois da derrota das suas irresponsáveis reivindicações no parlamento, o líder da FENPROF tinha ameaçado que o Governo e o PS iriam "pagar muito caro" pela sua vitória parlamentar. Mas quem pagou cara a arrogância sectária e maximalista dos seus sindicatos nas negociações com o Governo e a sua abusiva ingerência na campanha eleitoral foram os professores.»

Ainda anda por aí, 'professor' Mário?!...

Até breve

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Um caloroso e grato bem haja a Nuno Pacheco!...



O “acordo ortográfico” vive numa realidade paralela, como a de Trump
É com o AO90, e não antes, que temos mais “erros de ortografia” e uma maior “insegurança linguística”.

«A minha crónica “Socorro, querem roubar-nos a língua e deixar-nos mudos!”, suscitada por um artigo de Henrique Monteiro no Expresso sobre o “acordo ortográfico”, motivou uma mensagem do actual presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, Telmo Verdelho, recebida por correio electrónico à qual particularmente respondi. No entanto, como no final o autor dizia expressamente “Não tenho reservas sobre a divulgação desta mensagem”, e porque ela contém alguns pontos que merecem reflexão acrescida, aqui a divulgo na íntegra (mas sem divisão de parágrafos), deixando para o fim os comentários julgados úteis.

“Estimei muito ver-me citado no texto crónico da sua paixão ortográfica de 30 de maio. Por amor da verdade, e pelo respeito devido aos seus leitores, deverá retificar a informação sobre a percentagem da mudança (2%), na atualização ortográfica. A única estatística fiável, que toma por base o córpus do Português fundamental, dá conta duma percentagem de alterações que anda próxima de 0,1%, vinte vezes menos. Trata-se duma mudança realmente residual e insensível para a generalidade dos utilizadores da escrita, mas não inútil, porque incide, com grande precisão, sobre a ocorrência de ‘consoantes mudas’, particularmente motivadora de ‘erros de ortografia’ e de insegurança linguística. A perda invocada da informação etimológica é praticamente nula, porque as palavras mantêm, na sua configuração, uma bastante memória do étimo latino. A linguística acumulou, nos últimos cem anos, muita informação inovadora sobre a língua, que inclui obviamente a ortografia, e desenvolveu uma reflexão crítica, com rigor de ciência, que não se compadece com o empirismo das proclamações, aliás louváveis, do ‘amor da língua’. Os linguistas não são ‘bonzos’, mas têm estudo. O seu discurso metalinguístico e o dos seus amigos que desesperam contra o AO90, é pouco esclarecido, geralmente muito perentório, e muitas vezes com dados falsificados. O senhor e os seus amigos, não querem saber porque é que não têm razão.” [sic]

Comecemos pelas percentagens. A “única estatística fiável” (sic) dirá que a percentagem da mudança provocada pelo AO90 não serão os já ridículos 2% mas bem menos, uns 0,1%. Passando ao lado de esta curta missiva ter os tais 2% (quatro palavras num total de 216: “maio”, “retificar”, “atualização” e “perentório”), se a mudança incidia apenas em 0,1% (o que não é de todo crível, pelos textos que todos os dias lemos) para quê o AO? 0,1%, a tal mudança “residual e insensível”, valeria todo o esforço feito, nacional e internacional, para celebrar um acordo ortográfico? Não valeria, de todo. O argumento, em lugar de favorecer o acordo, vira-se contra ele. E o que hoje conhecemos dos resultados de tal façanha é o que está à vista: desnorte ortográfico, deformações na fala, erros a coberto do acordo ou já sem preocupação de seguir acordo algum, uma absoluta miséria. E a isto chamam “ciência”?

Mas há uma justificação: a mudança seria “residual […] mas não inútil, porque incide, com grande precisão, sobre a ocorrência de ‘consoantes mudas’, particularmente motivadora de ‘erros de ortografia’ e de insegurança linguística.” É curioso que os erros e a insegurança tenham surgido sobretudo depois do AO90 e não antes, multiplicando-se a cada dia como um vírus implacável. A recolha, utilíssima, com dados concretos (não com paixão empírica), feita regularmente pelos Tradutores Contra o Acordo Ortográfico, prova ao que chegámos. É com o AO90, e não antes, que temos mais “erros de ortografia” e uma maior “insegurança linguística.” Mas não há problema, é tudo em nome da “ciência”, não da “paixão”.

Por falar em paixão: os “apaixonados” são impetuosos, pouco cerebrais, parciais, “cegos” pelo objecto da sua devoção; logo, o contrário dos que reflectem, dos que têm “estudo”, dos que se regem pelo “rigor da ciência”, da “linguística” e da sua acumulada “informação inovadora”. Como é extraordinária esta inversão das coisas! E como ela ilude o muito que se argumentou, e escreveu, e afirmou, fundamentadamente (e por linguistas, sim, também por linguistas!), contra os malefícios de um acordo que acabou por ser aprovado como noivos que se arrastassem até ao altar, casados por obrigação e sem sequer se conhecerem! A isto se dirá que é paixão? Não, não é; é fúria, pela insistência num ardil medíocre que podemos comparar à arrogância de gente como Trump: mesmo o que ele diz (e está gravado), nega tê-lo dito. E os que o seguem acreditam, porque preferem a sua palavra à evidência dos factos.

O AO90 vive na mesma realidade paralela. A fraqueza argumentativa dos seus defensores é tal que nos vêem como os que “desesperam contra o AO90”, quando na verdade o desespero é deles. Porque os seus argumentos não resistem a debates públicos nem à prova dos factos. O AO90 há-de cair da mesma forma que nasceu e permanece: sem futuro nem glória,

A propósito: o lema do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa é Nisi utile est quod facimus stulta est gloria. (Se não for útil aquilo que fazemos, a glória é vã.) Deviam meditar neste lema, porque a crueza das suas palavras não é de todo “acordizável”.»
(Nuno Pacheco,Ípsilon, Opinião, in Público, em 13 de Junho de 2019, 7:30)

De si próprio diz Nuno Pacheco, redactor principal do jornal Público:  

"Integrar em 1989 a equipa fundadora do PÚBLICO, após oito anos no Expresso, foi um dos grandes desafios da minha vida, faltavam ainda uns anos para o advento revolucionário da Internet. Que não mudou a essência do que acredito que deve ser o jornalismo: uma mistura de ética, arte e busca incessante do que é novo. E isso é inseparável do tratamento dado à palavra, na forma como se escreve uma história, se formula uma ideia, se incentiva um debate. Por isso sou defensor acérrimo da diversidade da língua portuguesa, nas suas riquíssimas variantes, e adversário do acordo ortográfico de 1990. Em apoio desta posição, invoco o facto de escrever sobre música brasileira há quase duas décadas. Nasci no ano (e no mês) da morte de Carmen Miranda, Agosto de 1955, mas não acho que isso conte para esta história."

Feita a apresentação deste insigne jornalista, com singulares carreira e reconhecimento que falam por si, entendi como privilégio justo trazê-lo hoje para este meu cantinho despretensioso, depois da leitura que fiz, com enlevo e gozo, permitam-me confessá-lo, da sua arrasadora crónica dirigida ao actual presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, um tal de Telmo Verdelho, que não conheço de lado nenhum, nem me seduz a curiosidade de alargar esse conhecimento.

É que também, como acérrimo "adversário do acordo ortográfico de 1990", quero aqui deixar bem expresso o quão reconfortante foi para mim, a leitura do seu brilhante texto. Apenas isso. E ainda e só...

Um caloroso e grato bem haja a Nuno Pacheco!...

Até breve

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Lá se vai a geringonça!!!...



Sondagem: PS aumenta vantagem em relação ao PSD
Se as Legislativas fossem hoje, socialistas teriam 40,4% dos votos e PAN poderia eleger dois deputados.

Segundo a projecção de uma sondagem realizada pela Pitagórica para a TSF e JN, se as eleições legislativas fossem hoje, PS garantiria uma vantagem de 18 pontos face ao PSD e recolheria 40,4% dos votos.

De acordo com essa sondagem, realizada ainda antes das eleições europeias, o PSD seria a segunda força mais votada, com apenas 22,5% das intenções de voto, o que seria o seu pior resultado de sempre em eleições legislativas. Seguir-se-iam Bloco de Esquerda (8,2%), CDU (6,5%) e CDS-PP (6,1%).

Em relação ao mês passado, os socialistas sobem 3 pontos percentuais, o PSD desce no mesmo valor (em Abril registara 25,6%).

A concretizarem-se as previsões para as eleições de Outubro, o PAN subirá a sua representação para 3,6% (conseguindo, provavelmente, dois deputados) e a Aliança, com 1,5% dos votos terá possibilidade de eleger Santana Lopes.

A sondagem foi efectuada entre os dias 10 e 19 de Maio tendo sido recolhidas 605 entrevistas telefónicas, apresentando uma margem de erro de 4,07%.

Por este caminho...

Lá se vai a geringonça!!!...
Até breve

quarta-feira, 29 de maio de 2019

E com Outubro já tão perto!...


A direita entrou num túnel sem luz ao fundo

«Sabem como é que a direita poderá ganhar as próximas eleições? De maneira nenhuma. Rui Rio vai perder. Mas se lá estivesse Pedro Passos Coelho, perderia também. A derrota é inevitável face à estratégia que António Costa e Mário Centeno montaram nos últimos anos. Eles governaram suficientemente à esquerda para que a esquerda não se sentisse traída com as brutais cativações; e governaram suficientemente à direita para que a direita mais centrista não fugisse a sete pés. Como Portugal, neste momento, não aspira a muito mais do que a ausência de uma tragédia e a pequenos ganhos incrementais, o que aí está não entusiasma ninguém, mas assegura os mínimos.

Com o vento do crescimento pelas costas e uma indiscutível preocupação em cumprir as metas de Bruxelas, o Governo de António Costa governou com a competência necessária para que o país prefira o original à cópia laranja. Como se viu pela abstenção e pelo resultado poucochinho, a onda rosa não existe, o PS continua a ter os péssimos hábitos de quem se julga dono disto tudo (veja-se o caso Familygate) e a bancarrota socrática deixou marcas profundas. Ninguém acredita numa maioria absoluta. Mas os portugueses são pragmáticos, olham à volta e não vêem ninguém melhor em quem votar. Eu compreendo-os. Após a crise dos professores, o socialismo costista apareceu como um dois em um, simultaneamente capaz de devolver rendimentos na medida das possibilidades do país e não ceder às reivindicações demasiado despesistas. Ao darem o braço à esquerda radical, Rio e Assunção entregaram de bandeja a Costa o único trunfo que tinham do seu lado. Os resultados destas eleições são também consequência de um dos mais estapafúrdios hara-kiris da política portuguesa.

Mas, se o hara-kiri não tivesse existido, o PS teria ganho na mesma. O erro dos professores não surge por acaso — ele nasce do desespero e da consciência de não existirem votos suficientes à direita para que esta possa chegar ao poder sem que o diabo venha. A única coisa que essa crise fez foi agravar a desorientação de dois partidos manietados por um quebra-cabeças sem solução: aquilo que a direita pode propor de diferente não chega para ganhar; e se a direita propuser o mesmo que os outros não se diferencia deles e trai o seu passado. É um dilema e peras, e nesse sentido talvez convenha ser um pouco mais compreensivo em relação a Rui Rio — os seus erros são imensos, mas a sua tarefa é, neste contexto, colossal.

Apesar de a esquerda ter tido mais de dois terços dos votos nestas eleições, não acredito que a oposição interna do PSD desate outra vez aos gritos, propondo a substituição de Rio. Algum veneno será destilado, com certeza, mas não em demasia, porque ninguém deseja que Rio morra já. E a razão para esta aparente compaixão é aquela que acabei de referir: Rui Rio tem neste momento um dos piores empregos de Portugal, e a sua caminhada até Outubro vai assemelhar-se à do condenado à morte em direcção ao patíbulo. Ele é um dead man walking.

A direita cometeu — e continua a cometer — um erro tremendo: não percebeu que a dupla Costa/Centeno era muito melhor do que ela pensava, e que aquilo que aconteceu ao longo destes quatro anos não foi apenas um golpe de sorte ou uma conjuntura internacional favorável. Foi uma estratégia gizada com brilhantismo, que ofereceu ao PS o monopólio do centro político português, enquanto o PSD se entretinha a lamber as feridas de 2015. O resultado está à vista.»
(João Miguel Tavares, Opinião, in Público, em 28 Maio 2019 às 06:02) 


Contrariamente à minha quase habitual discordância da análise política de João Miguel Tavares, considero o texto que ontem fez publicar, uma excelente perspectiva sobre a catástrofe que no domingo passado se abateu sobre a Direita que temos. Aguardarei com natural expectativa um eventual trabalho que venha a publicar, agora centrado o compasso nos outros dois partidos da Esquerda que sustentam a geringonça e desenhando um círculo correspondente ao que nos mostrou agora.

Mas confesso que vejo o mesmo quadro que JMT descreve para a Direita, apenas com duas ligeiras diferenças: a primeira, de lhe acentuar os tons escuros, na minha óptica mais carregados ainda; a segunda, de colocar ao lado da sua feliz tirada de "dead man walking" e de braço dado com ele, uma "dead woman walking", caminhando ambos, fatalmente, para o mesmo destino...

E com Outubro já tão perto!...

Até breve

segunda-feira, 27 de maio de 2019

A GERINGONÇA!!!...


Uma lição para a Europa

Salvo melhor opinião e com o devido respeito, nunca tive dúvidas de que a palavra mágica terá sido inventada  vai para quatro anos! Cunhada. Registada a patente e lavrados os autos respectivos. A palavra?! GERINGONÇA, simplesmente!... E longe de mim a ideia de me estar a referir a Vasco Pulido Valente, que parece ter sido o primeiro a falar em geringonça no meio de um qualquer tema que já nem recordo. Muito menos a Paulo Portas, como sempre 'rato e fino como um alho' e sempre oportunista que, sobre o governo que em 2015 então se preparava, pretendeu e até terá conseguido baralhar os espíritos e impôr a sua paternidade, na casa da nossa democracia, ainda bem insipiente por sinal e que, infelizmente, assim parece continuar 'ad eternum'. Isso foram só conversetas, tretas, lérias, palheta. Refiro-me ao pai, não a qualquer pretenso ou putativo progenitor, mas ao verdadeiro autor da coisa geringonça: ANTÓNIO COSTA.

Naquela 'terrível' noite das últimas legislativas, quase todos terão concordado com o facto notório: o PS fora derrotado! O que vinha, aliás, na esteira da campanha menos conseguida do partido. Dessa derrota, lida correctamente por quem ainda entende alguma coisa da tradição nacional - comunistas e bloquistas seriam, liminar e exclusivamente, para protestar, nunca para governar -, Costa fez, afinal, uma vitória tão legítima, quanto surpreendente e retumbante. Mas, aquilo que acabou baptizado como geringonça, mais justamente deveria ter sido chamado de "ovo de Colombo". Estava na cara que, partindo a casca da repugnância do BE e do PCP, era possível criar um germe, um princípio, uma célula reprodutora - um ovo, enfim - para depois o colocar, inteligentemente, de pé. Mas, lá está, ninguém se lembrara antes... O líder socialista propôs à outra esquerda um acordo e teve 'arte e engenho' para a convencer. E, pelos vistos, tanto o que aconteceu ao longo dos últimos quatro anos, quanto os resultados destas europeias de agora, o metem pelos olhos dentro a toda a gente, os portugueses gostaram.

Desta vez, europeias 2019, António Costa - um vencedor nunca altera a táctica que o leva à vitória! -, voltou a lançar uma campanha algo básica ou mesmo trapalhona. Tanto na escolha como cabeça-de-lista de Pedro Marques, que não seria o melhor retrato nem possuiria o melhor discurso para se impôr em tão pouco tempo, quanto na adopção de uma 'novíssima' estratégia europeísta que o povo, tão claro como a água, ainda não se mostra capaz de entender e que Pedro Nuno Santos se viu na necessidade de refrear e, cautelosamente, denunciar os perigos e enunciar alternativas.

Uma parte significativa do PS parece ter tremido no arranque destas europeias. Mas Costa, provavelmente o político português que, na actualidade, revelará maior sensibilidade e conhecimento do país profundo que somos, embora arregaçando as mangas numa campanha difícil, não alterou um milímetro ao rumo escolhido: no respeito absoluto pelo slogan que os responsáveis pelo turismo português há muito consagraram, continuou a "ir para fora, mas cá dentro"! E, com a sorte dos audazes, antecipando e beneficiando dos tiros nos pés da direita mais retrógrada da Europa, de que a estúpida tolice dos rectroativos dos professores terá constituído o melhor exemplo, acabou por assistir, neste domingo eleitoral e europeu, de cadeirinha e a caminho de completar esta singular legislatura,  à maior hecatombe de sempre de uma direita que nunca lhe perdoou nem jamais perdoará a desfaçatez do seu permanente sorriso de comiseração, ao cavar de um surpreendente fosso de mais de 11% para o seu mais directo adversário e ao consolidar inequívoco das forças que ousaram conceder-lhe o apoio na geringonça, essa coisa por tantos julgada como fantasiosa.

Sem permitir sequer, dentro dos nossos modestos limites geográficos, a mais pequena veleidade ao ranço de uma extrema-direita que parece recrudescer por essa Europa fora, o povo português disse ontem, inequivocamente, que se prepara para dentro de poucos meses dar um aval ainda mais forte e peremptório aos soberbos e convincentes resultados da geringonça de António Costa.

Caramba, é tempo de, sem vergonha, nos orgulharmos da nossa capacidade de construir, dentro  da paleta que o nosso povo começa cada vez mais e melhor, a saber escolher para o representar, um modelo de governação que a Europa, necessária e obrigatoriamente, terá de começar a olhar com mais atenção e respeito.

Olhemos para o continente inteiro e demo-nos conta da formidável herança democrática que Portugal, um país humilde e pobre, está a oferecer...

E paremos de nos lamentar! Fomos capazes da épica saga dos Descobrimentos e, hoje por hoje, oferecemos à Europa, de mão beijada...

A GERINGONÇA!!!...

Até breve

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Convicções, inteligência e coragem!...


Enquanto António Costa parece apostar na necessidade de construir alianças, numa alegada frente europeísta contra os populismos, Pedro Nuno Santos defende uma separação clara entre liberais e socialistas no Parlamento Europeu.

No comício em Aveiro da passada terça-feira, o dirigente e ministro socialista disse ser necessário traçar "uma linha divisória muito clara entre liberais e socialistas", assumindo mesmo uma dialética de "tensão permanente" face aos liberais.

Num discurso interpretado como sendo uma autocrítica do PS em governos passados [António Guterres e José Sócrates] por se ter aproximado do centro direita, Pedro Nuno Santos, deixou recados sobre qual a estratégia que defende para o seu partido no plano europeu.

Julgo que PNS terá uma muito clara noção sobre a inviabilidade de qualquer aliança à esquerda no que respeita à UE, face às profundas ou mesmo opostas posições entre o seu partido e o PCP e BE. Do mesmo modo saberá demasiado bem que o plano defendido por AC e outros líderes do PSE, será combater a galopante ameaça nacionalista, ao mesmo tempo que recusa liminarmente a hegemonia de que o PPE tem vindo a dar mostras nas mais importantes instituições europeias, consubstanciada na sua real influência nas opções políticas da União nas últimas legislaturas. Porém, julgo que a posição assumida em Aveiro terá apontado mais no sentido de prevenir 'deslizamentos' futuros, em que o PS tantas vezes tem sido fértil, do que propriamente contestar o movimento europeísta que António Costa se tem vindo a esforçar por ajudar a implementar. E isso, do meu ponto de vista e por isso aplaudo, revela...

Convicções, inteligência e coragem!...

Até breve

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Tão elementar que só a direita não vê!...


Mesmo com a 'benção' da Universidade Católica Portuguesa, a sondagem que essa entidade efectuou para a RTP, entre os dias 16 e 19 de Maio em 1882 inquiridos, numa margem de erro máximo de 2,3% e um nível de confiança de 95%, revela uma verdadeira hecatombe na direita, com o PS a ser a lista que recolhe maior percentagem de intenções de voto com 33% e o PSD a poder vir a ter a pior votação de sempre em quaisquer eleições nacionais, com 23%.

BE, CDU e CDS-PP apresentam percentagens de voto semelhantes, com 9% para os bloquistas e 8% para as outras duas forças com ligeira vantagem da coligação PCP+Verdes, indicando ainda a sondagem a possibilidade de PAN e Aliança, ambos situados próximos dos 3%, poderem eleger um eurodeputado. 

"Elementar caro Watson"!...

Mais de 50% dos eleitores portugueses, mesmo em eleições europeias, depositam a sua confiança nas forças que foram capazes de os retirar do atoleiro em que a direita mais retrógrada da Europa, em quem só 30% ainda continua a confiar(?), os havia colocado.

Tão elementar que só a direita não vê!...

Até breve

domingo, 12 de maio de 2019

A dar palha aos 'chicos-espertos'!...




Pois aqui do meu canto, eu acho que a 'burrice' está toda em nós, os que continuamos a permitir que as 'traves mestras" da nossa democracia - Presidente da República, Assembleia da República, governos, sistema judicial e polícias -,  com os nossos votos ou sem eles, directa ou indirectamente, continuem...

A dar palha aos 'chicos-espertos'!...

Até breve

sábado, 11 de maio de 2019

O Povo em Outubro fará o que falta e deve ser feito!...

Ainda bem! (4): Contra o elitismo profissional

«1. A propósito da rejeição parlamentar da contagem integral do tempo de serviço congelado, o líder (vitalício?) da federação sindical dos professores veio queixar-se de que "a Geringonça não funcionou para os professores".
Mas não tem nenhuma razão, pois os professores compartilham as mesmas mudanças favoráveis que a demais função pública, nomeadamente o regresso às 35 horas de trabalho semanal e a retoma da progressão nas carreiras, incluindo o bónus da recuperação de uma parte do tempo congelado durante a crise (que não estava prevista em nenhum programa eleitoral, nem no programa do Governo, nem nos entendimentos que constituíram a Geringonça). 
O que os professores não obtiveram foi o que também não foi dado a ninguém, nem nunca lhes foi, nem podia ser, prometido nem reconhecido pelo Governo, ou seja, a recuperação integral do tempo de serviço congelado para efeitos de progressão na carreira (os tais 9 anos, 4 meses e 2 dias). Todavia, tal como toda a função pública, também os professores estão hoje bem melhor do que há quatro anos.

2. O que essa declaração do dirigente sindical revela, para além de ingratidão política, é que os professores, numa típica arrogância elitista, se consideram com direito a tratamento privilegiado dentro da função pública, para além do pouco exigente regime de progressão de que já gozam.
Ainda bem que o Governo não cedeu nesse ponto, quer por uma questão de justiça distributiva, quer por razões de sustentabilidade orçamental. Sem igualdade teríamos privilégio para uns e iniquidade para outros; sem sustentabilidade financeira, o que se ganhasse hoje poderia voltar a perder-se numa próxima crise.
Quem não quer perceber isto não merece nenhuma complacência política.

Adenda
Um leitor pergunta quando é que a lei estabelece limites aos mandatos sindicais. Em princípio, a autonomia associativa privada impede uma tal imposição sem cobertura constitucional, mas nada impede que os estatutos sindicais estabeleçam regras sobre isso. Aparentemente, porém, as benesses do poder sindical dificultam tal limitação...»


O bom senso imperou!...

O Povo em Outubro fará o que falta e deve ser feito!...

Até breve

sexta-feira, 10 de maio de 2019

O 'saloio fintador'!...


Chamar 'as vacas e os bois pelos nomes' seria dar o mote para que uma boa parte da 'saloiada' que administra a Justiça neste 'pais do terceiro-mundo', fizesse com quem o afirmasse, aquilo que 'não tem tomates para fazer' com... 

O 'saloio fintador'!...

Até breve

domingo, 5 de maio de 2019

Que os rios nascem no mar!!!...



«Se as eleições europeias se realizassem, este sábado, o PS seria o vencedor, com 34% dos votos, mais 6,9 pontos percentuais do que o PSD, com 27,1%, revela um estudo da Eurosondagem para o Sol e o Porto Canal. A sondagem realizada entre os dias 28 de Abril e 2 de Maio, antes da crise política aberta com a aprovação na especialidade do diploma que devolve todo o tempo de serviço congelado aos professores, e que levou à ameaça de demissão do Governo, dá entre 9 e 10 deputados aos socialistas e entre 7 e 8 aos sociais-democratas.

A CDU é a terceira força política mais votada com 8,1% e 2 mandatos no Parlamento Europeu. O Bloco de Esquerda e o CDS-PP surgem empatados com 7,1% e entre 1 e 2 eurodeputados. Também empatados nesta sondagem estão o PAN e a Aliança, ambos com 3,3% e entre zero e um deputado ao Parlamento Europeu.

Este estudo, para o Sol, Porto Canal, Diário de Notícias da Madeira e Diário Insular dos Açores, resulta de 2010 entrevistas telefónicas validadas, realizadas por entrevistadores seleccionados e supervisionados, para telemóveis e telefones da rede fixa. O erro máximo da amostra é de 2,19%, para um grau de probabilidade de 95,0%.

O universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal continental e regiões autónomas. A última sondagem das europeias, da autoria da Aximage e publicada em 18 de Abril pelo Correio da Manhã e Jornal de Negócios, dava um empate técnico entre PS e PSD nas intenções de voto.

O PS recolhia 33,6%, o PSD em segundo com 31,1% e, apesar de estarem separados por 2,5 pontos percentuais, este resultado foi considerado empate técnico dado que esse valor estava dentro da margem de erro do estudo (4%).»




E os loucos continuam a andar por aí, no meio da gente! Uns sem o dizerem, sorriem para nós convictos de que o Povo é estúpido. Outros com esgares de papões, sugerem-nos que a Terra gira ao contrário. E há ainda os que nos querem fazer crer...



Que os rios nascem no mar!!!...



Até breve

sábado, 4 de maio de 2019

Terá o pobrezinho rins para tamanha cambalhota?!...


Parece-me que face à alhada em que Rui Rio se meteu, na ânsia de 'arrebanhar' uns milharzitos de votos dos professores e dada a actual composição do nosso parlamento, constituído por 89 deputados do PSD, 86 do PS, 19 do BE, 18 do CDS, 15 do PCP, 2 do PEV e 1 do PAN, num total de 230 deputados, apenas lhe restará uma única saída, capaz de evitar a hecatombe que, mais certo que a gargalhada sarcástica do Santana Lopes, se abaterá sobre o seu partido, seja já dentro de três semanas nas europeias, seja lá para Outubro nas legislativas: mandar às urtigas a 'disciplina de voto' e rezar, rezar muito, com todo o fervor e até invocando as graças da 'senhora' da sua devoção, para que pelo menos 59 dos deputados da sua cor, se abstenham...

Terá o pobrezinho rins para tamanha cambalhota?!...

Até breve

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Branco é galinha o pôe!...


A interminável farsa da carreira dos professores

Não é preciso dar muitas voltas à cabeça para percebermos o que move no mesmo sentido e com a mesma retórica figuras tão dispares como Jerónimo de Sousa, Catarina Martins ou Rui Rio: é claramente o peso eleitoral da docência em Portugal.


«Quando o Bloco e o PCP tiveram uma real oportunidade de garantir a contagem integral do tempo de serviços dos professores, exigindo-a como contrapartida para aprovarem o Orçamento do Estado deste ano, tergiversaram – contentaram-se com uma anódina imposição ao Governo de negociar com os sindicatos docentes.

Quando o PSD teve uma real oportunidade de cumprir a sua palavra e impor a mesma solução ao Governo, seguiu uma estratégia de hipocrisia e de dissimulação que não é muito diferente – impondo a contagem do tempo de serviço, sem se comprometer com datas.

Já se suspeitava e ficou provado: seja à esquerda, seja à direita, o tema dos professores está a dar origem a um lamentável espectáculo que consiste em querer cativar a docência com bravatas políticas que são puro ilusionismo.

Não é preciso dar muitas voltas à cabeça para percebermos o que move no mesmo sentido e com a mesma retórica figuras tão dispares como Jerónimo de Sousa, Catarina Martins ou Rui Rio: é claramente o peso eleitoral da docência em Portugal. Chegados aqui, não é hora de se discutir sobre a justiça ou injustiça da sua reivindicação (tanto há bons argumentos para se concordar com a contagem integral do tempo de serviço como para perceber que os custos em questão são perigosos para a sustentabilidade financeira do país a médio prazo).

É hora sim de perceber que o que hoje se passou no Parlamento não passa de uma encenação. No Outono, quando o Governo precisava do seu apoio para aprovar o OE, o Bloco e o PCP não tiveram a coragem de impor as reivindicações dos docentes. O PSD partilha no verbo as mesmas causas, mas, ao não avançar com datas para as cumprir, cria um produto de marketing com um belo invólucro e substância nenhuma.

A proposta do PSD pretende colocar o partido como um paladino contra o “roubo” (Mário Nogueira dixit) do Governo sem se preocupar que a devolução do produto roubado aconteça amanhã. Perante tamanho artifício, o que se espera? Que o Governo comece a pagar todo o tempo perdido este ano? Nem pensar. Que, ganhando as eleições, avançará no próximo? Nunca com Centeno.

O que quer dizer apenas o seguinte: que esta proposta é uma farsa que pretende agradar aos professores com promessas tão vagas, tão vagas que poderão nunca ser cumpridas – principalmente se o vetusto e austero Rui Rio chegar um dia ao poder.»


Branco é galinha o pôe!...

Até breve