Este ano não vou a Varadero!... Já o ano passado não fui!... Bom, nunca fui a Varadero, nem a Cancún ou S. Domingo!... Às vezes ia até ao Algarve uns dias!... Mas isso já foi há muito tempo. Levávamos a tenda - eu a minha mulher e um casal amigo, que por sinal hoje já não é casal! - e lá passávamos uns dias na Quarteira a torrar ao sol desde manhã cedo, para vir ao meio-dia fazer o almoço num avançado que servia de cozinha e depois íamos tomar café e passear na marginal a ouvir música até serem horas de regressar à tenda e ir para o bicha para tomar um banhito. Depois era hora de comer frugalmente uns papo-secos com qualquer coisita e uma peça de fruta, para voltar à marginal ouvir a "Chiquitita" dos Abba e o "Goodbye my love, goodbye" do Demis Roussos. À meia-noite acabava a música e íamos para a tenda tentar dormir com o calor e os mosquitos. Ao fim de uns dez dias que nos pareciam horas, voltávamos para o Norte no Fiat 1000 e era uma odisseia atravessar o Caldeirão e a planície alentejana sob um sol tórrido - não havia A2! - para chegar quase à noite, com a promessa a bailar nos olhos dos quatro, de poupar uns cobres todos os meses para voltar no ano seguinte. E o céu era azul e a água do mar algarvio - 22ºC e sempre lisa e convidativa - molhava-nos os corpos e ... eramos felizes!!!...
Hoje os jovens como nós eramos naquele tempo, vão a Varadero, a Cancún ou a S. Domingo, com o cartão de crédito. Não pagam nada, excepto umas irrisórias quantias ao banco nos meses seguintes, que por acaso lhes abalam fortemente o orçamento. Mas não faz mal, a malta aguenta porque amanhã não sabemos se estamos cá. Temos que viver o hoje e deixar o amanhã para quando vier. Ao Algarve?!... Bom isso é mais "pechisbeque" e faz-se só quando há pontes. Arranca-se na 4ª feira à tarde, aproveita-se o feriado de 5ª feira, falta-se ou gosa-se uma folga acumulada na 6ª feira, o sábado é nosso e no domingo, que também é nosso, volta-se ao fim da tarde e entre a A2 e a A1, no BMW também comprado a crédito, é um saltinho, umas três horitas. É porreiro, pá!... Quero lá saber que o céu esteja muito nublado e que a água molhe!!!...
Hoje, não sou defensor, nem da primeira, nem da segunda forma de viver e pensar a vida. E confesso que não sei qual estará certa. O que sei é que Portugal está num buraco tremendo e quase todos vamos começar brevemente a sentir o efeito desse buraco. Hoje o nosso 1º Ministro, disse que o 14º mês, vulgo subsídio de Natal, vai metade p'ró buraco, o tal buraco tremendo...
Claro que o céu está terrivelmente escuro e a água que rodeia tudo e todos vai-nos encharcar até aos ossos. Pobres ossos!!!...
Até breve
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