terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

E não há quem defenestre as batatas!...


Da hipocrisia na política europeia e portuguesa


«Se por estes dias os mercados têm estado altamente instáveis e em baixa, em contrapartida a hipocrisia política tem estado em alta. Um alemão, um holandês, um irlandês e um português, todos com elevadas responsabilidades, são a prova disso.

O alemão chama-se Wolfgang Schauble, é ministro das Finanças e a personalidade que verdadeiramente manda no Eurogrupo com mão de ferro. Na última semana, Schauble entendeu pronunciar-se duas vezes sobre a situação portuguesa. Num dia afirmou que “Portugal deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros se der impressão de que está a inverter o caminho que tem percorrido. O que será muito delicado e perigoso para Portugal”. No dia seguinte voltou à carga: “Portugal tem de fazer tudo para responder à incerteza nos mercados financeiros”. E acrescentou que Portugal ainda não tem “resiliência”.

Ora Portugal não terá resiliência e pode estar a inverter (pouquinho) o caminho austeritário que vinha trilhando. Agora imputar responsabilidades a Portugal pela perturbação dos mercados financeiros parece um bocadinho exagerado, sobretudo quando o maior e mais importante banco alemão, o Deutsch Bank, está no centro de uma brutal crise, que levou a que as suas ações perdessem 50% do seu valor entre agosto de 2015 e a atualidade; que existam sérios rumores de que o banco está com dificuldades em pagar os cupões de obrigações contingentes convertíveis; que tenha registado prejuízos de 6,8 mil milhões em 2015, o que não acontecia desde 2008; que tenha 1,2 mil milhões em ações de litigância no ano passado e que isso vá continuar por estar acusado de envolvimento na manipulação da taxa Libor e de suspeitas de fuga ao fisco; e de não estar a gerar resultados para pagar dividendos.

Sobre este “pequeno” problema, Wolgfang Sachauble disse simplesmente: “Não, não tenho receios em torno do Deutsch Bank”. Não, verdadeiramente o problema dos mercados e de Schauble é Portugal – e não um banco alemão que tem um papel central na Alemanha, a economia mais poderosa da zona euro, tão central que não existe comparação a nível mundial.

Provavelmente há uma relação umbilical: com mercados em baixa, a hipocrisia política está em alta. Quatro exemplos: Wolfgang Schauble, Jeroen Dijsselbloem, Enda Kelly e Pedro Passos Coelho.

O holandês chama-se Jeroen Dijsselbloem, é ministro das Finanças do seu país e presidente do Eurogrupo. Consta que é socialista, mas disfarça bastante bem. Tem sido dos mais duros com os países do sul, em particular com a Grécia e agora com Portugal. É dos que mais combate a ideia de que possa haver uma alternativa à receita seguida de cortes em salários, pensões e no Estado social para enfrentar a crise. E no entanto, Jeroen, tão implacável com os mais fracos, tem prosseguido de forma metódica a consolidação da Holanda como um paraíso fiscal, onde estabelecem a sua sede fictícia as empresas dos países periféricos para aí pagarem impostos muito reduzidos dos lucros que obtêm nos seus mercados de origem, enfraquecendo ainda mais, do ponto de vista da receita fiscal, esses países. Mas sobre isto, não se ouve um pio do histérico Jeroen.

O irlandês chama-se Enda Kelly, é o atual primeiro-ministro, e está em plena campanha eleitoral, liderando uma aliança entre o Fine Gael e o Partido Trabalhista. O problema de Kelly é que as intenções de voto na sua coligação andam na casa dos 36%, longe dos 44% necessários para obter uma maioria absoluta. Kelly teme assim o que aconteceu em Portugal e está a acontecer em Espanha, no que toca às soluções governativas pós-eleitorais. E vai daí nada melhor do que apontar o dedo para aqui, gritar que somos um mau exemplo e que Portugal está a pagar um preço elevado – que classificou como “horrendo” – devido à instabilidade política que se terá instalado no país na sequência das eleições de Outubro passado. “Não queremos ser como Portugal”, afirmou. E, claro, a luta é entre a estabilidade (Kelly) ou o caos (a oposição). A solidariedade europeia é desvanecedora.

Finalmente, por cá há um patriota a quem a possibilidade de investidores chineses entrarem no capital da TAP está a incomodar fortemente. Chama-se Pedro Passos Coelho e afirma: “não sabemos de que maneira é que o interesse público está definido e defendido.” Por acaso este Pedro Passos Coelho é o mesmo que foi primeiro-ministro de Portugal entre 2011 e 2015. Por acaso foi durante o seu consulado que a empresa pública chinesa China Three Gorges se tornou o maior acionista da EDP; que a chinesa State Grid se tornou, com 25% das ações, a maior acionista da REN – Rede Elétrica Nacional; que o grupo chinês Haitong comprou o BESI; que o grupo privado (?) chinês Fosun comprou a Fidelidade e a BES Saúde, hoje Luz Saúde…

Felizmente, nessa altura, Passos Coelho sabia muitíssimo bem de que maneira é que o interesse público estava definido e defendido. É uma pena que não tenha decidido partilhar essa definição e essa defesa com os seus concidadãos. Mas, claro, este caso da TAP é gravíssimo.

Enfim, provavelmente há uma relação umbilical: com mercados em baixa, a hipocrisia política está em alta.»


E as televisões, rádios, jornais e sites do costume lá vão, cândida, esforçada e "rapidamente e em força" promovendo as qualidades da batata na alimentação dos portugueses. E há quem já não possua estômago que suporte outro alimento: batatas ao pequeno almoço, ao almoço e ao jantar, de segunda a domingo, de Janeiro a Dezembro, ano após ano, vidas inteiras!...

Ainda bem que o Costa lá vai arranjando, umas favas, umas ervilhas, uns ovos, uns nacos de toucinho e umas rodelas de chouriça, para irmos sobrevivendo! Dirão que é comida de pobre? Pois até poderá ser! Mas felizmente que ainda seremos muitos a odiar as batatas!...

E não há quem defenestre as batatas!...

Até breve

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Miguel de Vasconcelos terá sido defenestrado por pecado igual!...




Manuela Ferreira Leite: “Receita da Europa é uma teimosia que só Schäuble defende”
12/2/2016

A ex-líder do PSD criticou esta quinta-feira as declarações de Wolfgang Schäuble sobre Portugal, afirmando que a receita da Europa "tem dado maus resultados" e é "uma teimosia" que só ele defende.(LINK)

«O que impressiona na política portuguesa é o número gigantesco de jornalistas e comentadores estruturalmente alemães, isto é, que escrevem notícias e emitem opiniões a partir do ponto de vista alemão. É por isso que uma opinião lúcida, portuguesa e social-democrata, como esta, de Manuela Ferreira Leite, ganha outro interesse e visibilidade.»
(Luís Paulo Rodrigues, na sua página do FB)

Haverá, a meu ver, uma linha muito ténue a separar, no comportamento desse "número gigantesco de jornalistas e comentadores estruturalmente alemães, isto é, que escrevem notícias e emitem opiniões a partir do ponto de vista alemão", a colonização da traição!...

Miguel de Vasconcelos terá sido defenestrado por pecado igual!...

Até breve

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A merecida saída de sendeiro pela qual tanto batalhou ao longo de 10 anos!...



Tão evidente como Aníbal Cavaco Silva ser a maior nódoa que passou por Belém em quase 42 anos de regime democrático, terá sido o facto de a maioria dos deputados da Assembleia da República ter esta quarta-feira aprovado de novo a adopção de crianças por casais do mesmo sexo e as alterações à lei do aborto, cuja promulgação dos respectivos diplomas a "esfíngica figura plantada em Belém" havia vetado.

Agora, o Aníbal será obrigado, segundo a Constituição, a promulgar as leis que vetou a 25 de Janeiro, estando-lhe facultado apenas o prazo máximo de oito dias a contar da sua recepção.

A merecida saída de sendeiro pela qual tanto "batalhou" ao longo de 10 anos!...

Até breve

domingo, 7 de fevereiro de 2016

"O primeiro dia do resto da nossa vida democrática"!...


Ó minha pátria amada, onde nós chegámos

1. Isto de escrever numa situação volátil é sempre complicado. Mas embora possa haver uma ou outra novidade, no fundo, "onde nós chegámos", já estamos lá. No fundo, na fossa, num buraco, num sítio que o pudor impede de classificar com as palavras duras que se exige. Onde nós chegámos… à situação de uma nação que pouco mais é do que uma província longínqua de um centro europeu constituído por um conjunto de países, a começar pela Alemanha, mas não só, que entende que o seu interesse nacional e a sua "posição na Europa" implica colocar na ordem os países cujos governos e cujos povos pareçam recalcitrantes face ao seu poder. É por isso que o que aconteceu na Grécia devia ter sido um forte sobressalto, mas uma mistura de cobardia e de nonchalance ajudou a aceitar-se aquilo que é uma versão moderna da política de canhoneira, ou de uma Europa moldada aos princípios soviéticos da "soberania limitada".


2. O mais grave disto tudo é que não parece incomodar quase ninguém. O mais grave disto tudo é que há quem goste e prefira ser funcionário menor europeu do que político de um país soberano. É muito difícil encontrar sobre esta questão a tradicional divisão esquerda-direita, e, se a procurássemos o que encontraríamos seria contrário ao senso comum tradicional: uma esquerda patriótica, e uma direita rendida a trocar a soberania pelo diktat de uma política económica e de interesses de que gosta e que lhe dá força. 

3. E não, meus senhores, não foi agora com aquilo a que chamam pejorativamente o "orçamento do Costa", nem foi só (mas também) com as aventuras despesistas de Sócrates, nem com a dívida, nem com o resgate, que isto começou, nem vai acabar. Aliás, considerar que o que se passa é apenas um resultado do país estar endividado e, numa frase de quase traição, tão complacente e displicente é com os nossos interesses nacionais, como a de que "um país com esta dívida não pode ter veleidades de independência", é quase o equivalente em defender a prisão por dívida, ou pior, a escravatura por dívida.

4. Mais do que o dinheiro que pedimos ou que devemos, e a nossa capacidade de o pagar, - que, os mesmos que acham que a dívida justifica tudo, sussurram com cinismo para o lado, "já se sabe que tem que haver uma reestruturação da dívida, não se pode é falar dela", - o que se passa hoje é a coligação de poderosos interesses nacionais (dos outros), financeiros e económicos (também de alguns dos nossos) e a "estrangeirização" de uma elite nacional que perdeu qualquer sentido de que a pertença a uma pátria (palavra hoje maldita à direita) é um valor e não um aborrecimento. "Estrangeirização" não é cosmopolitismo, antes fosse!, é indiferença, e desprezo pelo terreno comum em que se partilha um certo sentido de história e comunidade, no qual, mal ou bem, muitas vezes mal, nos reconhecemos. Mas há mais: é também a suspeita, tão típica dos funcionários e tecnocratas, de que eles, os mestres de Bruxelas, sabem melhor do que nós como se governa um país e não precisam de meter as mãos nessa massa imunda que é a política. Não seria tão bom sermos governados pelos alemães ou pelos énarques ou os diplomados das melhores escolas de gestão do mundo?

5. O problema não é andar de bandeirinha, convenientemente na lapela, nem agitar o "papão espanhol", agora tedesco, é perceber esta coisa que é a Europa de hoje: cada cedência de soberania é uma cedência de democracia. Hoje a democracia ou se faz num espaço soberano, onde os votos dos portugueses mandam, ou deixa de ser democracia. O problema da União Europeia como ela está, enrodilhada, confusa e cruel com os refugiados das guerras que acicatou, egoísta e nada solidária, é que se acantonou num centro de poder que nada tem a ver com os desígnios dos seus fundadores. Não só por ser quem é , mas também por se exercer como se exerce.

6.Partidos conservadores do PPE, cada vez mais à direita, trazendo à arreata muitos socialistas, "governam" hoje Portugal a partir da Europa, dando trabalho às suas miríades de funcionários que decidem sobre o BANIF, ou sobre se meia décima percentual representa uma tragédia grega, sendo que o que os incomoda é que essa meia décima pode servir para acabar com meia décima de "austeridade". E "austeridade" é hoje a palavra que não designa qualquer política económica, cujos falhanços estão por todo o lado em contraste com os EUA, mas uma política de poder, real e simbólico. 

7. Hoje o keynesianismo, ou qualquer outro modo de ver a economia que não passe pela vulgata designada como "neo-liberal", em que se formaram muitos socialistas, vários Prémio Nobel da Economia, e vários dos nossos governantes que eram sociais-democratas como Cavaco Silva, é proibido na União Europeia. Há um Tratado Orçamental, que Passos Coelho, que hoje se veste de novo de social-democrata, foi o primeiro a aprovar, que legitima o pensamento único em economia e serve de base ao poder do centro europeu e ao deitar para o lixo da nossa liberdade, soberania e democracia. Há quem ache isto bem. Eu não.
(Pacheco Pereira, A lagartixa e o jacaré, in Sábado)

Para já não falar na corja, bando, quadrilha, escumalha, escória, gentalha, matilha, cambada, gatunagem, alcateia ou cáfila, que de Belém a S. Bento nos governou nos últimos cinco anos, mas lembrando-me também e sobretudo dos "socialistas que o PPE traz à arreata" por cá e por essa Europa fora, em cada dia que passa me curvo mais perante os deuses, graças aos quais me fiz e continuo keynesiano firme e decidido a recusar negociar o mínimo da minha dignidade, mesmo que me seja proposto o Sol numa bandeja de prata reluzente e convidativa.

Essa a razão que me fez deixar por aqui o magistral texto que JPP publicou na revista Sábado, em 5 de Fevereiro de 2016, quiçá... 

"O primeiro dia do resto da nossa vida democrática"!...

Até breve

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Graças aos deuses, sou keynesiano!...


As Cassandras e o Dombrovski falharam. O OE passou

As Cassandras estão a ter um dia mau. Tinham previsto que era tiro e queda. O Orçamento do Estado 2016 chegava a Bruxelas e era de imediato recambiado, inaugurando assim uma prática que nunca se verificou até hoje, nem com os orçamentos gregos. A alimentar as esperanças estava o vice-presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro da Letónia, Valdis Dombrovski, o representante da linha dura europeia. António Costa viria de Berlim vergado a uma humilhante derrota e a preparar-se para pedir a demissão. E como Pedro Passos Coelho já disse que está preparado para ser de novo primeiro-ministro, tudo se encaixava às mil maravilhas. Tenho más notícias. O Orçamento passou. Vai aumentar o consumo de anti-depressivos.

Costa cedeu? Claro que cedeu. Não há nenhuma negociação em que as duas partes não cedam alguma coisa. Sim, porque a Comissão também cedeu. Dombrovski, que pelos vistos faz política na Europa através de tweets, teve de dizer que a proposta orçamental portuguesa tinha sido aprovada por unanimidade, vou repetir, por unanimidade, pela Comissão Europeia. Mas depois colocou dois tweets, um dizendo que a proposta orçamental está em risco de não cumprir as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento, e outro onde acrescenta que as autoridades europeias convidam Portugal a dar os passos certos no sentido da proposta cumprir as regras orçamentais da União.

Não se percebe. Ou bem que a proposta foi aprovada por unanimidade ou bem que não foi. Se foi, não fazem sentido os reparos. Se os reparos fazem sentido, então a Comissão não deveria ter aprovado a proposta orçamental portuguesa, nem por maioria, quanto mais por unanimidade. Portanto, ou o sr. Dombrovski estravasa e toma os seus desejos pela realidade ou o sr. Dombrovski está certo e então não se percebe a decisão anunciada publicamente por Bruxelas.

Ora até prova em contrário o que conta é que o orçamento passou em Bruxelas. Foi aprovado por unanimidade, ponto final. E ao ser aprovado, António Costa conseguiu uma enorme vitória política e uma pequena vitória técnica. A enorme vitória política tem a ver com o facto de ter provado que afinal não havia só um caminho orçamental para responder a esta crise e para cumprir os objectivos de redução da dívida e do défice. Todos os que apostaram no falhanço deste caminho logo no primeiro embate vão ter de guardar as espadas e engolir o fel que lhes está a envenenar as almas. Quanto à pequena vitória técnica, ela tem a ver com o facto do orçamento ter sido aceite mas de o Governo ter tido necessidade de introduzir um conjunto de novas medidas ou de esquecer outras que fizera para ir de encontro às exigências de Bruxelas. Não é, pois, este orçamento aquele que o Governo queria. Mas como é óbvio isso não poderia acontecer porque, insisto, o resultado de uma negociação pressupõe cedências das duas partes. E foi o que aconteceu. Insisto também: o Governo cedeu, mas Bruxelas cedeu igualmente. Ninguém estava interessado no fracasso das negociações.

António Costa ganhou. Provou que há alternativa, mesmo que estreita. Bruxelas teve de aceitar isso mesmo. As Cassandras cá de casa e o Dombrovski estão a caminho da farmácia para comprar os anti-depressivos. É a vida.

E assim António Costa ganhou o primeiro embate com a Comissão Europeia. Não é pouca coisa, porque a sua orientação de política económica não agrada de todo aos eurocratas que se sentam no Edifício Berlaymont, na capital belga. E não é pouca coisa do ponto de vista político, porque internamente ganha a autoridade e o tempo de que precisava para consolidar a sua estratégia político-económica.

Sim, o orçamento tem riscos. Sim, o orçamento tem incoerências, depois de todos os enxertos que sofreu. Sim, pode ser necessário tomar medidas extra ao longo do ano para corrigir a tendência e cumprir o défice. Mas quantos orçamentos rectificativos elaborou o Governo PSD/CDS, em cima dos quatro orçamentos que apresentou? Pois teve de elaborar oito orçamentos rectificativos, dois em cada ano em que foi Governo. Vou frisar: em quatro anos e em cima de quatro orçamentos, o Governo PSD/CDS teve de apresentar oito orçamentos rectificativos. Para lá disto pôr em causa a famosa competência técnica de Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, a pergunta é: e se Mário Centeno tiver de fazer um orçamento rectificativo? Ou mesmo dois? Haverá algum drama? Ou só há drama quando o governo é do PS e não há problema quando é do PSD/CDS?

Voltamos ao princípio. António Costa ganhou. Provou que há alternativa, mesmo que estreita. Bruxelas teve de aceitar isso mesmo. As Cassandras cá de casa e o Dombrovski estão a caminho da farmácia para comprar os anti-depressivos. É a vida.
(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 05/02/2016)

Há muitos e bons anos e desde que a universidade da vida em mim fez luz sobre a imperfeição e incapacidade humanas para "construir o homem novo", que me afastei do pensamento de Karl Marx e me aproximei de outra concepção económica de mundo, preconizada por John Maynard Keynes, que a definiu como "Estado de bem-estar social", que atribui aos governos dos países o direito e o dever de conceder benefícios sociais que garantam às populações um padrão mínimo de vida que as possa conduzir à felicidade como, entre muitas coisas e outras destas decorrentes, a criação do salário mínimo, do seguro social no desemprego, da redução da jornada de trabalho e de serviços nacionais de educação e saúde gratuitos e universais, enquanto perseguem, numa luta incessante e sem tréguas, o objectivo estruturante da sociedade: o pleno emprego.

A teoria keynesiana assenta essencialmente numa organização político-económica oposta às novas concepções liberais e seus sucedâneos neo e até ultraliberais, fundamentada na afirmação do Estado como agente indispensável de controle da economia, face à incapacidade de auto-regulação de qualquer sociedade, por via daquilo que designou pelo "espírito animal" intrínseco a qualquer corporação empresarial. 

Sem jamais defender a estatização da economia, Keynes defendeu a participação reguladora, activa e enérgica do Estado em todos os segmentos da economia e, em particular, naqueles que sendo necessários ao país, porventura não recolham a atenção e o interesse da inciativa privada.

Será exactamente sob este prisma que vejo a actuação do XXI Governo Cosntitucional, suportado por uma maioria parlamentar democraticamente eleita pelo povo português em 4 de Outubro de 2015.

E agora sou eu a voltar ao princípio e a dizer, parafraseando Nicolau Santos...

Graças aos deuses, sou keynesiano!...

Até breve

Valeu a pena! A TAP continua... NOSSA!...


O dia 5 de Fevereiro de 2016, vai constar do livro de ouro do XXI Governo Constitucional. No mesmo dia em que a Comissão Europeia deu luz verde ao Orçamento Geral do Estado para 2016, esse mesmo governo conseguiu estabelecer um acordo com os accionistas privados da TAP, que prevê que o Estado recupere 50% do capital da empresa, por €1,9 milhões, ficando com 50% das acções e com o direito a escolher o presidente do conselho de administração, que passa a ter voto de qualidade. As partes assinarão já no decorrer deste sábado, o respectivo memorando de entendimento. (LINK)

O impossível aconteceu, graças ao voto dos portugueses e ao esforço patriótico de um Governo que está a conseguir resgatar aquilo que "os vendilhões do templo" haviam alienado!...

Valeu a pena! A TAP continua... NOSSA!...

Até breve