quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Aguardemos os resultados das próximas sondagens!...


Um país inteiro contra os motoristas


Nunca como hoje o Governo, os partidos da esquerda, os partidos da direita, a imprensa e até o Presidente de República se colocaram de forma tão clara e deliberada do mesmo lado da barricada. Nunca um sindicato, uma luta laboral e uma classe profissional foram tão ostensivamente isolados e censurados como nesta greve.

«O país chegou ao terceiro dia de greve e confrontou-se com uma inevitabilidade: a desobediência civil dos motoristas de transportes de matérias perigosas, o descontrolo dos seus sindicalistas e a cabeça perdida do seu porta-voz. Face a tudo o que tinha acontecido até agora, a completa ausência de válvulas de escape para a tensão que se foi acumulando só poderia redundar numa derrota completa dos motoristas ou na sua radicalização. Aconteceu a segunda via e o país está confrontado com uma realidade nova. No futuro próximo, nada será como antes nas relações da política com os conflitos laborais.

Ninguém sai isento de culpas em todo este processo, mesmo que tenhamos de aceitar que o papel dos sindicatos é lutar pelas melhorias de condições de vida dos seus trabalhadores, ou que o Governo tem de fazer tudo o que tiver de ser feito para evitar perturbações graves na vida pública. O que foi e é absolutamente novo neste conflito é o completo desequilíbrio na relação de forças entre as partes. Nunca como hoje o Governo, os partidos da esquerda, os partidos da direita, a imprensa e até o Presidente da República se colocaram de forma tão clara e deliberada do mesmo lado da barricada Nunca um sindicato, uma luta laboral e uma classe profissional foram tão ostensivamente isolados e censurados como nesta greve.

Que há em toda esta luta tiques de arrogância dos sindicatos, uma vontade de provocar os poderes públicos até à impaciência e uma intransigência negocial absurda que convida a desprezar os sindicalistas e os seus porta-vozes, poucos duvidam. Mas nunca como hoje se criou um unanimismo tão cínico nem um clima de consenso tão pérfido em torno de um conflito. Tal como se em causa estivesse uma ameaça externa, a política esvaziou-se em nome do ataque a um inimigo partilhado pela esquerda, pela direita, pelo Governo, pelas oposições e, na sequência de uma campanha de propaganda digna de outros regimes, da maioria dos cidadãos. 

Muito mais do que pelas óbvias culpas próprias ou pela determinação do Governo, o que isola os motoristas e os convida ao radicalismo desesperado é essa legítima sensação de serem ao mesmo tempo vítimas do tacticismo cobarde do Bloco e do PCP, da incompetência espúria do PSD e do CDS e da paz podre que o Presidente se esforça por promover. Um clima assim tão mansamente unívoco pode seguramente servir ao PS e enterrar a arrogância dos motoristas. Mas não existe uma democracia saudável com tão falsos consensos nem com tão manipulados compromissos.»
(Manuel Carvalho, director jornal Público, em 14 de Agosto de 2019, 18:17)

Aqui do meu canto vejo António Costa a emergir, 'candidamente' e de inobservável sorriso, do caos estupidamente prometido por uma classe de trabalhadores que acreditou, também estupidamente, na existência da 'terra prometida'. Será, muito provavelmente, o único vencedor nesta singular e inusitada batalha! Porque da 'guerra' que só chegará em Outubro, nenhuma dúvida já subsistirá nos espíritos mais esclarecidos...

Aguardemos os resultados das próximas sondagens!...

Até breve

sábado, 10 de agosto de 2019

Apenas uma questão de honestidade!...


Greves, sim, desde que não chateiem o país inteiro 

«Este é um momento comovente. Gastei tanto latim ao longo dos anos a propósito de greves, dos seus abusos e da necessidade de haver mais equilíbrio entre a reivindicação dos direitos dos trabalhadores e o impacto que as paralisações têm nos pobres utentes que precisam de ir para o emprego ou fazer uma cirurgia pela qual aguardam há anos. Falei tanto da necessidade de repensar a abrangência da greve no funcionalismo público, dado o desequilíbrio evidente de forças entre quem reclama e quem sofre na pele os seus efeitos, na medida em que o Estado nunca vai à falência e o funcionário público nunca corre o risco de perder o emprego. Falei tantas, tantas vezes disto, sem grande apoio da direita e com muita ira da esquerda – e agora, finalmente, eis a maior parte dos portugueses do meu lado. Um depósito vazio faz milagres.»


Esta greve terá vindo provar, ser demasiado redutora a "necessidade de repensar a abrangência da greve no funcionalismo público". O que haverá que repensar, com urgência e eficácia, será a abrangência de todas as greves que, alegadamente, possam de algum modo ultrapassar o restrito âmbito das partes beligerantes e afectar, comprovadamente, os interesses da grande maioria da sociedade que somos, alheia, quase sempre, a esses diferendos e inexoravelmente arrastada e afectada para as vicissitudes que determinam.

Que não se esteja à espera que os depósitos ou os estômagos vazios e um povo sem saúde, paz, tranquilidade e tantos outros bens essenciais, façam milagres. Os milagres não existem, antes existirão circunstâncias e consequências. E deverão ser essas a ser seriamente reflectidas por quem, nos locais próprios, está incumbido dessa imperiosa missão, em prol do bem comum, do bem de todos nós.

E esta nunca será uma questão de direita ou de esquerda...

Apenas uma questão de honestidade!...

Até breve

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

É o nosso 'fado'!...


Chegará o dia em que o povo vai perceber que os sindicatos são lóbis 😏😏😏  e que, por isso, recrutam lóbistas.

E enquanto não chega esse dia...
O povo vai colaborando na exaltação do 'pimba' e de quantos 'santos sacrifícios' lhe impingirem...
É o nosso 'fado'!...
Até breve