sábado, 28 de setembro de 2013
Vira a proa da nossa barca...
Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor nos ramos
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praia do mar nos vamos
À procura da manhã clara
Lá do cimo de uma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo de uma montanha
Onde o vento cortou amarras
Largaremos p'la noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca, brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca.
Até breve
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Apenas um dia mau, como os outros !...
O artigo que hoje vos recomendo vivamente, volta a ter como autor, um dos homens que em Portugal revela mais lucidez na análise desta "pescadinha de rabo na boca" que é a divida externa portuguesa.
Nem histórico, nem negro, apenas um dia mau como os outros, é um retrato feito a lápis negro, por Daniel Oliveira, que apenas interessará aos que se preocupam com o futuro dos seus filhos e netos, porque o nosso já não terá... atelho nem trambelho !...
É o resultado a que chegámos, governados por esta corja ultraliberal que se assenhoreou do poder através... do nosso próprio voto. Cometendo porventura o mesmo erro que os alemães com Hitler! Quem o protenderá ignorar?!...
Daniel Oliveira é um homem de esquerda. Mas a quem a esquerda estabelecida nada diz. Acreditou no projecto do Bloco de Esquerda, que abandonou mal viu nele instalado o SIDECAR, e adivinhou o recrudescimento de um pendor tão protestativo quanto inócuo. Promotor e dinamizador do projecto que desaguaria no CONGRESSO DAS ALTERNATIVAS, vai dedicando grande parte do seu esforço de heróica e esclarecida cidadania, na gravidez de algo que possa contribuir para a salvação deste moribundo país. Entretanto vai-nos consolando com a lucidez em que todos os seus textos são embebidos. O que vos trago hoje, é extenso, mas valerá a pena ser lido.
Até breve
Os emplastros e a abstenção...
Depois da infeliz diarreia da CNE, que levou as televisões a limitarem a cobertura jornalística da campanha eleitoral, as "lapas dinosssáuricas" que outra infeliz diarreia permitiu com continuassem a sua saga gloriosa, viram-se remetidas à sua insignificância e apenas lhes restou o estreito e quase ultrajante atalho de se transformarem em emplastros, afadigando-se na procura do local mais favorável, por detrás, à esquerda e a direita dos "queridos lideres", em nojento e indigno plágio de um "famoso mentecato adepto do porto" que chegou a reclamar a paternidade do "papa", lembram-se?!
E a "doença" varreu todos os partidos. Porque nesta coisa das autárquicas, a dignidade e a ética ideológica, foram calçadas por dentro das meias. E então é ver os sorrisos parvos e insinuantes - sim, sim, exactamente como as putas! - que os "emplastros e emplastras" exibem em cada colheita de imagens televisivas, com permanentes sinais de assentimento, a todas as baboseiras dos seus "queridos padrinhos"!
Pensa-se que terá sido de Alexandre Herculano, a frase que o nosso povo tomou como sendo sua: "quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais.". Honro-me de seguir uma linha análoga ao seu pensamento, quando nesta quase humilhante campanha eleitoral autárquica, assisto enojado à actuação dessa corja de "emplastros": quanto mais os conheço, vejo e revejo, maior convicção me assiste para lhes negar o meu voto!...
Até breve
terça-feira, 24 de setembro de 2013
António Ramos Rosa, RIP...
Eu escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maravilha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde
António Ramos Rosa
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida
Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maravilha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde
António Ramos Rosa
Requiescat in pace
sábado, 21 de setembro de 2013
Com pífias, dogmas e sidecars, rumo ao 2º resgate !...
Encontrei por aí, aquela que considero a mais feliz e correcta definição para o Bloco de Esquerda: SIDECAR ! Diz o seu afortunado inventor:
O SIDECARBLOCO é uma estrutura cor de galheteiro, concebida para o movimento estático que possibilita a dois líderes alternarem na condução do mesmo motociclo partidário parado, preservado de tombar, tal como de ir a lado algum. Ora é a coordenadora Catarina a segurar o guiador, a acelerar e a travar o já paralisado veículo paralítico, e o coordenador Semedo a descansar no carro lateral imóvel, ora o inverso. A vetusta imagem supra ilustra perfeitamente o efeito de claro dinamismo petrificado.
De facto, na transmissão do testemunho entre o "velho bólide" e este SIDECAR, quando as gentes de esquerda ansiavam por uma revolucionária evolução tecnológica que lhes permitisse, ainda que timidamente, uma aproximação aos primeiros lugares dos nossos "grands-prix", os "designers" bloquistas não tiveram arte, nem engenho e muito menos coragem, para partirem para uma nova e aerodinâmica carroceria e muito menos para encontrar um novo motor, com potência e fiabilidade suficientes para alcançar tais desígnios. E tirando aquela "reles e esconsa" vitória no circuito citadino de Salvaterra, raramente a "escuderia" bloquista se atreveu a discutir a entrada no "top-five" dos grandes prémios cá do burgo.
E, perante uma Oposição, pifia e inseguramente liderada por Seguro, dogmaticamente secundada pela retórica petrificada e quase "coreanamente" enfeitada de Jerónimo, seguida de perto pelo sidecar sinusoidal dos protestos e inócuos pedidos de demissão do dual e parece-me que falhado projecto Semedo-Catarina, a Direita, respaldada por "esfíngica e mumificada figura", vai fazendo o que lhe apetece. E o povo, sem soluções e sem alternativas à vista, afunda-se cada vez mais na desilusão e no desespero.
Dentro de uma semana, aí teremos os "fósseis e dinossauros" reeleitos! Aos doutos juízes do TC o devem, mas no país do "faz-de-conta" até a última instância da justiça constitucional vai arremedando a corja política do nosso (des)governo. Depois, assistiremos ao aproveitamento da legitimidade com que as autárquicas porventura carimbarão essa Direita ultraliberal e esperaremos, pacientemente sentados, que a Esquerda continue a defender ferozmente, de forma pífia, dogmática e protestativa, os respectivos quintais. E enquanto o povo desespera por uma quase utópica união das forças progressistas, cada uma delas vai afagando o seu umbigo, marimbando-se para a resposta unitária que dela seria de esperar. E ainda faltam dois longos anos de desespero, de cortes, de austeridade, de défice, de espiral recessiva e de aumento progressivo da nossa dívida externa, rumo a um segundo resgate, que inexoravelmente se abaterá sobre nós, pese embora o despudor e a hipocrisia com que o ultraliberalismo, que para ele vai caminhando "inocentemente", lhe venha a chamar...
PROGRAMA CAUTELAR!...
PROGRAMA CAUTELAR!...
Até breve
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
A política perdeu o brilho !...
O escritor moçambicano, biólogo de formação, guia-nos num percurso por Maputo ao sabor da natureza, da história e das suas recordações dos tempos da luta na Frelimo...
Era uma causa que eu hoje olho à distância, politicamente já percebi que nos enganámos todos. Não por causa da intenção de fazer um mundo melhor, mas por causa da concretização. Tínhamos um olhar muito ingénuo. Felizmente o mundo é muito mais complexo e cheio de variáveis que nós não dominamos. A ideia de, numa geração, criar uma sociedade nova era algo muito bonito mas desastroso na concretização.
Entregámo-nos a uma coisa que era maior do que nós mesmos, era uma coisa generosa. Vejo, nos meus três filhos, que hoje é tudo tão diferente. Faltam-lhes as grandes narrativas, a política que fascina. Hoje a política foi apropriada por interesses tão mesquinhos e tão privados, tão conspurcada pelo oportunismo, que perdeu o brilho...
(Mia Couto, sobre o seu envolvimento juvenil com a Frelimo)
Fonte: Expresso – Abril 2013
Mão amiga e muito querida, fez-me chegar um excerto de uma reportagem/entrevista publicada no jornal Expresso, que não tive oportunidade de ler, com o escritor moçambicano Mia Couto.
E no remate final dessa excelente peça jornalística, a reflexão política de Mia Couto, provocou-me um arrepio que parece ainda percorrer o meu corpo, tantas horas passadas. Porque não é fácil para todo aquele que se entregou a uma causa maior que si próprio, uma coisa generosa que os anos depois comprovaram chamar-se utopia, reconhecer perante o mundo próximo ou remoto que nos envolve, que nos enganámos.
O arrepio que me varreu o corpo, a pedra de gelo que me baixou pelas costas, entre a camisola e a pele, as palavras de Mia Couto a martelarem-me no cérebro, tudo isso me trouxe à memória o meu percurso político, os tempos em que acreditei que era possível fazer um mundo melhor e o meu norte se situava nas palavras do testamento de Mário Sacramento: "... Façam um mundo melhor, ouviram. Não me obriguem a voltar cá outra vez"...".
Afinal, como Mia Couto, acabei por descobrir, já lá vão tantos anos, que o danado do horizonte que eu tanto desejei tocar com as mãos, sempre se afastou de mim um passo por cada passo que dei. Hoje sei, tal como ele, que o erro nunca esteve na nobre e generosa intenção de fazer um mundo melhor. O erro só existiu porque a concretização é irmã gémea desse maldito horizonte que sempre correu à nossa frente sem parar. Há quem lhe chame utopia?! Sim, eu sei! Os católicos também acreditam no céu, no paraíso, na vida eterna...
E a política foi apropriada por interesses tão mesquinhos e tão privados, tão conspurcada pelo oportunismo, que perdeu o brilho!...
Até breve
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Il capo di tutti capi !!!...
Carta aberta a uns pedaços de merda
Olá, amiguinhos do FMI. Eu sou o ratinho branco. Desculpem estar a
incomodar-vos agora que vocês estão com stress pós-traumático por terem lixado
isto tudo. Concluíram vocês, depois do leite derramado: "A austeridade pode ser
autodestrutiva." E: "O que fizemos foi contraproducente." Quem sou eu para
desmentir, eu que, no fundo, só fiquei com o canto dos lábios caídos, sem
esperança? O que é isso comparado com a vossa dor?! Eu só estiquei o pernil ou
apanhei três tipos de cancro, mas é para isso que servimos nos laboratório:
somos baratos e dóceis. Já vocês não têm esses estados de alma (ficar sem
emprego, que mau gosto...), vocês são deuses com fatos de alpaca e gravata
vermelha como esses três novos que acabam de desembarcar para nos analisar os
reflexos. "Corre, ratinho branco!", e eu corro. Vocês cortam-me as patas:
"Corre, ratinho branco!", e eu não corro. E vocês apontam nos vossos canhenhos
sábios: "Os ratos sem pernas ficam surdos." Como vocês são sábios! E humildes.
Fizeram-nos uma experiência que falhou e fazem um relatório: olha, falhou. Que
lição de profissionalismo, deixam-nos na merda e assumem. Assumir quer dizer
"vamos mudar-lhes as doses", não é? E, amanhã, se falhar, outro relatório: olha,
falhou. O vosso destino, amiguinhos do FMI, eu compreendo. Vocês são aves de
arribação, falham aqui, partem para ali. Entendo menos o dos vossos kapos
locais: em falhando e ficando, porque continuam seguros no
laboratório?
Os "vossos kapos locais"?!... Eu gosto muito de quase tudo o que escreve Ferreira Fernandes. Mas desta vez, acho que terá pecado por defeito. Quase tanto como o outro que chamou "cavaco" ao pobre do italiano Beppe Grillo. Não me fiz entender?! Pronto, então passo a explicar o meu ponto de vista.
Ora, considerando que FF terá pretendido disfarçar com o "kapa", o original "capo", referido à abreviatura de capotasto, palavra italiana que significa "cabeça do braço" e que todos sabemos que em Itália poucos relacionarão com o dispositivo - em português, surdina - que os maus executantes usam na clássica guitarra, para disfarçar a inabilidade da mão sobre as cordas, antes com a "habilidade" para chegar ao topo de uma qualquer hierarquia mafiosa, entendo que terá sido demasiado benevolente ao chamar "capos" aos nossos interlocutores com o FMI, que vão continuando "seguros no laboratório".
De facto, talvez FF tenha usado um raciocínio demasiado redutor e simplista para designar todo esse bando de "aves locais, vulgo abéculas", que vai ouvindo religiosamente e executando com inultrapassável religiosidade os ditames do FMI. Sendo Portugal um país de "capos", os exemplares a que FF se refere, jamais poderão ser assim, tão singela e incorrectamente definidos. Que ele me perdoe, já que as nossas estaturas serão incomparáveis, mas atrever-me-ei a sugerir-lhe que passe a utilizar uma expressão mais adequada, para designar, não a pirâmide formada por toda essa corja que vegeta no "laboratório" da nossa desgraçada infelicidade, mas o seu topo. Porque só nesse cume senil e pretensioso, nessa "esfíngica e egocêntrica figura", que obscenamente tem permitido a prossecução dos ensaios laboratoriais do FMI, está o mal de todos os nossos males:
IL CAPO DI TUTTI CAPI !!!...
Até breve
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Para a raíz da P... Q.. os P....!!!...
Há uma coisa que não terei necessidade de perguntar ao Tribunal Constitucional: se tenho ou não o direito de não pôr os pés nas próximas eleições autárquicas! Nesta condição e depois de ter sido aberta a jaula a todos os "dinossauros" deste país, não haverá nenhum menezes, seara ou ribau que me faça mover um único músculo das minhas cansadas pernas, no próximo dia 29 de Setembro!...
Vão todos para a raíz da P... Q.. os P.... !!!...
Até breve
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