segunda-feira, 30 de julho de 2012

Gramática única ?!...

Gostei muito deste artigo publicado em Aventar. É privilégio meu publicá-lo, porque reflectindo exactamente o que penso sobre a matéria, entendo-o como contribuição importante para esta luta que a lucidez e a dignidade hão-de vencer. Tomara que não demore muito, tamanha é a negativa influência que vai causando nos nossos filhos e netos. Pouco resta da nossa independência nesta globalização irreversível da economia. Se agora também nos tirarem o último pingo de dignidade que a Pátria de Pessoa significava...

Acordo Ortográfico: foi você que pediu uma gramática única?

30/07/2012  Por António Fernando Nabais

Se assim fosse, teríamos chegado à altura ideal para publicar uma gramática única. Imaginem que, para maior credibilidade do projecto, uma editora resolvia juntar um brasileiro e um português. É certo que a ortografia alegadamente unificada teria acabado com duplas grafias como adjectivo/adjetivo, facto que serviria para manter a harmonia entre os dois gramáticos.
O AO90, no entanto, manteve outras duplas grafias, como sinónimo/sinônimo, antónimo/antônimo, homónimas/homônimas ou muitas outras referentes a termos do âmbito do léxico. Chegados aqui, como iriam os nossos imaginários autores escrever um texto ortograficamente uno? O português deveria subjugar-se ao brasileiro, por este ser cidadão de uma potência económica? Deveria o brasileiro baixar a cerviz diante do português, devido ao facto de Portugal ser mais antigo? Deveriam lutar de punhos nus e a ortografia seria escolhida por knock-out?
Poderão dizer-me que qualquer uma das três propostas é absurda. Concordo, mas não é menos absurda do que andar a espalhar a ideia de que o AO90 criou a uniformização ortográfica, o que corresponde a um dos grande mitos urbanos da actualidade.

Até breve

segunda-feira, 23 de julho de 2012

AR, um antro de tráfico de influências !...




Este artigo de Sónia Sapage, no portal Ver, leva-nos ao confronto duro e puro com a realidade dos interesses instalados na Casa do Povo, a Assembleia da República, onde os deputados eleitos por esse mesmo povo, deveriam desenvolver exclusivamente acções que tivessem a ver com os interesses de quem os elegeu. O ponto de partida fixou-se na "bomba atómica" deflagrada por Paulo Morais, ao afirmar alto e bom som para a revista Visão, que "... O Parlamento português converteu-se no maior antro de tráfico de influências do País...".
Nem o mais pacífico e cordato cidadão português, terá a noção clara sobre todas as consequências que poderão advir do simples e despretensioso acto de cidadania, que representa colocar na urna, um pequerno papel dobrado em quatro, onde anteriormente inscreveu uma cruz no sítio onde julga estar competência, integridade de carácter e dedicação à causa pública.

Até breve

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os "diabinhos negros" e os crimes públicos !...


Passaram três dias que, em declarações à TVI24, o bispo das Forças Armadas, Januário Torgal Ferreira, acusou o Governo liderado por Passos Coelho de ser "profundamente corrupto" e comparou "alguns" ministros a "diabinhos negros", por oposição aos "anjos" que integraram o anterior Executivo.
Pressurosa a Conferência Espiscopal Portuguesa (CEP) através do seu porta-voz, padre Manuel Morujão, veio a público afirmar que as palavras do bispo haviam sido proferidas a "nível individual" e não expressavam o entendimento da CEP e muito menos da Igreja, não fosse algum diabinho - negro ou branco - tecê-las e entornar o caldo entre os poderes que, aparentemente, alguém pudesse supor que estavam em campos diferentes de batalha.
E também pressuroso veio o ministro que tutela o bispo, desafiá-lo a escolher entre a sua função de membro da Igreja ou a de comentador político. Como se o homem sendo padre, não possa ser cidadão. Este ministro, sendo Branco, não deixa de ser "diabinho... negro". Como todos os seus companheiros de "inferno". E lembrou este "angelical democrata ministro", Aguiar Hífen Branco, que o bispo deveria apresentar na PGR, "os factos que fundamentaram" as suas declarações, sobe pena de violar as regras da Igreja, a que deveria obedecer. Já não bastava exconjurar o bispo na vertente política e ameaçá-lo com o desemprego, o ministro Hífen, assumiu também o papel de advogado do diabo - Branco - sem que a Santa Madre lhe tivesse encomendado o sermão e, ao que consta, sendo jurista, atreveu-se a misturar as regras da Igreja com as da República. É mesmo um diabinho... negro!... 
Januário Torgal Ferreira, ao expressar o seu pensamento, conseguiu, porventura sem o imaginar, falar em nome de todo um povo, que pensa exactamente o mesmo. E sendo os crimes que denunciou do conhecimento de todo esse mesmo povo, são públicos. E sendo públicos, à face da lei, não precisam de ser apresentados e justificados na PGR, nem no mais humilde Tribunal. O senhor ministro Hífen, como licenciado em Direito, deveria saber isto. Ou também tirou o curso na Lusófona?!...
É público que este governo continua a permitir que Miguel Relvas dele faça parte. Logo é um governo corrupto.
É pública a capitalização dos bancos, sem contrapartidas. Logo o governo que a idealizou, permitiu e promoveu é corrupto.
É pública a privatização consumada - e outras pensadas - de empresas que davam lucro ao estado. Logo o governo que as promove em favor do benefício de meia dízia de privados e em prejuízo de um povo inteiro, é corrupto.
É público que o governo actual, ainda não tocou numa única PPP, cuja saga de implementação iniciou nos tempos da "esfíngica figura" que hoje decora Belém. Por isso, quando opta por atirar areia para os olhos de um povo inteiro, descarregando em exclusivo culpas que também lhe cabem, sobre o governo que o antecedeu, é corrupto.
É público que o corte dos subsídios que este governo decretou apenas sobre uma parte do funcionalismo público - a mais fraca - e pensionistas - com excepções - é ilegal e anti-constitucional. Ao fazer tábua rasa deste crime, o governo é corrupto. 
É publica a constatação de que as políticas prosseguidas por este governo, que determinam e promovem a maior carga de desemprego da nossa história, têm conduzido a um mercado selvagem de emprego, com evidentes benefícios para as forças que protege. Logo é um governo corrupto.
É pública a intenção deste governo, de destruir todo o nosso sistema público de ensino, com o objectivo de encher os bolsos aos agentes privados que no sitema já existem ou vem a caminho. Só os tolos não verão neste indicador de que o governo é corrupto.
É público o objectivo do governo actual, de aumentar de forma progressiva e selectiva os "nichos interessantes" dos negócios da saúde, destruindo metódicamente essas "áreas interessantes" no sistema público. Um governo que executa tal maquiavélica medida, é corrupto.
É publica a atitude do actual governo de não tocar, ou permitir que outros toquem, nas leis que tornam impossível em Portugal combater a corrupção. Logo é um governo marcadamente corrupto, indesmentívelmente corrupto e... assumidamente corrupto.
Januário Torgal Ferreira, não precisa de apresentar na PGR,  o extenso rol de crimes que todo o povo conhece. Deveria ser a prórpia PGR a entendê-los como crimes públicos e avançar na instrução do processo que só poderia resultar na condenação dos seus executores. Mas a parda figura que está no bico da pirâmide de tão obsoleta instituição, também parece ser "um diabinho negro"!...

Até breve











sexta-feira, 6 de julho de 2012

O que custa mais é a primeira vez!...


Pouco depois de Pedro Passos Coelho ter formado o governo que resultou do voto expresso pelos portugueses - consta que aumenta em cada dia o número de arrependidos! -,  o cândido ministro da Finanças ter-lhe-á sussurrado ao ouvido que a questão do défice e de outras exigências da Troika se resolveria de uma penada: com o corte total dos subsídios de férias e de Natal ao funcionalismo público e reformados, o país teria todos os seus problemas resolvidos.
Entretanto, alguém terá alertado o nosso imberbe primeiro, para a inconstitucionalidade da medida. Mas outros papas da papista medida, tê-lo-ão aconselhado a pedir um parecer a um "colégio de sábios" constitucionalistas. Claro que Passos, traumatizado por uma "opinião privada" - a opinião pública conta pouco para ele! - que lhe exigia severas medidas restritivas nos gastos, em vez de formar o "colégio" com gente de longínquas paragens e outros saberes, governou-se com a "prata da casa" e terá poupado uma "pipa de massa", tendo começado aí a baixar - ou a subir, consoante o prisma do observador - o défice. Não o das contas públicas, mas o défice do "homem de estado" que desde os tempos da "jota" sonhou ser.
E do "colégio de sábios" que terá constituído, irónicamente ou talvez não, o porta-estandarte terá sido um ilustre desconhecido, mas conhecido pelas progressões meteóricas que havia conseguido em todas as empresas  a que tinha metido "ombros" - o termo científico é esfenoedros -, terá vindo o parecer de que a constitucionalidade era um dado adquirido mas, mesmo que assim não fosse,  nada de mal desse facto resultaria, porque uma maioria não se reflecte apenas no parlamento. Passos Coelho terá, de boca aberta, pedido explicações ao porta-relvas, perdão, estandarte do colégio, ao que este respondeu: elementar, meu caro! E Passos, lembrado das cenas do detective do cachimbo que tinha lido na adolescência, compreendeu perfeitamente.
O ministro cândido, perdão, Vitor, esfregou as mãos de contente e meteu-as à obra. E o resultado foi aquele que se viu. Aos pobres nada lhes aconteceu. Aos ricos também não. No meio ficou o mexilhão a pagar as favas. Mas a vida continuou, porque do mexilhão não reza a história e o elementarismo de portas e relvas, perdão, do porta-relvas, perdão, do porta-estandarte, ia susurrando ao nosso primeiro, que fosse o que fosse que viesse a acontecer no TC, a grande parte daquela gente era de confiança, iriam andar séculos a encanar a perna à rã e, mesmo que algum dia viessem a decidir em contrário, seria manifestamente tarde para que alguma coisa pudesse ser alterada.
Mas na calma do pântano, alguém se precipitou e atirou uma pedra: o Tribunal Constitucional, estranhamente e com inusitada antecedência, veio mesmo a considerar inconstitucionais os cortes dos subsídiozinhos das férias e da quadra natalícia. Passos apavorado, terá ligado ao Relvas, perdão, ao Portas, perdão, não ligou nada, porque depois de voltar a ler com redobrada atenção o acordão, de repente se lembrou que o plano B já contemplava a escapatória: o estado não seria obrigado a devolver o dinheiro que já sacara e que, graças ao bendito acórdão, ainda seria possível ir buscar mais alguma grana aos privados. Não aos pobres, nem aos ricos, aos outros, aos outros. E, como assegurava o tal plano B elaborado pelo Relvas - bolas não peço mais perdão! - a culpa desta nova "desgraça" recairá, naturalmente, sobre os energúmenos que pediram a fiscalização da constitucionalidade e sobre aquelas araras do TC, que sempre estiveram feitos com o governo.
Sobrou-me para o fim o drama de Boliqueime. A "esfíngica figura", ainda preocupada com seu "defice dos gastos", a(s) sua(s) reforma(s) e com o seu mural do Facebook, à pedrada no charco e ao atropelo dos direito dos parvos dos portugueses que o elegeram disse: nada!... Ficou quieto e mudo, como quando lhe falam da vivenda do Algarve e dos amigos e negociatas do BPN e da sua ligação à antiga polícia política. Um dia destes, acordará bem disposto e virá dizer aos "papalvos" que o elegeram e não pertencem aos grupos que afanosamente andam a comprar tomates maduros para lhe atirar, na primeira vez que a sua segurança pessoal se descuidar,  que o que custa mais na sodomização, é a primeira vez. Depois, é como defecar...

Até breve