Passaram três dias que, em declarações à TVI24, o bispo das Forças Armadas, Januário Torgal Ferreira, acusou o Governo liderado por Passos Coelho de ser "profundamente corrupto" e comparou "alguns" ministros a "diabinhos negros", por oposição aos "anjos" que integraram o anterior Executivo.
Pressurosa a Conferência Espiscopal Portuguesa (CEP) através do seu porta-voz, padre Manuel Morujão, veio a público afirmar que as palavras do bispo haviam sido proferidas a "nível individual" e não expressavam o entendimento da CEP e muito menos da Igreja, não fosse algum diabinho - negro ou branco - tecê-las e entornar o caldo entre os poderes que, aparentemente, alguém pudesse supor que estavam em campos diferentes de batalha.
E também pressuroso veio o ministro que tutela o bispo, desafiá-lo a escolher entre a sua função de membro da Igreja ou a de comentador político. Como se o homem sendo padre, não possa ser cidadão. Este ministro, sendo Branco, não deixa de ser "diabinho... negro". Como todos os seus companheiros de "inferno". E lembrou este "angelical democrata ministro", Aguiar Hífen Branco, que o bispo deveria apresentar na PGR, "os factos que fundamentaram" as suas declarações, sobe pena de violar as regras da Igreja, a que deveria obedecer. Já não bastava exconjurar o bispo na vertente política e ameaçá-lo com o desemprego, o ministro Hífen, assumiu também o papel de advogado do diabo - Branco - sem que a Santa Madre lhe tivesse encomendado o sermão e, ao que consta, sendo jurista, atreveu-se a misturar as regras da Igreja com as da República. É mesmo um diabinho... negro!...
Januário Torgal Ferreira, ao expressar o seu pensamento, conseguiu, porventura sem o imaginar, falar em nome de todo um povo, que pensa exactamente o mesmo. E sendo os crimes que denunciou do conhecimento de todo esse mesmo povo, são públicos. E sendo públicos, à face da lei, não precisam de ser apresentados e justificados na PGR, nem no mais humilde Tribunal. O senhor ministro Hífen, como licenciado em Direito, deveria saber isto. Ou também tirou o curso na Lusófona?!...
É público que este governo continua a permitir que Miguel Relvas dele faça parte. Logo é um governo corrupto.
É pública a capitalização dos bancos, sem contrapartidas. Logo o governo que a idealizou, permitiu e promoveu é corrupto.
É pública a privatização consumada - e outras pensadas - de empresas que davam lucro ao estado. Logo o governo que as promove em favor do benefício de meia dízia de privados e em prejuízo de um povo inteiro, é corrupto.
É público que o governo actual, ainda não tocou numa única PPP, cuja saga de implementação iniciou nos tempos da "esfíngica figura" que hoje decora Belém. Por isso, quando opta por atirar areia para os olhos de um povo inteiro, descarregando em exclusivo culpas que também lhe cabem, sobre o governo que o antecedeu, é corrupto.
É público que o corte dos subsídios que este governo decretou apenas sobre uma parte do funcionalismo público - a mais fraca - e pensionistas - com excepções - é ilegal e anti-constitucional. Ao fazer tábua rasa deste crime, o governo é corrupto.
É publica a constatação de que as políticas prosseguidas por este governo, que determinam e promovem a maior carga de desemprego da nossa história, têm conduzido a um mercado selvagem de emprego, com evidentes benefícios para as forças que protege. Logo é um governo corrupto.
É pública a intenção deste governo, de destruir todo o nosso sistema público de ensino, com o objectivo de encher os bolsos aos agentes privados que no sitema já existem ou vem a caminho. Só os tolos não verão neste indicador de que o governo é corrupto.
É público o objectivo do governo actual, de aumentar de forma progressiva e selectiva os "nichos interessantes" dos negócios da saúde, destruindo metódicamente essas "áreas interessantes" no sistema público. Um governo que executa tal maquiavélica medida, é corrupto.
É publica a atitude do actual governo de não tocar, ou permitir que outros toquem, nas leis que tornam impossível em Portugal combater a corrupção. Logo é um governo marcadamente corrupto, indesmentívelmente corrupto e... assumidamente corrupto.
Januário Torgal Ferreira, não precisa de apresentar na PGR, o extenso rol de crimes que todo o povo conhece. Deveria ser a prórpia PGR a entendê-los como crimes públicos e avançar na instrução do processo que só poderia resultar na condenação dos seus executores. Mas a parda figura que está no bico da pirâmide de tão obsoleta instituição, também parece ser "um diabinho negro"!...
Até breve