Prioridade absoluta
1. Depois de ter condenado a invasão do Iraque pelos Estados Unidos - que criou a anarquia política de que o país jamais recuperou -, também não apoiei a intervenção euro-americana na Síria e na Líbia, porque temia o mesmo resultado, como infelizmente se veio a verificar. Sempre me pareceu óbvio que entre regimes autoritários que mantinham a segurança e a paz civil entre diferentes etnias e religiões e a desestruturação desses Estados, criando o caos político e a guerra civil e religiosa, a opção não podia ser a favor da segunda alternativa.
2. Infelizmente, alguns países europeus resolveram repetir uma década depois na Síria e no Líbia a ilusão "neocon" no Iraque de usar a intervenção externa para mudar regimes e instaurar pela força uma mirífica democracia naqueles países. O trágico resultado foi a criação do Estado Islâmico e o cortejo de horrores que culminou na horripilante chacina de Paris.
É altura de os Estados Unidos e os países europeus assumirem a opção que a Rússia não tardou a perceber, ou seja, que a prioridade absoluta tem de ser a destruição da barbárie que é o Estado Islâmico (como há meses venho a defender nesta tribuna) e que não faz sentido, nas actuais circunstâncias, continuar a enfraquecer a capacidade do Estado sírio para recuperar o controlo do seu território.
Entre Damasco e Rakka, entre um moderado autoritarismo laico e uma totalitária e assassina teocracia islâmica (e não há outra alternativa, como se provou), não tenho dúvidas.»
Já Ramalho Eanes, ainda há bem pouco tempo, defendeu uma urgente e imediata acção concertada e coordenada da Rússia, Estados Unidos, China e Europa, no sentido da liquidação do DAESH!...
Por quanto tempo mais assistiremos à hipocrisia de uma boa parte dos grandes líderes mundiais?!...
Até breve
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