terça-feira, 27 de outubro de 2015

O mandato de Cavaco vai acabar por acabar como tem de acabar... ACABANDO!...


Longa vida ao camarada Cavaco!


«Cavaco Silva cometeu um óbvio erro político ao deixar transparecer puro ódio ao PCP e ao Bloco de Esquerda no discurso de indigitação de Passos Coelho. Não, não estou a falar apenas da consequência directa da tentativa presidencial de ostracização de quase um milhão de votos dos portugueses e que foi o reforço da convicção com que a esquerda tenta chegar a um acordo que viabilize na Assembleia da República um novo governo.

Falo do óbvio erro de Cavaco Silva, para os seus interesses políticos e partidários, em não ter nomeado quinta-feira, como a esquerda pedia, António Costa primeiro-ministro para evitar a "perda de tempo" de Passos Coelho ir daqui a uns dias, com uma dúzia de ministros de curto prazo, ser derrubado no Parlamento.

Se Cavaco tivesse acedido positivamente ao apelo da esquerda, empossando directamente o líder do segundo partido mais votado nas eleições de 4 de Outubro, sem antes ter indigitado o líder do partido vencedor, teria legitimado a ideia de que em situações de maioria relativa o poder do Presidente da República de nomear um chefe de governo passava a ser coisa mais ou menos arbitrária, com a Assembleia a servir de mero acessório promulgador.

Este reforço artificial dos poderes presidenciais, caucionado pela esquerda e combinado pelo efectivo poder discricionário que o Presidente já tem para derrubar governos, seria uma consequência a longo prazo da reivindicação de Costa, Jerónimo e Catarina bem mais grave do que o eventual entendimento na opinião pública de que a possível chegada socialista à liderança do governo fora obtida através de um "golpe de secretaria", coisa que o tempo, se houvesse, acabaria por esbater.

Só posso, portanto, agradecer ao presidente Cavaco Silva ter prestado este relevante serviço à esquerda portuguesa, ainda por cima dando--lhe tempo para limar arestas nas negociações entre os três partidos.

O Presidente ajudou ainda a esquerda ao deixar transparecer a ideia de que preferia nomear um governo de gestão a ter comunistas e bloquistas a apoiar um governo PS... O espanto foi tal que até António Barreto, campeão intelectual do anticomunismo, anunciador, aqui no DN, da chegada do inferno na terra com a aliança PS/BE/PCP, acabou a escrever que tal intenção de Cavaco seria ainda pior que o seu pior temor...

Finalmente, julgo que para Cavaco acabar o seu serviço à esquerda deveria realmente recusar dar posse a António Costa e obrigar Passos Coelho a ficar em governo de gestão durante oito meses: nas eleições seguintes a direita ficava reduzida a pó... Força, força camarada Cavaco!»
(Pedro Tadeu, Opinião, DN em 27.10.2015)

A sorte da "múmia" deriva da indisponibilidade de Liberato, afadigado com a sobrecarregada agenda de "protocois inadiáveis" que terá de programar neste já curto "desarmar da feira"! De outro modo, esta crónica de opinião de Pedro Tadeu não lhe passaria despercebida e quando colocasse sobre o tampo da mesa presidencial, convenientemente emoldurado com o presumível "halo laranja" de um qualquer feltro marcador barato, o remate/repto do jornalista do DN, "Força, força camarada Cavaco", a desgraçada "esfíngica figura" poderia muito bem ser vítima de fulminante apoplexia, que aliás já não seria virgem... Assim, tudo está bem quando acaba bem! 

E o mandato de Cavaco vai acabar por acabar como tem de acabar... ACABANDO!...

Até breve

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