A golpada
«Parece que há sectores trauliteiros da direita que querem levar o Presidente da República a negar-se a nomear um eventual governo de frente esquerda depois da provável rejeição parlamentar de um novo governo da coligação PSD-CDS, mantendo depois este como "governo de gestão" até que haja possibilidade de dissolução da AR e de convocação de novas eleições pelo futuro PR.(LINK)
Decididamente, há sectores da direita que nunca abandonam a sua vocação golpista. Só que esta golpada não tem pés para andar. Primeiro, não havendo outra alterativa de governo nem possibilidade imediata de convocar novas eleições, o PR tem uma obrigação constitucional de chamar a formar governo o líder do segundo partido mais representado na AR e de nomear o governo que este lhe proponha. Segundo, Cavaco Silva, que é um institucionalista, não pode permitir-se incorrer num abuso de poder dessa gravidade, mantendo em funções um governo rejeitado pela AR, assim pondo em causa o regular funcionamento das instituições que ele próprio tem a obrigação constitucional de garantir. Terceiro, manter em funções durante mais de oito meses um "governo de gestão", com poderes muito limitados, deixaria o País em pantanas. Por último, deixar essa batata quente para o próximo PR seria envenenar dramaticamente as próximas eleições presidenciais.
Parece óbvio que na direita há gente de cabeça perdida! O líder do PSD tem o dever de esfriar essas cabeças tontas e o PR o dever de varrer preventivamente essa testada.
(Vital Moreira, Causa Nossa)
No meu reservado círculo de amigos coexistem, quase sempre pacificamente, várias tendências políticas. E muito naturalmente, esta importante questão que começa a colocar-se no horizonte cada dia com mais acuidade, tem sido discutida entre nós.
Recordando um texto de Vital Moreira que em tempos havia lido sobre esta matéria, já por diversas vezes defendi a tese que hoje este constitucionalista prestigiado apresenta no blog Causa Nossa. E fui obrigado de todas as vezes a meter a viola no saco, vencido mas não convencido pela argumentação "presumida de irrefutável" apresentada por alguns dos meus amigos, na certeza e esperança, de que o tempo me viria a dar razão.
Vital Moreira quis antecipar-se, não fosse o diabo tecê-las e a tese assanhadamente defendida por alguns "sectores trauliteiros da direita", de tantas vezes repetida, viesse a transformar-se em verdade.
Mais claro que a água: Passos e Portas, depois do baile de Costa, parece que "dançarão mesmo", pese embora a esfíngica música!...
Até breve
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