Constitucionalista Jorge Reis Novais defende que "Portugal não está em condições de brincar aos governos" e que só a esquerda pode garantir maioria no Parlamento.
«Se Passos Coelho chegar a Belém e disser que está disposto a formar governo mesmo sem dispor de apoio parlamentar maioritário, o Presidente pode dar-lhe posse?
Pode indigitá-lo, o governo toma posse, Passos Coelho faz contactos, convida os ministros, tem essas discussões todas. Agora, se antes de tudo isso, o Presidente já souber que esse governo vai chumbar na Assembleia, qual é que era o interesse em andarmos a brincar à formação de governos? Imagine o que é Passos Coelho estar a convidar pessoas "Olhe, quer vir para a Justiça, quer vir para a Administração Interna? Qual é o secretário de Estado que propõe?"... É brincar aos governos, sabendo que a seguir se senta na Assembleia e vai ser reprovado. Tudo isto partindo do pressuposto que ao Presidente aparecem as outras três forças a dizer que têm uma solução de governo e que rejeitarão qualquer outra. Se não fizerem isso, o normal é o Presidente indigitar Passos Coelho e ele formar governo, o governo é nomeado, tem dez dias para se apresentar na Assembleia e depois haverá a apresentação de moções de rejeição e logo se vê. Se PS, BE e PCP tiverem uma solução de governo, pode não agradar ao Presidente, mas é uma questão de dias: mais tarde ou mais cedo vai ter de optar por ela. Portugal não está em condições de brincar aos governos.
Mas o Presidente só deve avançar para o segundo partido mais votado (PS) depois de tentar um executivo liderado pela força que ganhou as eleições (PaF)?
Pode ser perda de tempo. Se ele não souber qual vai ser o comportamento dos partidos, tudo bem, compreende-se. Isto é, se PS, BE e PCP não disserem exatamente, com plena certeza, o que vão fazer na Assembleia, compreende-se que dê posse a um governo minoritário PSD-CDS. Agora, se antes os três partidos lhe disserem "olhe, é escusado estar a nomear PSD-CDS porque nós reprovamos e o governo não vai governar", aí qual era o interesse para o país de estar a perder tempo com isso?
(DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 15 de Outubro 2015)
Como cidadão eleitor e votante de esquerda, fui um dos 2.298.993 portugueses derrotados e frustrados, na noite de 5 de Junho de 2011, ante a vitória das forças políticas a quem 2.713.729 de portugueses deram o seu voto. Uma maioria de 414.736 portugueses, foi soberana!...
A Direita com 132 deputados tomou então o poder, ante uma Esquerda com 98 deputados e ao longo de mais de quatro anos, deixou um pais de rastos, com 450 mil emigrantes, cerca de um milhão de desempregados, quase dois milhões de portugueses no limiar da pobreza, uma divida astronómica que se aproxima rapidamente de 140% do PIB, um deficit real superior a 5% na melhor das hipóteses, um crescimento negativo que ultrapassará os 4% e depois de vender ao desbarato o pouco que restava nas mãos do Estado. Funcionou a Democracia, porque sendo um sistema imperfeito, a Humanidade ainda não soube ou não foi capaz de criar outro melhor.
A 4 de Outubro de 2015, o mesmo cidadão eleitor e votante de esquerda, foi um dos 2.919.697 portugueses que permitiram que a Esquerda com 123 deputados, alcançasse a tão desejada vitória sobre uma Direita com 107 deputados, alicerçada no voto de apenas 2.074.980 portugueses. Uma maioria de 844.717 portugueses, mais do dobro da diferença de 2011, também terá de ser... DEMOCRATICAMENTE SOBERANA!...
Naturalmente, a Democracia, esse sistema imperfeito, terá de voltar a funcionar, para alegria e esperança de uns e o desalento, frustração e mau perder de outros!...
A Humanidade ainda não soube ou não foi capaz de criar um sistema político melhor!...
Até breve
Caro Álamo, não foram os políticos e a politica seria maravilhosa. Eu acrescentaria - nos sistemas partidário e parlamentar sobra em políticos o que falta em humanidade.
ResponderEliminarAguardemos a decisão da esfingica figura.
Esqueceu-se de uma parte da história, aquela em que a esquerda nos deixou de mão estendida...
ResponderEliminarEssa coisa, desusada, de ideologias, já não faz sentido. As pessoas/políticos é que fazem sentido: governam ou governam-se.
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