segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O insustentável peso da utopia!...


Já consegui baixar à Terra, depois de morrer mais uma vez! Já é um lugar comum na minha vida esta sensação de morte, pelo menos deste ideal, desta utopia que me tem habitado selvaticamente a mente de há quarenta e um anos a esta parte...

De novo aturdido,  silenciado, amarfanhado, alienado, decepcionado, esquecido talvez mas, quiçá ainda não exterminado, apesar de farto!...

Sim, farto, porque desde que me lembro de ver este "povo-menino", este "povo-criança" a aprender a sorrir e a balbuciar a medo a palavra Liberdade, que me encheram os ouvidos de um "Portugal patriótico e de esquerda", a que se vieram mais recentemente juntar em bloco, um coro de protestos em nome dos "desgraçadinhos indefesos", vulgo trabalhadores, pensionistas e reformados!...

Estou farto de ver este povo a que pertenço e que continua "menino e criança", a desbaratar a única força que lhe resta para dar força a uma voz que acaba sempre por se perder nos corredores de interesses, que terão tudo o que possa ser imaginado, tudo aquilo que lhe queiram chamar, menos de "patriótico e de esquerda"!...

Que patriotismo e que esquerda existem quando uma força de Direita, inferior a 40% dos representantes de um povo, que governa despoticamente ao longo de toda uma legislatura, se prepara para voltar ao poder, enquanto uma outra força, de Esquerda, superior a 60%, massaja egoísta e estupidamente os seus umbigos com azeite?! Como é possível acontecer o que está a acontecer em Portugal?!...

Como é possível que o pior Presidente da República da história da nossa jovem democracia, que enquanto as sondagens apontavam o Partido Socialista como provável vencedor das eleições foi repetindo com ênfase, dedo estendido e sobrolho carregado, que jamais viabilizaria um governo minoritário e agora se apreste para o fazer com a Coligação de Direita?!...

Como é possível que o líder do Partido Socialista, depois de uma campanha eleitoral inteira a proclamar a inviabilização da política de direita perseguida pela Coligação de Direita ao longo dos últimos quatro anos, se proponha agora sem pruridos, sem vergonha e faltando aos compromissos assumidos com o seu eleitorado, enterrar a cabeça na areia e viabilizar um governo que claramente havia declarado proscrito e inexequível, desprezando liminarmente qualquer hipótese de entendimento com as forças que lhe estarão sempre e naturalmente mais próximas no espectro político e ideológico?!...

Como é possível que para o Bloco de Esquerda e Partido Comunista, seja mais fácil fazer passar o camelo do seu proclamado inimigo, a Coligação de Direita, pelo buraco da agulha, acenando demagogicamente, sempre demagogicamente, com o folclórico, sempre e apenas folclórico, episódio de rejeição,inviabilizando qualquer plataforma de entendimento com o Partido Socialista através de estultas declarações de intenções que apenas visam torná-lo refém da por demais conhecida, comprovada e inexorável inexiquibildade dos seus utópicos projectos políticos, perante a realidade inultrapassável e incontornável no curto e médio prazo, de o país pertencer à União Europeia e à Zona Euro?!...

Creio ter chegado a hora de dizer basta a mim próprio...

Já não aguento mais sobre os meus ombros, este insustentável peso da utopia!...

Até breve

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