Ainda não consegui concluir com segurança suficiente, se foi da recente vaga de calor, se da idiota palhaçada também recente da maioria ou se terá sido até consequência da mais recente ainda, última aparição da múmia aos três pastorinhos. O que me parece evidente é que PCP e BE avançaram com propostas de encontros, no sentido, supõe-se, de lançar as bases, com o PS, para a construção de uma programa comum de esquerda em Portugal.
A vaga de calor já era, mas nada garante que não volte um dia destes. Os palhaços da maioria esconderam momentaneamente os adereços, mas a breve trecho hão-de vasculhar de novo no baú dos arrumos e voltarão a enfarpelar-se. Está-lhes no sangue, nada haverá a fazer. Quanto à "esfíngica criatura", só no cataclismo de uma demissão improvável ou na longa espera da fase terminal do um mandato que, para mal dos nossos pecados ainda vem distante, estaria a solução, pelo que melhor será não pensarmos no que poderia ser mas, decididamente, não é.
A "parôla" estratégia cavaquista, na hora aplaudida pelos mais do que evidentes beneficiários, visaria salvar da guilhotina eleitoral a escangalhada, incompetente e nefasta maioria e arrastar também para o cadafalso o inseguro PS. E isso teria naturalmente acontecido, não fora ter entrado, ao que parece e oxalá tenha acontecido, de repente um raio de luz através das janelas do imenso casarão do Rato. E a Alberto Martins foi entregue uma extensa vara de equilíbrio e colocada sobre os seus ombros a difícil missão de ensaiar os primeiros passos, sem pressas de alguma vez chegar ao fim, o longo cabo estabelecido pela múmia, entre Belém e o Largo.
Vai ser curioso, empolgante e entediante, apreciar o número de sagaz equilíbrio acrobático de Alberto Martins. Curioso para todos aqueles que de boletim de voto antecipadamente em riste, aguardarão, suspensos, os avanços e recuos que necessariamente protagonizará, apenas preocupado em, de vara na mão, conseguir a anulação da estratégia da esfinge, sem nunca chegar a Belém e ficando o mais próximo possível de casa. Empolgante para os que, em silêncio, da casa da partida lhe apreciarão a acrobacia, sem pressas e apenas rezando pelo seu equilíbrio, enquanto vão ensaiando já o próximo número do espectáculo. Entediante para os que do lado da maioria - governo e presidente - só demasiado tarde levantarem o cu das bancadas, com a certeza de que "nem o pai vem, nem a gente almoça"!...
Entrada a direita em histeria, as contas serão fáceis de fazer: o PCP e o BE até poderão, com mais ou menos dificuldade, obter o segundo resultado eleitoral nas próximas eleições, atirando o PSD para o velório da Basílica da Estrela, com Passos Coelho ao volante do carro de cangalheiro e, "last but not least", será no PS que se concentrarão os votos dos que estão fartos de troika e da concomitante austeridade. Naturalmente. Não alinhando Seguro na estratégia cavaquista e encanando a perna à rã na prossecução da disfarçada mas desejada coligação de direita, será mais do que evidente que será tão fácil como limpar o rabinho a um bébé.
E de regresso ao princípio, faltará aquilo a que, desde a "revolução dos cravos", estúpida e incompreensivelmente - ou talvez não! -, o povo português ainda não teve o privilégio de assistir: ao lançamento das bases para a construção de um programa comum de esquerda em Portugal! Será desta ?!...
Até breve
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