Segundo o que a agência LUSA terá apurado e recentemente divulgou, existirão duas correntes de pensamento dentro da direcção da bancada parlamentar socialista, sobre a resolução que o partido deverá tomar no que concerne à eleição dos novos cinco conselheiros de estado que cabe à AR designar.
Ambas defendem a quebra da tradição da aplicação do método de Hondt aos resultados eleitorais, que atribuiria 3 deputados à coligação PàF e 2 ao PS, defendendo que o método deverá ser aplicado à actual correlação de forças que, no Parlamento, permitiu ao PS formar Governo, ou seja, à Esquerda caberão 3 deputados, enquanto a Direita terá de se contentar com 2 deputados apenas. A Direita estrebuchará como Cavaco Silva estrebuchou, mas seguramente que a aritmética parlamentar voltará a impôr a sua lei, sem que o PS tenha de pedir a mão a ninguém. É a vida e a Direita terá de se ir habituando!...
Mas o que verdadeiramente importará analisar, resulta da dificuldade de harmonizar cada uma das diferentes correntes de pensamento existentes na direcção parlamentar socialista, sobre a distribuição dos 3 lugares que a Esquerda terá de indicar para o Conselho de Estado, a saber:
1 - Uma corrente, aparentemente maioritária, defenderá que deve caber ao PS a indicação de dois nomes socialistas, resultando daí que o terceiro nome deverá ser alvo de consenso entre BdE e PCP.
2 - A outra corrente, mais sensível ao acordo e compromissos políticos que viabilizaram o Governo PS, encara como justa e natural a possibilidade de o segundo e terceiro nomes serem respectivamente preenchidos pelo BdE e pelo PCP, mesmo que isso possa ser entendido como uma cedência do PS, que acabaria por abdicar de um lugar no Conselho de Estado, mas ao mesmo tempo contribuiria para reforçar o clima de confiança entre as bancadas de esquerda.
Ora eu, aqui do meu canto e pese embora a minha opinião valer tanto como um grão de areia no deserto do Saara, não me é difícil de imaginar nos defensores da primeira corrente, sementes do cepticismo recalcado de Assis e quejandos, que António Costa foi deixando pelo caminho neste complexo processo de aproximação da Esquerda, mas que ainda estarão vivas e latentes aguardando apenas as melhores condições para germinarem.
Já na segunda corrente, vejo a verticalidade, a integridade, a solidariedade e a defesa de valores que deveriam ser parte integrante e inalienável de um grande partido de Esquerda, tal como entendo o PS deveria ser mas, infelizmente, nunca foi, não é e não sei se alguma vez será.
Parecem esquecer os socialistas que constituem aquela primeira corrente, que não adjectivarei porque nesta hora difícil a minha responsabilidade de cidadão de esquerda mo impede, que foram as forças partidárias - BdE, PCP e PEV - a quem agora lançam o cínico anátema do consenso para definir o terceiro nome, as responsáveis pela colocação de dois conselheiros socialistas que farão parte, por inerência, do futuro Conselho de Estado: o Presidente da AR, Ferro Rodrigues e o Primeiro-Ministro, António Costa. Afinal, não estará o Partido Socialista antecipadamente ressarcido do conselheiro de que agora deverá abdicar?!...
A este cidadão independente, socialista, republicano e laico que sou, quer-me parecer que de novo António Costa deverá, necessária e urgentemente, suspender pelo tempo que entender necessário, a ciclópica tarefa de que foi investido, e voltar ao seio do seu grupo parlamentar na "Casa da Democracia", para a todos pregar, qual Padre António Vieira...
"O Sermão de Santo António aos peixes"!...
Até breve
Sem comentários:
Enviar um comentário