Greves, sim, desde que não chateiem o país inteiro
«Este é um momento comovente. Gastei tanto latim ao longo dos anos a propósito de greves, dos seus abusos e da necessidade de haver mais equilíbrio entre a reivindicação dos direitos dos trabalhadores e o impacto que as paralisações têm nos pobres utentes que precisam de ir para o emprego ou fazer uma cirurgia pela qual aguardam há anos. Falei tanto da necessidade de repensar a abrangência da greve no funcionalismo público, dado o desequilíbrio evidente de forças entre quem reclama e quem sofre na pele os seus efeitos, na medida em que o Estado nunca vai à falência e o funcionário público nunca corre o risco de perder o emprego. Falei tantas, tantas vezes disto, sem grande apoio da direita e com muita ira da esquerda – e agora, finalmente, eis a maior parte dos portugueses do meu lado. Um depósito vazio faz milagres.»
Esta greve terá vindo provar, ser demasiado redutora a "necessidade de repensar a abrangência da greve no funcionalismo público". O que haverá que repensar, com urgência e eficácia, será a abrangência de todas as greves que, alegadamente, possam de algum modo ultrapassar o restrito âmbito das partes beligerantes e afectar, comprovadamente, os interesses da grande maioria da sociedade que somos, alheia, quase sempre, a esses diferendos e inexoravelmente arrastada e afectada para as vicissitudes que determinam.
Que não se esteja à espera que os depósitos ou os estômagos vazios e um povo sem saúde, paz, tranquilidade e tantos outros bens essenciais, façam milagres. Os milagres não existem, antes existirão circunstâncias e consequências. E deverão ser essas a ser seriamente reflectidas por quem, nos locais próprios, está incumbido dessa imperiosa missão, em prol do bem comum, do bem de todos nós.
E esta nunca será uma questão de direita ou de esquerda...
Apenas uma questão de honestidade!...
Até breve
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