segunda-feira, 27 de maio de 2019

A GERINGONÇA!!!...


Uma lição para a Europa

Salvo melhor opinião e com o devido respeito, nunca tive dúvidas de que a palavra mágica terá sido inventada  vai para quatro anos! Cunhada. Registada a patente e lavrados os autos respectivos. A palavra?! GERINGONÇA, simplesmente!... E longe de mim a ideia de me estar a referir a Vasco Pulido Valente, que parece ter sido o primeiro a falar em geringonça no meio de um qualquer tema que já nem recordo. Muito menos a Paulo Portas, como sempre 'rato e fino como um alho' e sempre oportunista que, sobre o governo que em 2015 então se preparava, pretendeu e até terá conseguido baralhar os espíritos e impôr a sua paternidade, na casa da nossa democracia, ainda bem insipiente por sinal e que, infelizmente, assim parece continuar 'ad eternum'. Isso foram só conversetas, tretas, lérias, palheta. Refiro-me ao pai, não a qualquer pretenso ou putativo progenitor, mas ao verdadeiro autor da coisa geringonça: ANTÓNIO COSTA.

Naquela 'terrível' noite das últimas legislativas, quase todos terão concordado com o facto notório: o PS fora derrotado! O que vinha, aliás, na esteira da campanha menos conseguida do partido. Dessa derrota, lida correctamente por quem ainda entende alguma coisa da tradição nacional - comunistas e bloquistas seriam, liminar e exclusivamente, para protestar, nunca para governar -, Costa fez, afinal, uma vitória tão legítima, quanto surpreendente e retumbante. Mas, aquilo que acabou baptizado como geringonça, mais justamente deveria ter sido chamado de "ovo de Colombo". Estava na cara que, partindo a casca da repugnância do BE e do PCP, era possível criar um germe, um princípio, uma célula reprodutora - um ovo, enfim - para depois o colocar, inteligentemente, de pé. Mas, lá está, ninguém se lembrara antes... O líder socialista propôs à outra esquerda um acordo e teve 'arte e engenho' para a convencer. E, pelos vistos, tanto o que aconteceu ao longo dos últimos quatro anos, quanto os resultados destas europeias de agora, o metem pelos olhos dentro a toda a gente, os portugueses gostaram.

Desta vez, europeias 2019, António Costa - um vencedor nunca altera a táctica que o leva à vitória! -, voltou a lançar uma campanha algo básica ou mesmo trapalhona. Tanto na escolha como cabeça-de-lista de Pedro Marques, que não seria o melhor retrato nem possuiria o melhor discurso para se impôr em tão pouco tempo, quanto na adopção de uma 'novíssima' estratégia europeísta que o povo, tão claro como a água, ainda não se mostra capaz de entender e que Pedro Nuno Santos se viu na necessidade de refrear e, cautelosamente, denunciar os perigos e enunciar alternativas.

Uma parte significativa do PS parece ter tremido no arranque destas europeias. Mas Costa, provavelmente o político português que, na actualidade, revelará maior sensibilidade e conhecimento do país profundo que somos, embora arregaçando as mangas numa campanha difícil, não alterou um milímetro ao rumo escolhido: no respeito absoluto pelo slogan que os responsáveis pelo turismo português há muito consagraram, continuou a "ir para fora, mas cá dentro"! E, com a sorte dos audazes, antecipando e beneficiando dos tiros nos pés da direita mais retrógrada da Europa, de que a estúpida tolice dos rectroativos dos professores terá constituído o melhor exemplo, acabou por assistir, neste domingo eleitoral e europeu, de cadeirinha e a caminho de completar esta singular legislatura,  à maior hecatombe de sempre de uma direita que nunca lhe perdoou nem jamais perdoará a desfaçatez do seu permanente sorriso de comiseração, ao cavar de um surpreendente fosso de mais de 11% para o seu mais directo adversário e ao consolidar inequívoco das forças que ousaram conceder-lhe o apoio na geringonça, essa coisa por tantos julgada como fantasiosa.

Sem permitir sequer, dentro dos nossos modestos limites geográficos, a mais pequena veleidade ao ranço de uma extrema-direita que parece recrudescer por essa Europa fora, o povo português disse ontem, inequivocamente, que se prepara para dentro de poucos meses dar um aval ainda mais forte e peremptório aos soberbos e convincentes resultados da geringonça de António Costa.

Caramba, é tempo de, sem vergonha, nos orgulharmos da nossa capacidade de construir, dentro  da paleta que o nosso povo começa cada vez mais e melhor, a saber escolher para o representar, um modelo de governação que a Europa, necessária e obrigatoriamente, terá de começar a olhar com mais atenção e respeito.

Olhemos para o continente inteiro e demo-nos conta da formidável herança democrática que Portugal, um país humilde e pobre, está a oferecer...

E paremos de nos lamentar! Fomos capazes da épica saga dos Descobrimentos e, hoje por hoje, oferecemos à Europa, de mão beijada...

A GERINGONÇA!!!...

Até breve

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