Sopram de França ventos de decepção:
chegam-nos notícias de que Hollande terá conseguido a mais baixa popularidade
de sempre de um presidente francês, enquanto Marine Le Pen começa a constituir
algo mais que ameaça, para os franceses e para a Europa. As reticências sobre a
capacidade de François Hollande para fazer melhor que Sarkozy, sabe-se hoje,
tinham absoluta razão de ser. E aí o temos, em vez de constituir a resposta às
esperanças francesas e não só, escorregou para uma conduta contrária às linhas
programáticas que apresentou em campanha e estará a conduzir a França para uma
austeridade primária, num ataque inimaginável dos socialistas ao Estado Social
e ao modelo social europeu.
Ironicamente, Marine Le Pen, sem se fazer
rogada, apropriou-se da agenda social da esquerda e comanda a oposição popular
à política de Hollande, condimentando-a com os sedimentados conceitos xenófobos
e homofóbicos. Enquanto o “bloco de esquerda” – Front de Gauche - gaulês,
agarrado aos dogmas comunistas e ao extremismo radical de esquerda, discute o
sexo dos seus anjos.
É arrepiante assistir à convergência dos
processos socialistas entre França e Portugal. Com alguns anos de atraso, os
socialistas portugueses continuam a não aprender nada com os erros cometidos
pelos seus congéneres europeus. Nem as barbas aprenderam a pôr de molho.
Com a DOIKA no horizonte, vai subindo o nível
das águas da mentira, da demagogia e da
incompetência ultraliberal. O buraco vai sendo escavado em cada dia desta
indigna vivência de um povo, convenientemente camuflado de cada vez que o Sol
se põe, para que os telejornais nos mostrem flores e ramos verdes.
Tudo serve para glorificar a acção do
(des)governo ultraliberal. Até a Irlanda, é hoje apontada como modelo a seguir,
como se Portugal alguma vez tivesse corpo para vestir a apertada camisa de
forças que os irlandeses vão envergar. Como se alguma vez por cá tivessem sido
sequer imitados os trabalhos de casa que os irlandeses foram fazendo ao longo
de três anos. Como se nós alguma vez possamos ter acesso aos mercados, nas
condições em que eles o farão.
E o tempo há-de passar e nós continuaremos
a deixar que nos ouvidos nos entre o ronronar deste maquiavélico felino,
adormecidos, anestesiados, cansados, inertes… E virá o dia em que escolheremos
o nosso Hollande. Tão impreparado, sem carisma, sem convicções e sem programa
como o outro. Tão mole, hesitante e fraco como o decepcionante francês. E um
dia concluiremos, ou as sondagens o anteciparão por nós, que também ele será
uma decepção.
Pergunto quase todos os dias a mim
próprio, qual o elixir, o milagre capaz de impedir este nosso quase incontornável
e sempre anunciado fado?! E nem o vento me traz a resposta. Há longo tempo que já
ninguém acredita nesta Direita estúpida, retrógrada e corrupta. Da Esquerda, daquela
esquerda que poderia ser solução, ponto de partida, estímulo e equilíbrio, nem
uma agulha bulia na sua quieta melancolia. Dos socialistas, o que poderemos esperar?!
Seguramente, ninguém sabe! Como os franceses com Hollande, também não
sabiam!...
A esperança, a minha e a de muitos portugueses, é que Seguro encontre uma boina nova. Com uma estrelinha que o guie, ou então um "caralhinho que o foda"!...
Até breve
P.S. - Dedicado, com a ternura de sempre, à minha grande amiga Lena Costa.
P.S. - Dedicado, com a ternura de sempre, à minha grande amiga Lena Costa.
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