Nada me envergonha, antes muito me orgulha, este meu jeito de estar de acordo com a inteligência, a modernidade, a lucidez e o humanismo que imanam de mentes sãs de mulheres e homens da minha geração que tiveram o privilégio - terá sido desdita?! - de nascerem neste pequeno torrão onde também vim ao mundo.
Daniel Oliveira, sendo algo mais novo que eu, é no entanto, o exemplo modelar da gente que aprecio e aplaudo e que me orgulho de acompanhar, nesta finita viagem para a qual nenhum comprou bilhete, mas que todos tentamos cumprir com dignidade. Não me canso de exaltar a sua honestidade intelectual, o seu humanismo, a sua solidariedade, a sua visão crítica da podridão que nos envolve e nos governa. Deixo-vos aqui, mais um dos seus sublimes pensamentos que publicou, porque cada vez se torna mais importante e urgente compreendermos aquilo que nos rodeia a todos:
Se souber de um caso de "pedofilia" fale com um polícia, não com um bispo
Depois de serem públicas as acusações ao vice-reitor do Seminário do Fundão, Catalina Pestana falou à comunicação social da existência de pelo menos cinco padres em Lisboa responsáveis por abusos sexuais de menores. Disse que há muito tinha denunciado os casos à hierarquia da Igreja. Ela e o psiquiatra Álvaro de Carvalho teriam dirigido, em 2010, uma carta a José Policarpo e a Jorge Ortiga. Terão proposto aos dois "uma conversa discreta".
Se souber de um caso de "pedofilia" fale com um polícia, não com um bispo
Depois de serem públicas as acusações ao vice-reitor do Seminário do Fundão, Catalina Pestana falou à comunicação social da existência de pelo menos cinco padres em Lisboa responsáveis por abusos sexuais de menores. Disse que há muito tinha denunciado os casos à hierarquia da Igreja. Ela e o psiquiatra Álvaro de Carvalho teriam dirigido, em 2010, uma carta a José Policarpo e a Jorge Ortiga. Terão proposto aos dois "uma conversa discreta".
José Policarpo negou que alguma vez tenha sido informado e o bispo de Braga apenas confirmou que a ex-provedora da Casa Pia lhe falara genericamente da existência de "pedofilia" na Igreja, sem especificar qualquer caso. "Disse-lhe claramente que, se tivesse casos concretos, os denunciasse, os apresentasse aos bispos locais", garantiu Jorge Ortiga. E concluiu: "Tive oportunidade de lhes dizer que a Igreja cuidou e cuidará deste caso com a serenidade e com a responsabilidade que a gravidade dos problemas em si exige". Numa das denúncias apresentadas, apenas na semana passada, por Catalina Pestana ao DIAP, em que está envolvido um padre no activo, sabe-se que a família terá chegado a transmitir o caso ao Patriarcado sem nunca chegar a saber o que a Igreja fez.
Não tenho razões para pensar que haja mais casos de abusos sexuais de menores no interior da Igreja Católica do que em qualquer outra estrutura da sociedade. A Igreja, enquanto tal, não abusa de menores. E não me parece que promova tais abusos. A culpa de Igreja tem sido outra, um pouco por todo o Mundo: o encobrimento dos casos, permitindo que os responsáveis por um crime grave não sejam punidos.
Basta olhar para o comportamento de Catalina Pestana, de Álvaro de Carvalho e de muitas famílias para saber que este encobrimento tem uma origem cultural profunda. Todos, a não ser às famílias das alegadas vítimas no Seminário do Fundão, acharam que estariam a cumprir a sua obrigação apenas comunicando à hierarquia eclesiástica, e não à justiça da República, a existência destes crimes. Como se os católicos aceitassem a ideia de que a Igreja é um Estado dentro do Estado e cabe a ela, e não à justiça, tratar destes casos.
A cultura de encobrimento, que tantos dissabores tem dado à Igreja, é aceite pelos fiéis. Que, sem o saberem, se tornaram, durante décadas, cúmplices da impunidade. Essa cultura, e não qualquer generalização da "pedofilia" entre os padres, é verdadeiro problema da Igreja. E está longe de se resumir à pedofilia. É profunda e resulta de uma dificuldade mais geral, que acompanha parte da comunidade católica: a de aceitar que vivemos num Estado laico. E que os crimes comuns não estão nem têm de estar na alçada dos poderes eclesiásticos. A dificuldade em aceitar que um padre, antes de ser padre, é um cidadão, é o que levou milhares de crianças que estavam ao seu cuidado a terem de esperar muitos anos até verem a justiça feita. Foi o tempo que demorou para que os seus segredos fossem conhecidos fora da Igreja.
Lição: se souber de um crime de um padre, é com um polícia ou um magistrado, e não com um bispo, que deve falar. Os bispos tratam da fé. Da lei trata o Estado!...
Até breve
Caro Álamo,
ResponderEliminarNem mesmo a Justiça fica impune nesse julgamento. Veja-se a rapidez com que são libertados os pedófilos ainda que condenados pela Lei que tem dois pesos e duas medidas conforme os Juízes que julgam. Eles também têm telhados de vidros nessa matéria, infelizmente.
Odeio pedófilos!!!!!!!
Se fosse Juíza dar-lhes-ia um castigo exemplar para jamais voltarem a prevaricar. Estou certa de que potenciais criminosos desse quilate se retrairiam de cometer esses crimes.
Já percebeste que tocaste em assunto que me põe mais brava do que os do nosso clube.
Um Feliz Ano de 2013 apesar das expectativas não serem as melhores.
Querida amiga Tite,
ResponderEliminarSó haveria uma única pena para aplicar a esta gente. Pode haver muitos que não concordem comigo, mas o "jamais" que utilizas no teu comentário, diz-me que estaremos de acordo: a castração química! Seria remédio santo! Para grandes males, grandes remédios!...
Que 2013 não nos traga mais misérias destas.
Um Bom Ano amiga, com saúde e alegria, dentro deste manicómio luso.