Avé Fátima !... |
A língua portuguesa é tremendamente traiçoeira!... E a Magistratura Judicial e toda a ínvia e promíscua arquitectura legislativa que lhe é subjacente neste pobre e desgraçado rincão, que deveriam ser o suporte da justiça e da decência que fundamentam a grandeza de um povo, vão muito para além da traição. O compadrio, a corrupção, o corporativismo e uma infinidade de "ismos" de sentido igual ou próximo que se abatem sobre todos nós, completam magistralmente o pântano onde o destino nos obrigou a nascer e a suportar o tempo que nos programou.
Hoje, aqueles que "ungidos pelos santos óleos" deveriam ser os guardiões da nossa dignidade colectiva, voltaram a brandir o machado da desonra e lançando-nos o anátema da estupidez, ofereceram-nos mais um capítulo triste da obra vergonhosa que hão-de deixar aos vindouros. Foi notícia de abertura em todos os noticiários televisivos e radiofónicos e entre as edições "on-line" destaco esta breve nota noticiosa. Amanhã o assunto será bastante mais profundamente escalpelizado em todos os jornais diários e semanários. Mas já não haverá rigorosamente nada a fazer.
Entre os presumíveis erros processuais, o planeamento e rigoroso cumprimento de processos dilatórios que a arquitectura da legislação em vigor permite e estimula, a complacência e a conivência de todo um aparelho judicial, que faz do laxismo, incompetência e corrupção o seu modo de vida e sustentáculo de todo um conjunto injusto, arcaico, obsoleto e indigno de privilégios, acabou por tiunfar a palavra sagrada de todos os criminosos deste país: prescrição !...
Tudo o que é crime prescreve neste malfadado país! Só não prescreve a desfaçatez e a sem vergonha de quem, condenado por crimes que ficaram cabalmente provados e comprovados, acaba por vir clamar perante as câmaras solicitas e subservientes das televisões, a sua satisfação por se ver artificialmente ilibada do cumprimento das penas que antes lhe tinham sido aplicadas. E sem pudor ou qualquer réstea de repugnância pretendem atirar-nos com um punhado de areia para os olhos e fazer-nos crer que prescrição significa inocência!...
Agora foi Fátima Felgueiras. Ontem foi Avelino Ferreira Torres. Amanhã será Isaltino Morais. Depois serão Carlos Cruz, Hugo Marçal, Manuel Abrantes, Ferreira Dinis, Jorge Rito, Gertrudes Nunes e Carlos Silvino. A seguir clamará inocência o famigerado Duarte Lima. E um dia destes há-de voltar de Cabo Verde o ex-ministro Manuel Dias Loureiro, quando o vendaval passar e os Magistrados envolvidos no processo BPN lhe garantirem que poderá regressar, porque o guarda-chuva da prescrição já não deixa que a chuva o molhe.
E a ministra da Justiça, mesmo feia e má, ainda há-de pensar que algum português nela acredita quando impante e vaidosa afirma que vai acabar com as prescrições...
Porca miséria!!!...
Até breve
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