terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Na mais pura das agnosticidades !...


Abuso de autoridade (8)

A proibição de Sócrates dar entrevistas é mais uma peça do tratamento persecutório dado ao antigo primeiro-ministro. Sujeito às mais vis imputações nos media, alimentadas selectivamente pela acusação, Sócrates vê-se privado de se defender no mesmo terreno. Ora, o direito de defesa não vale somente contra as acusações no processo.

O juiz de instrução, que devia ser o garante das liberdades e dos direitos dos detidos contra a acusação, torna-se um puro instrumento da arbitrariedade autoritária do Ministério Público.
(Publicado por Vital Moreira, in Causa Nossa)

Juntar o ridículo à infâmia

Vai-se tornando cada vez mais evidente que o Ministério Público continua a não ter a mínima base para qualquer acusação contra Sócrates, tal como não tinha quando o mandou deter para interrogatório, nem quando requereu a sua prisão preventiva.

Se tudo o que tem é o que agora mandou para os jornais - segundo o que Sócrates teria pedido dinheiro ao seu amigo rico -, o Ministério Público arrisca-se a somar o ridículo à infâmia. Então quem supostamente tinha recebido milhões em imaginárias "luvas" tem de pedir dinheiro ao amigo?

E foi com base nisto que o juiz de instrução - que devia ser o garante das liberdades contra o Ministério Público e não o carimbo dos abusos deste - aceitou validar a detenção e depois decretar a prisão preventiva, alimentando o achincalhamento público do antigo primeiro-ministro pelo "jornalismo de sarjeta" que floresce entre nós?!


Quando um dos maiores arquitectos do nosso Edifício Constitucional, vem a público, desassombradamente, proferir tão graves acusações, o que deverá pensar para com os seus botões, o modesto cidadão comum?!... 

Por mim, de cabeça erguida, mãos livres e na mais pura das agnosticidades, vou presumindo a inocência de quem, até agora, apenas vi ser julgado na praça pública, por quem na santidade das eucaristias pretende mostrar ao mundo que está de bem com o seu deus!...

Até breve 

5 comentários:

  1. Já escrevi sobre Sócrates e reafirmo : independentemente da sua inocência ou culpa , o que Carlos Alexandre e o círculo do Poder pretende é a sua humilhação pública e linchamento pessoaç e polítuco.

    Creio que , mais uma vez, Relvas e Passos meteram a mão nisto.

    Abraço grande

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    1. Minha querida amiga, subscrevo o teu comentário e creio me permitirás a pergunta, "cadê os outros"?!... Saberás tão bem ou melhor do que eu, que serão mais aqueles que atiram a pedra e escondem a mão!...

      Um dia saberemos com mais profundidade e pormenor, o verdadeiro perfil e as terríveis consequências da acção da "esfíngica figura"!...

      Abraço e Santo e Feliz Natal

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  3. Amigo Álamo, na minha opinião, e independentemente da veracidade dos factos, que envolvem o processo de José Sócrates, considero que a forma, como foi gerida a sua prisão, foi algo de vergonhoso para este país, pois deixou sem dúvida alguma perceber, que visava únicamente acabar com a sua carreira política, acho ridícula a "necessidade de prender para investigar", a ser assim a maior parte dos políticos que nos governaram e governam, deviam estar lá todos tb, para serem investigados, pois de certeza absoluta, que em maior ou menor grau todos devem estar queimados, e por isso sem qualquer legitimidade para atirar a primeira pedra....

    Abraço

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    1. Amiga Leoa Maria, para além de toda a especulação que possa ser feita sobre a culpa ou inocência de Sócrates, se porventura o processo que conduziu à sua prisão preventiva, tivesse sido conduzido com inteligência, em vez do uso de métodos "kafkanianos" que inevitavelmente sugerem um gigantesco "ajuste de contas", mesmo que o risco de fuga fosse admissível, jamais a prisão preventiva deveria ser decretada. Porque se o pretendido fosse a seu aniquilamento político, o próprio o decretaria se fugisse e condenar-se-ia a nunca mais colocar os pés em Portugal!...

      Mas a "vendetta" política tinha de ser levada à prática! E aí temos a "pequenez intelectual lusitana", onde chafurdam os detentores do poder político em Portugal, levando a reboque os "magistruzes" deste consporcado e corrupto poder judicial, ressalvados, felizmente, os milhares de magistrados, cuja coluna vertebral jamais será afectada por escolioses, cifoses ou lordoses!...

      Concordarei sem qualquer réstia de dúvida, que uma boa parte da classe política, se sujeita a cuidados de filtragem apertada, por parte um poder judicial digno e sério, não andaria por aí a encharcar as televisões, rádios e jornais, nem a dar cabo da paciência dos portugueses!...

      Pode acontecer que o povo corrija alguma coisa, lá para o final do ano que aí vem, e que eu desejo seja para a minha amiga, um ano em que se possam cumprir alguns dos seus sonhos.

      Com amizade, o meu abraço e bem vinda às nobres causas.

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