domingo, 9 de setembro de 2012

Presente envenenado e Seguro...

 
in Jornal de Negócios online
 
Vamos lá chamar o bois pelos nomes. Daquilo a que hoje é entendido, mal ou bem será absolutamente secundário, como "arco do poder", fazem parte desde as primeiras eleições gerais do país, que o 25 de Abril ofereceu ao povo português sem contrapartidas, apenas dois partidos. Porque a um outro que por lá tem andado, em parcerias de conveniência e rigorosamente circunstanciais, ditadas pelos resultados e por interesses de qualquer dos dois primeiros, sempre e só esteve reservado o papel do parente pobre,  do acólito de uma eucaristia aos deuses que põem e dispõem dos celebrantes mais recomendados para cada momento.
Levamos assim 36 anos de alternância governativa, sustentada por dois partidos rigorosamente iguais na sua "praxis", se bem que ostentado nomes que coisas diferentes poderiam sugerir, salvando-se uma curta meia dúzia de excepções ministeriais, com alguma vantagem dos "socialistas" sobre os "sociais-democratas", que terão eventualmente deixado saudades, em  completo arrepio das linhas de acção que despudorada e coincidentemente ambos perseguem, mas cujos intérpretes depressa pagaram o preço da sua corajosa mas ingénua atitude, desaparecendo para sempre do cenário do filme onde o "casting" terá constituído erro inadmissível.
E aos portugueses que ainda pudessem ter dúvidas sobre este delicioso paradigma da democracia portuguesa, que os "Capitães" ofereceram mais aos interesses partidários que ao Povo, o líder parlamentar dos "sociais-democratas" - abrenúncio! -, Luís Montenegro, veio retirar qualquer réstea de possibilidade de os dois partidos do "arco da velha, perdão, do poder" alguma vez poderem vir a ser diferentes. O desafio lançado a António José Seguro, aqui referenciado, pelo líder da bancada a que Sá Carneiro ousou chamar "popular e democrática", mas que em 1977, o IV Congresso rapidamente transformaria em "social democrata" - t'arrengo! -, convidando-o a apresentar a medida alternativa que eventualmente preconize, para "poder ultrapassar o veto do Tribunal Constitucional, para poder manter as metas orçamentais e ter um efeito positivo na economia e na criação de emprego", é um presente envenenado de que antecipadamente conhece a resposta. António José Seguro, como todos os dirigentes socialistas que o antecederam, jamais conspurcará a "gamela" de onde os "socialistas" - va de retro Satanás! - tem retirado o sustento e os privilégios e a medida alternativa será sempre próxima ou coincidente daquela que o poder actual escolheu para "presentear" os portugueses. É tudo farinha do mesmo saco e sabem, uns e outros e os portugueses também já tiveram tempo suficiente para adquirir certezas, que se ao longo de 36 anos nem as moscas alguma vez mudaram, não seria agora que isso iria acontecer. Para mais, quando o odioso das medidas de austeridade recai sobre o poder instalado e poderá encaminhá-lo para uma derrota anunciada, vinha agora o pretendente fazer "haraquiri"! Só na cabeça de um "iluminado social-democrata" como Luís Montenegro!...
E voltando, para terminar, a chamar os bois pelos nomes, seria de todo interessante conhecer a resposta que a Esquerda Socialista - a sério senhores, a sério, sem abrenúncio, t'arrenego ou va de retro - daria a Luís Montenegro, se porventura a questão lhes fosse colocada. E mais interessante seria se os portugueses, encostados à parede e comendo o pão que estes "diabinhos negros" vão amassando, ousassem por uma vez, ouvir a voz dessa Esquerda, que aos nossos companheiros de desgraça gregos, parece já não ferir tanto os ouvidos.
 
Até breve
 
 

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