terça-feira, 27 de maio de 2014

Talvez... A utopia está lá no horizonte...



Quando por aqui rabisquei à pressa, ainda sob o efeito do calafrio que me haviam provocado aos resultados das eleições de Domingo, a minha desanimada perspectiva sobre o futuro político deste "quase ingovernável país", ainda não me tinha chegado a mensagem que calafrio idêntico terá determinado em António Costa.

Apenas me martelavam os meus pobres neurónios, as histéricas e como sempre demagógicas, palavras de Francisco Assis e António José Seguro, apelidando de "grande vitória" o que a mim, sempre me há-de parecer uma derrota humilhante. Que inelutavelmente se repetiria dentro de um ano, se ninguém gritasse basta e um pedregulho qualquer não fosse atirado ao charco.

À "nomenklatura" socialista, pouco lhe importará o estigma pírrico da vitória de há dois dias. Importante será chegar a curto prazo ao governo, sem esforço, sem nunca compreender o papel da oposição e sem que a sua dignidade socialista alguma vez se sinta ferida com a inexorável partilha do poder, com aqueles que ao longo de quatro anos promoveram o massacre social que não cabe na memória e na brandura do povo a que pertencem.

A dignidade socialista esplodiu em Espanha, consubstanciada na imediata demissão de Rubalcaba, o líder do PSOE. Por cá, Seguro cantou vitória e a dignidade ficou muda e queda, à espera que caísse algum santo do altar.

Para mal do "seguro aparelho socialista", caiu um santo do altar: António Costa! E, a princípio timidamente e logo a seguir, com a coragem emprestada pelos primeiros, a corrente foi-se tornando mais forte e ninguém sabe se chegará à foz, mas, entretanto, vai danificando margens, privilégios e comodismos. Talvez...

Não cabe no meu entendimento, que a decisão de António Costa tenha resultado do calafrio que na mesma hora varreu os espíritos dos cidadãos de esquerda deste país, cuja dignidade os faz continuar a acreditar no Futuro. Poderá ter sido, isso soa-me mais natural e coerente, a espoleta que fez deflagrar a amadurecida bomba estratégica, porventura há demasiado tempo guardada.

Se António Costa conseguir, desmontar ou fazer rebentar todo a complexa teia de minas e armadilhas meticulosamente colocadas no campo socialista, e conquistar a liderança do PS, tudo mudará. O debate e a estratégia políticas. A alternativa e a esperança renascerão. E o doloroso e inexorável espectro do Bloco Central, será riscado do mapa.

Mas teimoso e casmurro como sou, utópico se assim me quiserem chamar, continuarei sempre a defender a tese, de que a Esquerda que o PS representa é curta para construir o Futuro. A Esquerda à esquerda do PS, terá de fazer aquilo que há quatro décadas o povo implora: vestir um fato de trabalho que lhe tape o umbigo e ajudar a construir a felicidade que o povo reclama! E António Costa também.

Até breve

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