quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Continuando a brincar aos pobrezinhos...

 
 
Uma "senhoreca" qualquer, a quem os deuses da fortuna ofereceram um berço dourado, coleccionou "barbies" de adereços variados, estudou em colégios privados aonde era levada e trazida por "chauffers" fardados, viveu rodeada de "tias e tios", terá namorado cedo para cedo também perder a virgindade e casar tarde com um qualquer "betinho" da igualha dela, depois de conhecer camas e mundos, conseguiu ser "quarentona" e ser surpreendida pela primeiras rugas que disfarçou com sucessivos "peelings", sem nunca fazer nada, sem nunca ter produzido nada para a sociedade que lhe sustenta a "boa vida". Um dia, em entrevista a uma revista qualquer, de um jornal qualquer, propriedade de um  qualquer dos muitos tios, disse que adorava passar férias na Comporta, porque era "como brincar aos pobrezinhos"!...
 
Uns dias depois, quando de entre o "rebanho de tios e tias" em que se habituou a viver, sempre sem nada fazer ou produzir, alguns lhe explicaram convenientemente, colando-o à testa, para que servia o indicador direito, veio pedir desculpas ao submundo que tinha ofendido e vilipendiado, sobre os seus italianos ou franceses sapatos de marca, de saltos bem mais altos que a sua pequenez, que não tinha sido essa a sua intenção, muito antes pelo contrário! Qual "tacuara" dos futebóis, sem vergonha ou dignidade, invocou o perdão dos ofendidos, e... foi naturalmente perdoada e rapidamente a atrocidade cometida, caiu no esquecimento de um povo sem memória.
 
Já lá vão cinco anos, sobre a singular experiência que um jovem brasileiro, quem sabe se com origem e hábitos semelhantes, pensou em fazer reflectir na sua tese de mestrado em psicologia sobre a "invisibilidade pública", o resultado de uma experiência que como simples e humilde varredor de ruas, terá empreendido na própria universidade onde se licenciou. Como a "senhoreca" abençoada pelo clã do "espírito santo", também terá decidido "brincar aos pobrezinhos"! Porém, o resultado alcançado, ter-se-à traduzido, não na necessidade de um pedido de desculpas à sociedade real que o envolvia, mas numa decisão irreversível e incontornável de dela fazer parte para sempre. Afinal "brincar aos pobrezinhos" pode ser um sublime caminho para a recuperação humana. Pena que Cristina Espírito Santo não tenha tentado na sua herdade da Comporta, varrer a merda produzida pelos pobrezinhos!...
 
Até breve

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