quinta-feira, 25 de julho de 2013

Esperar sentado e com um limão na mão !...

 
 
Meter todos os novos ministros no mesmo saco e dizer que nem as moscas terão mudado, afigura-se-me um exercício demasiado simplista, que porventura nos poderia conduzir a conclusões de duvidosa justiça. Da análise individual ao trabalho executado por cada um, no passado recente, quer-me parecer que resultará uma imagem mais correcta sobre aquilo que os portugueses poderão esperar de cada um deles e, então sim, da soma das partes partirmos com mais legitimidade para as expectativas que esta remodelação nos permitirá criar.
 
António Pires de Lima, o novo ministro da Economia, desenvolveu ao longo dos últimos sete anos de liderança da administração executiva da Unicer um trabalho que, sob a óptica dos accionistas que o escolheram para o cargo, forçosamente terá de ser considerado extremamente positivo. Pudera!...
 
De facto, bastará fazer fé nos resultados do exercício de 2012, que aqui aparecem reportados, onde os lucros da empresa registaram, numa situação de crise profunda do país, uma assombrosa subida de 14%, fixando-se nuns prodigiosos 28 milhões de euros. Claro que os detentores do capital desta empresa, ou de qualquer outra, jamais perguntarão o modo como esses lucros terão sido conseguidos. É dos manuais do capitalismo mais puro e inocente.
 
Porèm, como aqui é pormenorizadamente explicado, de acordo com o relatório e contas da Unicer relativo ao exercício de 2010, a fabricante da cerveja Super Bock tinha em 2006 um número médio de 2.330 trabalhadores, ano em que Pires de Lima substituiu Manuel Ferreira de Oliveira à frente da administração executiva da companhia. Em 2010, tal média baixara para 1.625 colaboradores, até porque a Unicer encerrou a fábrica de Loulé em 2007. Ou seja, entre 2006 e 2010 a redução de postos de trabalho na companhia foi de 705 empregos. Acresce ainda que o plano visa optimizar "a infra-estrutura industrial da empresa na área das cervejas" e é "indispensável para a eficiência e competitividade" e para a manutenção de mais de 1.400 postos de trabalho directos. Ora, se foi com esse número que a Unicer terminou o ano de 2011, a redução de postos de trabalho na cervejeira aumenta para a casa dos 930 empregos desde 2006.

Ora bem, sem que ainda não esteja considerada a redução de postos de trabalho nos últimos dois anos, o nosso novo ministro da Economia, atirou para o desemprego durante o seu consulado na Unicer, mais de um milhar de trabalhadores, acção que terá tido como preocupação exclusiva o aumento obsceno dos lucros dos detentores do capital, dormindo tranquilamente sobre a desgraça e o desespero de muitos milhares de portugueses e delapidando o herário público com a concomitante atribuição dos respectivos instrumentos de ajuda social, por parte do Estado.
 
É esta prenda que nos colocaram no sapatinho! Porque quem demonstra ao longo de sete anos o mais profundo desprezo pela vertente social e humanitária da empresa que dirige, não alterará a sua filosofia e concepção de mundo, a partir do momento em que assume a pasta da Economia no governo da sua pátria. Esta gente nunca terá pátria,  nem solidariedade nacional, nem valores, nem princípios!...
 
Por incrível que possa parecer este meu pensamento e pese embora toda a inabilidade política revelada em dois anos de ministério de Álvaro Santos Pereira, acho que em termos de justiça social, andámos de "cavalo para burro"! Mas... assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal! E enquanto todos aqueles que vivem do seu trabalho, nada de bom poderão esperar de António Pires de Lima, as confederações patronais e... a Troika, naturalmente, vão recebê-lo de braços abertos!...
 
Eu, por mim, vou esperar sentado e com um limão na mão! Sempre será menos amargo e dizem os manuais que faz bem à saúde, embora o estômago não aplauda! É que eu não tenho dúvidas sobre o papel que este tecnocrata irá desempenhar! Aguardemos. Também já só faltam dois anos...
 
Até breve
 

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