terça-feira, 30 de julho de 2013

Brincando aos pobrezinhos !...

Eis a Cristina, como gosta, a brincar aos pobrezinhos!...
 
Cristina Espírito Santo, filha de um administrador do BES, confessou, na Revista do "Expresso", que gosta de ir para a herdade da família na Comporta, porque é como "brincar aos pobrezinhos". Sem classificação a atoarda desta pobrezinha. De espírito. O espelho fiel   da insultuosa miséria intelectual e moral da nossa elite económica.
 
Sem que o consiga reprimir, as palavras ocas e provocadoras desta gente, fazem-me nascer entre os dentes a mesma raiva que Nicolau Santos já afirmou sentir na ponta dos dedos e no tremer dos seus maxilares. E, como em Daniel Oliveira, despoletam-me  uma irreprimível vontade de brincar às revoluções, ainda que como ele não me defina com um revolucionário, na verdadeira acepção da palavra.
 
Porque não consigo desligar aquilo que Passos Coelho está a levar a cabo de há dois anos a esta parte e que sendo tudo menos sanear as finanças públicas e relançar a economia para a maioria das pessoas, apenas pretenderá garantir uma maior fatia na distribuição de rendimentos para uma minoria de privilegiados - aqueles que podem "brincar aos pobrezinhos" na Comporta.
 
E vem-me à memória uma frase batida, um pensamento com bem mais de um século, que eu julgara ultrapassado pela força progressista de um mundo cada vez mais globalizado e a caminho de um superior estágio civilizacional: 
 
"... O capital tem horror à ausência de lucro; quando o capital fareja o lucro torna-se ousado. A 20% fica entusiasmado. A 50% é temerário, a 100% enlouquece à luz de todas as leis humanas e a 300% não recua perante nenhum crime.".
(Karl Marx, "O Capital").

A miséria intelectual e moral da nossa elite económica, perdidos o pudor e a vergonha, volta a exibir a sobranceria de 1974. Com as costas quentes de um governo que lhes satisfaz os caprichos e cumpre os desígnios, já não teme o "reviralho" que as urnas, eventualmente, lhe poderiam trazer. Vive com a certeza de que a estupidez colectiva de um povo lhes permitirá amanhãs radiosos iguais ao tempo presente, porque no seu seio parece existir cada vez menos indignação suficiente para mudar. Já não haverá em Portugal, mortos, vivos e aqueles que andam no mar. Essa classificação clássica terá desaparecido definitivamente. Agora, haverá os ricos, os pobrezinhos e os lambe-botas! Cada povo tem aquilo que merece !...

Até breve 

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