sábado, 31 de outubro de 2015

É tempo de mudança!...


"Não querem aceitar a nova realidade de hoje. Não querem aceitar que não há outra saída que não a de respeitar a vontade da maioria que existe na Assembleia da República e que recusa a continuação de um governo do PSD/CDS. [...]

No que ao PCP diz respeito, este é um Governo condenado, um Governo que não passará, que soçobrará na Assembleia da República com a aprovação de uma moção de rejeição ao programa que venha a ser apresentado pelo Governo que tomou posse. [...]

A evolução da situação confirma três factos. O PSD e CDS em minoria não têm condições para formar Governo e aprovar o seu programa, há uma maioria de deputados que constituem condição bastante para a formação de um Governo de iniciativa do PS, que permite a apresentação do programa e a sua entrada em funções para a adopção de uma política que assegure uma solução duradoura e há condições para dar resposta a urgentes problemas e aspirações dos trabalhadores e de vastas camadas da população"
(Jerónimo de Sousa, hoje no Barreiro)


Andam doidas, doidas, doidas as galinhas da Direita! Está-se-lhes a acabar o "milho" e então é vê-las alvoraçadas a cacarejar, apregoando aos quatro ventos "golpes de estado", quebra das "tradições democráticas" com que pretendiam perpetuar-se no poder, atentados soezes às "normas, tratados orçamentais e compromissos europeus assumidos pelo país", marchas de punhos erguidos contra a NATO e tantas outras organizações, quiçá contra a "nova ordem mundial", coitadinha...

Mais furibundos e verborreicos parecem andar os "garnizés" de toda a uma comunicação social, muito "digna", de costas "direitas" e passado "impolupto", muito zelosa dos seus deveres patrióticos, em particular os analistas televisivos, sejam os que exalam neaseabundo cheiro a naftalina, sejam os que ainda parecem exibir restos de "papas de cerelac" nos beiços e fraldas esquecidas sob as camisas laranjas e azuis. Imagine-se porquê: por um prato de lentilhas insosso e mal amanhado...

Terrível doença a que todos estes galináceos da Direita contraíram! Desde o mais alto magistrado da nação até ao mais humilde motorista do ex-secretário de Estado, agora também promovido, provisoriamente está visto, a vendedor do "banco novo", todos sem excepção foram atacados por uma "democrática amnésia" decorrente de tão violenta "gripe das aves" e nenhum deles se revela capaz de compreender que a regra máxima de uma democracia parlamentar, assenta na decisão da maioria dos representantes que o povo lá colocou.

Dá pena olhar para as galinhas e apreciar as suas convulsões, ao mesmo tempo que os ventos nos trazem o estertor do canto dos seus primos "cisnes" espalhados por essa Europa fora.

Mas é tempo de mudança!...

Até breve

À espera do "prexit", antes que os males sejam ainda maiores!...


"Grexit"! Desde que foi cunhado em 6 de Fevereiro de 2012, pelos analistas do Citigroup, Willem Buiter e H. Rahbari Ebrahim, que este neologismo entrou, qual esperanto globalizado, no léxico universal. E nesta terra de gente que "nem se governa nem se deixa governar" mas que se pela por uma boa cópia, foi tão naturalmente adoptado como o foram os "óculos de sol à noite", em contraponto dramáticamente cultural com a "mini-saia" ou o arrojado "biquini".

Nesta condição que ninguém me leve a mal, o pretensiosismo de tentar cunhar uma nova "palavra-valise" para definir a morte anunciada da criatura que mais terá contribuído para o definhamento político, cultural e económico da II República: "prexit"!...

Foram 35 anos a definhar, empurrados pela carcaça que veio em rodagem de Boliqueime à Figueira da Foz, em estúpida e decisava contribuição para colocar Portugal no último lugar do ranking da Europa em todos os campos, excepto na pobreza. Dos bolsos e do espírito...

Hoje por cá vamos cavaqueando, entretidos, não numa beckettiana "espera de Godot", inusitada história que o encenador Gregory Mosher terá magistralmente definido como a de "uns gajos que estão à espera de outro que nunca mais chega" mas, pelo contrário...

À espera do "prexit", antes que os males sejam ainda maiores!...

Até breve

Lembram-se dos bois do Jeirinhas?!...



Há uma diferença abissal entre o "esquerdismo" de José Pacheco Pereira e o "direitismo" de Francisco Assis e que revela a essência de cada um deles...

Contudo algo os aproxima: estarão os dois errados no seu posicionamento político!...

Lembram-se dos bois do Jeirinhas?!...

Até breve

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Não havia necessidade Arménio!...


Arménio, a esperança de Passos

«E ainda dizem que vivemos num ambiente crispado... Ontem, o homem da CGTP, Arménio Carlos, convocou uma concentração, frente ao Parlamento, para o dia do voto de rejeição. Os meus amigos de direita ouviram-no entre sussurros de admiração: "Isto é que é falar!", disse um. Não eram só aplausos de plateia passiva, percebi que os meus amigos estavam sinceramente enlevados: "Quem dera que os telejornais abram com as palavras do nosso Arménio..." Já era deles, o sindicalista. Mas a convocação foi feita numa conferência de imprensa e os jornalistas não quiseram saber dos pormenores que deleitavam os meus amigos. Estes gostariam que o líder da CGTP, além da brilhante ideia, a desenvolvesse. Arménio, quando os deputados subirem a escadaria de São Bento, vocês vão apertar com eles? Já têm a lista dos indecisos socialistas, para lhes prometer uma espera caso se bandeiem para o outro lado? E, se a rejeição falhar, cercam o Parlamento ou entram por ali dentro a expulsar a escumalha?... Alguns dos meus amigos de direita são da minha geração e foram, como eu, da extrema-esquerda. Um que ainda tem lá em casa uma bandeirola com o cerco da Constituinte há 40 anos já estava disposto a oferecê-la à CGTP, "mas só se o Arménio a mostrar na próxima conferência de imprensa". O mais cínico dos meus amigos de direita explicou-me aquela ânsia por ouvir mais e mais do líder sindical: "Quando um adversário se enterra, rezamos para que não se cale."»
(Ferreira Fernandes, Opinião, DN, hoje)

Não sei rezar, mas se soubesse, diria... ÁMEN! Esperem, eu diriam ámen, obviamente, ao Ferreira Fernandes!...

Não havia necessidade Arménio!...

Até breve

Quantos chumbos do Tribunal Constitucional coleccionou a Direita na última legislatura?!...


Era das coligações?


«Se o PSD persistir em não ir sozinho a eleições, não é de excluir, por mais improvável que isso pareça, que o PS responda na mesma moeda, inaugurando uma era de coligações eleitorais à direita e à esquerda.

1. A aliança de governo de esquerda em negociação é obviamente uma resposta à aliança pré-eleitoral e pós-eleitoral da direita. O PSD coligou-se à direita para suplantar o PS; este alia-se à sua esquerda para suplantar a aliança de direita. Obviamente, o PSD não contava com este contra-movimento do PS, mas isso não elimina a sua “responsabilidade” neste terramoto político, de imprevisíveis consequências. Além de ter inviabilizado à partida qualquer entendimento de governo entre o PSD e o PS, a união da direita “obrigou” o PS a procurar um antídoto para o seu isolamento eleitoral.

É evidente que a coligação pré-eleitoral da direita – que já não acontecia desde há 35 anos (Aliança Democrática de 1979 e 1980) – ameaça gravemente as possibilidades eleitorais do PS. Nas 14 eleições parlamentares até agora realizadas desde 1976 só em três delas (1995, 1999 e 2005) é que o PS suplantou os dois partidos da direita somados. Acresce que a coligação pré-eleitoral destes potencia ainda mais a vantagem dos dois partidos, como se viu agora.


Por isso, se aceitasse esta situação sem reagir, o PS arriscava-se a perder quatro em cada cinco eleições para a direita unida. A resposta consistiu em tentar uma união de esquerda, rompendo o tabu até agora existente. Se esta arriscada aposta resultar, não é ocioso pensar que a vida política portuguesa, até agora protagonizada pela disputa entre o PS e o PSD, pode vir a centrar-se na disputa entre dois blocos partidários, à francesa.


2. Se o PSD persistir em não ir sozinho a eleições, não é de excluir, por mais improvável que isso pareça, que o PS responda na mesma moeda, inaugurando uma era de coligações eleitorais à direita e à esquerda.


A verificar-se essa evolução, talvez seja de pensar em facilitar e flexibilizar as coligações eleitorais. Actualmente as coligações eleitorais implicam a apresentação de uma lista única (que nunca é fácil de negociar), com um programa eleitoral comum e uma campanha eleitoral comum. Além disso, no final não é possível saber quanto vale cada partido, visto que os votos são na coligação. Por último, esse “casamento eleitoral” inibe politicamente uma rutura pós-eleitoral, impedindo arranjos com terceiros partidos (como se verificou agora).

Ora, há uma alternativa de coligação eleitoral mais flexível, a chamada “coligação de listas”. Os partidos coligados continuam a apresentar-se autonomamente a eleições com as suas próprias listas, programas e campanhas. No final, porém, eles somam os seus votos para efeitos de repartição de deputados, como se fossem uma única força política, dividindo depois entre si os deputados ganhos conforme os votos de cada um. Esta fórmula tem as vantagens da coligação (maximizar o número de deputados eleitos) sem diluir a identidade dos partidos. Obviamente, essas coligações devem ser formalizadas como as outras e devidamente anunciadas aos eleitores.

As coligações de listas podem ser a terceira via virtuosa entre a ida separada às urnas e o “casamento eleitoral” que as actuais coligações de partidos impõem.»


Considero como bastante improvável, senão mesmo impossível, que um dos mais reputados constitucionalistas portugueses vertesse para a opinião pública uma "alternativa de coligação eleitoral mais flexível", que entendeu denominar por "coligação de listas", sem que, antecipada e cuidadosamente, se debruçasse sobre a sua absoluta e inquestionável compatibilidade com as normas da CRP.

A confirmação deste meu prisma de observação, surgiu quase de imediato, com a adenda que o próprio Vital Moreira publicou no blog Causa Nossa:

Adenda

«Um leitor objecta que a coligação eleitoral light que eu proponho (coligação de listas) é inconstitucional porque a Constituição só refere a "coligação de partidos" e que ela não vai avançar porque precisa de maioria de 2/3 na AR.

Mas não tem razão. Primeiro, a Constituição não proíbe tal mecanismo e só se refere às coligações de partidos para prever a apresentação de deputados em lista conjunta, não excluindo portanto coligações que não impliquem lista conjunta. Segundo, esta matéria não precisa de maioria de 2/3 e, de qualquer modo, não percebo por que é que algum partido se oporá a esta solução, que em abstracto é tão útil à esquerda como à direita.»

Pelas repercussões e até impropérios que a ideia de Vital Moreira está a ter nas hostes da nossa empedernida e retrógrada Direita, é minha forte convicção de que não deverá tardar muito para que a matéria venha a ser colocada de modo formal ao Tribunal Constitucional, no sentido de que seja estabelecida a necessária jurisprudência e possa ser prevenida a repetição das cenas a que temos vindo a assistir, em defesa da nossa "sacrossanta tradição constitucional", sempre que os interesses da Direita o determinam!...

Como se a Constituição da República Portuguesa pudesse ter apenas uma e só uma leitura: a da Direita, naturalmente! Porque sempre que Esquerda procura, mesmo que dentro do mais rigoroso respeito pelo quadro definido pela CRP, contornar a "chica-espertice" da Direita, isso será sempre... uma flagrante violação da nossa "tradição democrática" e um puro e duro "atropelo constitucional", senão mesmo... "golpe de estado"!...

Aqui do meu canto, agarrado à minha memória, apetece-me perguntar...

Quantos chumbos do Tribunal Constitucional coleccionou a Direita na última legislatura?!...

Até breve

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Alguma coisa terá ficado apertada na virilha da Direita!...



"Face a notícias que têm vindo a público acerca das implicações orçamentais do acordo entre o PS, BE, PCP e PEV, o PS reafirma que as regras orçamentais serão cumpridas. O PS reafirma que apenas viabilizará um Governo que garanta o cumprimento das obrigações do país em termos orçamentais. [...]

No actual momento, o PS entende que o processo político deverá centrar-se na apreciação da proposta de programa do Governo indigitado PSD/CDS e nas consequências económicas e sociais para o país que decorrem das medidas nele contidas. [...]

O PS considera fundamental que o Governo PSD/CDS apresente uma avaliação do impacto das medidas do seu programa, sem o qual não é possível avaliar a sua consistência com o cumprimento dos compromissos orçamentais."


Bem esgalhado, naturalmente!...

Alguma coisa terá ficado apertada na virilha da Direita!...

Até breve

O mandato de Cavaco vai acabar por acabar como tem de acabar... ACABANDO!...


Longa vida ao camarada Cavaco!


«Cavaco Silva cometeu um óbvio erro político ao deixar transparecer puro ódio ao PCP e ao Bloco de Esquerda no discurso de indigitação de Passos Coelho. Não, não estou a falar apenas da consequência directa da tentativa presidencial de ostracização de quase um milhão de votos dos portugueses e que foi o reforço da convicção com que a esquerda tenta chegar a um acordo que viabilize na Assembleia da República um novo governo.

Falo do óbvio erro de Cavaco Silva, para os seus interesses políticos e partidários, em não ter nomeado quinta-feira, como a esquerda pedia, António Costa primeiro-ministro para evitar a "perda de tempo" de Passos Coelho ir daqui a uns dias, com uma dúzia de ministros de curto prazo, ser derrubado no Parlamento.

Se Cavaco tivesse acedido positivamente ao apelo da esquerda, empossando directamente o líder do segundo partido mais votado nas eleições de 4 de Outubro, sem antes ter indigitado o líder do partido vencedor, teria legitimado a ideia de que em situações de maioria relativa o poder do Presidente da República de nomear um chefe de governo passava a ser coisa mais ou menos arbitrária, com a Assembleia a servir de mero acessório promulgador.

Este reforço artificial dos poderes presidenciais, caucionado pela esquerda e combinado pelo efectivo poder discricionário que o Presidente já tem para derrubar governos, seria uma consequência a longo prazo da reivindicação de Costa, Jerónimo e Catarina bem mais grave do que o eventual entendimento na opinião pública de que a possível chegada socialista à liderança do governo fora obtida através de um "golpe de secretaria", coisa que o tempo, se houvesse, acabaria por esbater.

Só posso, portanto, agradecer ao presidente Cavaco Silva ter prestado este relevante serviço à esquerda portuguesa, ainda por cima dando--lhe tempo para limar arestas nas negociações entre os três partidos.

O Presidente ajudou ainda a esquerda ao deixar transparecer a ideia de que preferia nomear um governo de gestão a ter comunistas e bloquistas a apoiar um governo PS... O espanto foi tal que até António Barreto, campeão intelectual do anticomunismo, anunciador, aqui no DN, da chegada do inferno na terra com a aliança PS/BE/PCP, acabou a escrever que tal intenção de Cavaco seria ainda pior que o seu pior temor...

Finalmente, julgo que para Cavaco acabar o seu serviço à esquerda deveria realmente recusar dar posse a António Costa e obrigar Passos Coelho a ficar em governo de gestão durante oito meses: nas eleições seguintes a direita ficava reduzida a pó... Força, força camarada Cavaco!»
(Pedro Tadeu, Opinião, DN em 27.10.2015)

A sorte da "múmia" deriva da indisponibilidade de Liberato, afadigado com a sobrecarregada agenda de "protocois inadiáveis" que terá de programar neste já curto "desarmar da feira"! De outro modo, esta crónica de opinião de Pedro Tadeu não lhe passaria despercebida e quando colocasse sobre o tampo da mesa presidencial, convenientemente emoldurado com o presumível "halo laranja" de um qualquer feltro marcador barato, o remate/repto do jornalista do DN, "Força, força camarada Cavaco", a desgraçada "esfíngica figura" poderia muito bem ser vítima de fulminante apoplexia, que aliás já não seria virgem... Assim, tudo está bem quando acaba bem! 

E o mandato de Cavaco vai acabar por acabar como tem de acabar... ACABANDO!...

Até breve

domingo, 25 de outubro de 2015

Comer toda a palha que nos é posta à frente?!...

«Vergonhosa manipulação»

É o insuspeitadíssimo José Gomes Ferreira quem o confirma: houve uma «vergonhosa manipulação» das contas do Estado no que respeita à badalada descida da sobretaxa do IRS¹. 

Na realidade, como sublinha João Galamba, «passadas as eleições, a devolução da sobretaxa, que era 19% em Junho, 25% em julho e 35% em agosto (os últimos dados revelados antes das eleições), passa, súbita e misteriosamente, a apenas 9%.»

Mas é conveniente recordar que a burla da sobretaxa não é a única. Augusto Santos Silva põe a nu a estratégia montada pela coligação de direita: 

«1. Porque é que lhes temos tanta raiva, pergunta Você? 

2. Ó homem, não vê que tudo estava preparado: na campanha dizíamos o que queríamos, quando a verdade se soubesse já estaríamos outra vez no poleiro? 

3. Não foi só com a sobretaxa, então Você não viu que, logo no dia seguinte às eleições, começaram a chover as notícias de despedimentos colectivos? 

4. E os buracos no Novo Banco, as recapitalizações por fazer, a confirmação do descarrilamento do défice, não vê que tudo isso só se saberia com a PaF no governo e o PS em convulsão? 

5. E agora este Costa, de braço dado com esse Jerónimo (santo Deus, até é pecado falar nele) e essa intrometida da Catarina, a estragarem-nos o arranjinho? Ódio, ódio puro é o que lhes tenho!» 
_________
¹ É óbvio que José Gomes Ferreira, editor de economia da SIC, tem de escolher qual o chapéu que melhor lhe assenta: a de papagaio da coligação de direita, momentaneamente arrependido, apesar de toda a gente saber que houve, durante o período eleitoral, uma deliberada retenção dos reembolsos do IVA e do IRS para empolar as receitas fiscais, ou se ele se considera um ignorante, que come toda a palha que é posta à sua frente.
(Câmara Corporativa, sexta-feira, outubro 23, 2015)

Cada um tem de escolher o chapéu que melhor lhe assenta, ou se se considera um ignorante e...

Come toda a palha que é posta à frente!...

Até breve

Coitados dos velhotes!...



Coitados dos velhotes!...

Até breve

sábado, 24 de outubro de 2015

A verticalidade não tem partido e muito menos ideologia!...



"O Presidente da República foi excessivo e teve considerações escusadas que acabaram por ter efeitos contraproducentes. [...]

O Presidente da República não tem o poder de apreciar os programas, porque a apreciação do programa do Governo compete à Assembleia da República. Acho que o discurso proferido pelo Presidente da República deveria ter-se limitado a dizer que, perante a passagem de quase três semanas após as eleições legislativas - e não tendo havido outra solução maioritária -, impunha-se indigitar primeiro-ministro o líder do partido mais votado dentro da coligação mais votada. Ponto final. [...]

Por definição, um Governo de gestão é para gestão, ou seja, para um período necessariamente limitado. Um Governo de gestão não é para o exercício de todas as competências que a Constituição atribui a um Governo."
(Jorge Miranda, in Diário de Notícias, hoje)

A verticalidade não tem partido e muito menos ideologia!...

Até breve

Não há verdugo que possa encerrar as portas que Abril abriu!...



Não há machado que corte
a raíz ao pensamento,
não há morte para o vento,
não há morte.

Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida,
sem razão seria a vida,
sem razão.

Nada apaga a luz que vive
num amor num pensamento,
porque é livre como o vento,
porque é livre.

Não há tesoura que corte o esplendor dos cravos da Liberdade, nem verdugo que possa encerrar as portas que Abril abriu!...

Até breve

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Cavaco descobriu a pólvora e... por via uterina, a Direita também!...




Estou de consciência tranquila e o meu limite de insuspeição será o "céu azul" que um dia entendi escolher para título destas minhas conversas, de braço dado com a "água molhada"! Que primeiro era para ser "obviamente" e depois "evidências", mas que o Blogger não permitiu, por alguém se ter lembrado de usá-las antes. Obviamente, evidentemente, que nunca o meu voto foi suporte para a eleição desta "inqualificável e esfíngica figura", que ainda vai dormindo, embora por pouco tempo já, no Palácio de Belém e que hoje reforçou a minha profunda convicção de que terá protagonizado o maior embuste da política democrática portuguesa desde o 25 de Abril, para não ir mais além, porque amo a Liberdade e tenho a noção da minha pequenez...

No estertor do seu último acto público, "o homem que veio do poço, que nunca se engana e raramente tem dúvidas", acabou por provar aquilo de que há muito eu suspeitava: no momento do parto, a inteligência terá ficado na barriga da sua Senhora mãe!...

Nem António Costa e o Partido Socialista, nem os putativos partidos que à sua esquerda se preparam para lhe oferecer a "via verde", alguma vez imaginaram a ajuda que viriam a receber de tão sinistra figura, que em asinina provocação e já a caminho da reforma por invalidez intelectual, terá entendido por bem fornecer-lhes o cimento de que desesperadamente necessitavam para dar solidez ao edifício que com dificuldades facilmente imagináveis, vinham tentando construir.

A partir de hoje, veremos em Belém... "um verbo de encher"! Ele próprio teve o dom de o afirmar, em momento de rara lucidez: a intervenção política do PR termina com a indigitação deste Primeiro Ministro e a partir de agora a responsabilidade política passa para o Parlamento:


«... a nomeação do Primeiro-Ministro pelo Presidente da República não encerra o processo de formação do Governo. A última palavra cabe à Assembleia da República ou, mais precisamente, aos Deputados à Assembleia da República.

A rejeição do Programa do Governo, por maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções, implica a sua demissão.

É, pois, aos Deputados que cabe apreciar o Programa do Governo que o Primeiro-Ministro apresentará à Assembleia da República no prazo de dez dias após a sua nomeação.

É aos Deputados que compete decidir, em consciência e tendo em conta os superiores interesses de Portugal, se o Governo deve ou não assumir em plenitude as funções que lhe cabem.

Como Presidente da República assumo as minhas responsabilidades constitucionais.

Compete agora aos Deputados assumir as suas.»


Cavaco descobriu a pólvora e... por via uterina, a Direita também!...

Até breve

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A prova real do valor da mais retrógrada, ultraliberal e incompetente Direita da Europa na actualidade!...



O seu a seu dono

«1. Por maiores que sejam as objecções políticas contra um eventual governo acordado entre o PS, o PCP e o BE, ele não é ilegítimo nem sofre à partida de nenhuma menoridade ou deficiência institucional.

Todavia, depois da estúpida teoria da ilegitimidade (“golpe de estado”, “fraude eleitoral”, etc.), há quem ensaie agora um outro estratagema, que é o de submeter um tal governo a especial tutela presidencial quanto ao seu programa e acção governativa. Tal como a anterior, porém, esta nova tese também padece de um pequeno problema: não tem base constitucional, é incompatível com a separação de poderes e excede a função constitucional do Presidente da República (PR).

Sendo óbvia a falta de específica credencial constitucional, é evidente também a lesão da autonomia institucional dos governos na definição e condução das suas políticas. Os governos não são nomeados livremente pelo PR nem eleitos pela AR. Uma vez nomeados pelo PR sujeitam-se ao escrutínio parlamentar. O seu programa pode ser avaliado e eventualmente rejeitado pelo AR, mas não é submetido ao visto prévio presidencial.


Uma vez em funções, os governos estão obviamente sujeitos ao controlo político do parlamento e à supervisão “institucional” de Belém. Mas trata-se sempre de um controlo negativo (moção de censura, veto, etc.), não de um “controlo positivo”, mediante o estabelecimento de condições ou orientações políticas discricionárias, numa espécie de “superintendência política” externa. O máximo que a autonomia governativa consente são conselhos presidenciais ou recomendações parlamentares.

2. No nosso sistema constitucional de governo, os governos não dependem da confiança política do PR, nem para serem nomeados nem na sua acção posterior. Tampouco lhe compete avaliar o mérito ou demérito político dos governos ou da acção governativa (que cabe exclusivamente à AR e aos eleitores), podendo somente chamar os eleitores a fazê-lo mediante dissolução parlamentar.

O PR também não tem funções de orientação ou direcção dos governos nem das suas políticas. Pode emitir opiniões, dar conselhos ou, até, fazer advertências (tendo em vista o seu poder de veto legislativo e de dissolução parlamentar). Para além da óbvia vinculação de todos os governos às obrigações decorrentes da Constituição e das normas da UE, nenhum governo pode ser discriminatoriamente submetido pelo PR a exigências discricionários quanto ao seu programa ou orientação política.

É certo que existe um infeliz precedente histórico, nas orientações dadas por Jorge Sampaio ao Governo Santana Lopes em 2004. Mas por isso a critiquei veementemente na altura (e duvido que o próprio Sampaio ainda a considere uma decisão apropriada). Seja como for, um mau precedente não pode justificar a sua repetição, sobretudo quando está em causa um abuso de poder presidencial.
Além disso, se impusesse orientações politicas a um certo governo, o PR tornar-se-ia também corresponsável pela sua acção, incluindo o seu eventual fracasso. Ora a responsabilidade política pela acção governativa cabe exclusivamente aos partidos de governo - que são julgados nas eleições parlamentares -, não podendo ser compartilhada pelo (nem descarregada no) Presidente da República. 



A Direita perdeu definitivamente as estribeiras, se entendermos por Direita esta nova vaga de "jotas" mai-la clique de "velhadas" e oportunistas, que os acolitou pela côdea e outros interesses espúrios, ao longo deste inclassificável governo de quatro anos e meio.

Não vejo uma única personalidade de prestígio ligada a uma linha política mais conservadora, a cair neste baixo e desprezível lodaçal. Muitas dessas figuras poderão referir o seu cepticismo relativamente à solução que a Esquerda parece preparar para fazer face à ingovernabilidade da Direita. Mas continuo sem alguma vez as ouvir falar de "ilegitimidade (golpe de estado, fraude eleitoral, etc.)" e muito menos a "ensaiar agora outros estratagemas", como o de "submeter um tal governo a especial tutela presidencial quanto ao seu programa e acção governativa".

A prova real do valor da mais retrógrada, ultraliberal e incompetente Direita da Europa na actualidade!...

Até breve

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Quarenta anos a fazer de conta é tempo demasiado!...


Pelo andar da carruagem, parece que haverá francas hipóteses de Portugal deixar de ser um "país de faz de conta"! E há quanto tempo os portugueses o desejavam...

A "esfíngica figura" que veio do Poço em rodagem há tantos anos, parece que vai deixar de fazer de conta que Portugal tem um PR. No tempo e no modo. Encostado às cordas, parece adivinhar o último "upper-cut" que logo pela manhã Jerónimo lhe aplicará, antes de ajoelhar em definitivo "knock-out".

O "coelho" parece empurrado de novo para a floresta, deixando de fazer de conta que é o chefe da banda de fazer de conta. Outros, parecem finalmente convencidos que têm as "portas" bem abertas e sem hipóteses de continuarem a fazer de conta que são gente séria. 

E haverá por último aqueles que, tal como o outro, serão os últimos a saber que terão mesmo de deixar de fazer de conta: os "catrogas" que acreditam que ainda haverá a possibilidade de entre os deputados da Esquerda haver alguns capazes de também fazerem de conta, tão trapaceiros e irrevogáveis  como eles; os "machados"  que passaram décadas a fazer de conta que a terra, os sobreiros, os pinhais e os eucliptos são de quem  os "trabalha"; os "silvas" que se habituaram a fazer de conta que os sindicatos afinal são instituições de defesa dos patrões; aqueles todos "penetras" de punho esquerdo erguido e rosa na lapela, que ainda vão continuando a tentar fazer de conta que são socialistas; e até no meio da "populaça" haverá os que finalmente vão deixar de fazer de conta que têm medo das injecções atrás das orelhas e de comerem criancinhas ao pequeno almoço!...

Quarenta anos a fazer de conta é tempo demasiado!...

Até breve

Sinceramente não sei como se joga com uma bola furada!...


Um dia destes o país vai assistir, depois daquele que deverá ocorrrer no estádio da Luz no domingo, se as tochas pirotécnicas e "very-lights" das claques o permitirem, a um novo derbi, desta vez disputado no estádio de S. Bento.

De um lado a Direita, que joga em casa. Do outro a Esquerda, que apesar do campo ter sido declarado neutro, actuará como visitante. Será um derbi decisivo para  a atribuição do título...

E exactamente como vem acontecendo nos últimos dias no lançamento do derbi entre águias e leões, onde os "mind-games" têm sido o pão de cada dia, os dirigentes políticos não se têm feito rogados, de tal modo que os agentes do futebol, se comparados com os seus congéneres da política, mais parecem os meninos do Coro de Santo Amaro de Oeiras.

O árbitro será o mesmo que, para nossa desgraça, foi designado pelo voto directo e secreto dos portugueses no longínquo dia de 9 de Março de 2006. Mais valia ter sido designado por sorteio. Sempre nos arriscaríamos a que nos calhasse melhor peça. Um péssimo árbitro que só a imunidade constitucional de que goza terá salvo de, ao longo destes quase 10 anos, não ter sido sujeito ao mesmo tratamento edificante que em cada semana sofrem os árbitros de futebol. Mas adiante. Todo o povo tem os árbitros que merece...

Reina a confusão entre constitucionalistas, analistas políticos, comentadores e até alguns pontas-de-lança partidários, sendo generalizada a opinão de que todos os prognósticos serão extemporâneos antes do fim do jogo, tendo em conta a tradição que sempre costuma atribuir o favoritismo ao mais fraco.

Eu para com os meus botões, há muito que entendo que a Direita já perdeu o jogo: nunca vi um derbi destes ser ganho por quem joga com 107 jogadores contra os 123 da Esquerda! E estou absolutamente convencido que tanto Jorge Jesus quanto essa grande inciclopédia do futebol que é Gabriel Alves pensam o mesmo!...

Então, nesta condição, fico com a minha pulga atrás da orelha, já que não compreendo que se o jogo já foi perdido pela Direita, nenhuma carga de água deveria levar a "esfíngica figura" a permitir que se realizasse.

Sinceramente não sei como se joga com uma bola furada!...

Até breve

terça-feira, 20 de outubro de 2015

"... É um sonho lindo p'ra viver, quando toda a gente assim quiser!..."




"... É um sonho lindo p'ra viver, quando toda a gente assim quiser!..."

Até breve

"... Há sempre alguém que diz não!..."




"... Há sempre alguém que diz não!..."

Até breve

Obrigado Zeca, por nos teres ensinado a acreditar!...




Obrigado Zeca, por nos teres ensinado a acreditar!...

Até breve

"... Da matinal canção, ouvem-se já os clamores!..."




"... Da matinal canção, ouvem-se já os clamores!..."

Até breve

"É chegado o dia do medo acabar"!...




"É chegado o dia do medo acabar"!...

Até breve

Em Ílhavo também se canta a Liberdade!...




Até breve

Os vampiros





Até breve

O cravo não é um guarda-chuva!!!...

Marinho Neves


O cravo não é um guarda-chuva!!!...

Até breve

Grândola Vila Morena!...



Até breve

Desde que o poço de Boliqueime se transformou em fonte, tudo é possível!...


A margem de manobra de Cavaco na conjuntura actual

«Aquilo que hoje interessa esclarecer não são os poderes abstratos do Presidente da República (PR) previstos na Constituição (CRP), mas a margem de manobra do Chefe de Estado, nas circunstâncias concretas com que nos defrontamos.

Vou partir de uma premissa maximalista na interpretação dos poderes constitucionais relacionados com a dissolução da Assembleia da República (AR), que literalmente não carece de fundamentação, e do poder de nomeação do Governo tendo em conta os resultados eleitorais.

De resto, mesmo limitado no momento da nomeação do Governo, o PR tem à sua disposição o poder mais forte, o de dissolução da AR. Acontece que esse poder tem travões, como o de natureza temporal (a dissolução não é permitida nos seis meses seguintes à eleição da AR e nos últimos seis meses do mandato do Presidente).

Ora, é precisamente neste quadro concreto que nos encontramos. Cavaco, quando nomear o próximo executivo, não está em condições de jogar com a possibilidade de dissolução da AR.

Este momento histórico não pode, assim, ser comparado com outros em que diversos Presidentes consideraram que o Governo proposto não tinha condições de viabilidade, rejeitando o mesmo e optando por dissolver a AR, com a consequente convocação de eleições.

Em qualquer cenário, os Governos devem formar-se no Parlamento, no diálogo e na negociação interpartidários. E o PR deve contribuir para esse diálogo. No cenário actual, quer pela possibilidade de uma maioria positiva de esquerda que se apresenta para governar, quer pelo calendário referido, Cavaco não pode - nunca poderia, mas no caso é uma impossibilidade - criar soluções governativas, à margem da AR, conversando com privilegiados, como se a casa da democracia não tivesse uma composição maioritária de esquerda e uma coligação de direita minoritária.

Em Portugal o povo não vota na natureza maioritária ou minoritária de um Governo (o nosso sistema eleitoral nunca permitiria tamanha imaginação); a questão tão cara a Cavaco da governabilidade é resolvida tendo em conta a composição parlamentar resultante do número de votos apurados nas eleições em número de mandatos parlamentares.

Posto isto, nas circunstâncias actuais, o que decorre do espírito do nosso sistema semipresidencialista é simples: 1) Se a coligação de direita se propuser a governar em minoria e existir uma coligação pós-eleitoral de esquerda parlamentarmente maioritária que se propõe também a governar, comunicando ao PR que se não lhe for dada posse, rejeitará o Governo de direita na AR, de que adianta a Cavaco nomear um Governo sabendo que ele cairá se seguida na AR?; 2)No pressuposto colocado em 1), se ocorrer ao advogado da estabilidade nomear o Governo proposto por Passos Coelho e este acabar demitido com a anunciada moção de rejeição do programa de governo, como sustentar a não nomeação imediata da proposta de governo de esquerda com maioria parlamentar? Recorde-se que Cavaco não pode dissolver a AR; 3)Se Cavaco violasse com todas as forças o espírito do sistema e após a queda do Governo minoritário na AR o mantivesse em gestão, esse Governo seria um Executivo moribundo com morte rápida. Com os poderes limitados e com uma maioria parlamentar de esquerda, seria, de facto, a oposição a governar, fazendo o que quisesse, criando, e com fundamento, a paralisia do Governo.

Não tenho por possível que Cavaco legue ao país, como acto derradeiro da sua impopular presidência, a selvajaria fora do sistema da nossa democracia.»
(Isabel Moreira, constitucionalista, deputada AR, Opinião in DN)

Nenhum democrata de bom senso terá por possível que a "esfíngica figura" infelizmente ainda plantada em Belém, como acto derradeiro da sua impopular e desastrosa presidência, legue ao país tamanha selvajaria, completamente fora do sistema da nossa democracia.

Porém, desde que o poço de Boliqueime se transformou em fonte, tudo é possível!...

Até breve

A prova está na capa do i!...





Ora aí está a verdadeira coligação de Direita que governou o país nos últimos quatro anos e que se estava a preparar para continuar o seu trabalho, depois do "profícuo" trabalho que lhes deu a vitória em 4 de Outubro!...

Para quem alguma vez pensou que apenas os dois partidos representantes da Direita mais retrógrada e ultraliberal da Europa, foram responsáveis por tudo quanto aconteceu de mal neste país na última legislatura, aí está a prova que terá escapado aos mais desatentos.

Com a honrosa excepção de ALGUNS magistrados do Tribunal Constitucional e uma percentagem bem diminuta de gente séria que ainda se vai aguentando na magistratura, todo o resto pertence a um "partido sem rosto", quase clandestino, que vai realizando o "trabalho de sapa" no sentido de que o seu poder e o de quem os suporta, se perpetue!...

A prova está na capa do i!...

Até breve

Simples, linear, directo e incisivo... Está tudo dito!...


Moderados no meio de radicais

«Aqueles que ficam escandalizados com o facto de o PS estar a negociar com partidos que defendem políticas radicais esquecem-se que a direita também se radicalizou. E não foi pouco. O radicalismo deixou de ser uma característica exclusiva da esquerda portuguesa. O PS é, hoje, um partido de esquerda moderada no meio de dois blocos radicais, o tradicional, à sua esquerda, e um novo, de direita, representado pela coligação PaF.

Tendo posto de parte aquilo que os divide, PS, BE, PCP e PEV, que têm a maioria absoluta dos deputados no parlamento, tentam chegar a um entendimento quanto àquilo que os une: virar a página da austeridade e dar prioridade à recuperação do rendimento dos trabalhadores e dos pensionistas; defesa do emprego e dos salários e combate à precariedade; a defesa e a aposta no Estado Social e nos serviços públicos. Até ao momento, a esquerda à esquerda do PS parece estar disposta a abandonar o seu radicalismo na procura de um compromisso. É por isso que as negociações não têm sido inconclusivas.

A ideia de que PSD e CDS representam uma alternativa moderada, e não muito distante das posições do PS, esbarra na realidade dos últimos 4 anos e, também, no conteúdo programático desses partidos para os próximos 4.

Em primeiro lugar, partidos que mostraram não saber governar sem violar a Constituição não são moderados. Não é a questão de ser mais de esquerda ou mais de direita, é a questão de entender que, independentemente do posicionamento ideológico de cada partido, o estrito cumprimento dos limites constantes da Constituição não é uma opção, é o quadro dentro do qual cada partido pode legitimamente assumir as suas opções.

Em segundo lugar, a ideia de que a competitividade depende da desvalorização salarial, da precariedade laboral, da redução do IRC e da desvalorização do papel estratégico do Estado na economia é uma agenda típica da direita radical, que está nos antípodas do que o PS defende e propôs no seu programa. O desinvestimento na escola pública e na qualificação dos portugueses, a degradação dos serviços públicos de saúde e o ataque à segurança social, tudo com o objectivo de avançar com lógicas de privatização nos três pilares do Estado Social, são o oposto do que o PS sempre defendeu e continua a defender.

Na frente europeia, os últimos anos trataram de romper o relativo consenso que existia entre PS e PSD (CDS é um recém-convertido). Hoje, embora defendam a participação de Portugal no projecto europeu e na moeda única, esses partidos têm ideias diferentes sobre os rumos que o projecto europeu deve assumir. A direita portuguesa alinhou sempre com a linha dura europeia, quer no diagnóstico sobre a crise, quer nas sucessivas respostas que foram sendo dadas a essa crise, e não está interessada em promover qualquer tipo de mudança no actual quadro de políticas.

Da perspectiva do PS, dois partidos que transformaram uma crise institucional do projecto europeu e da moeda única numa crise de natureza moral, na qual a culpa e a expiação cabem aos países mais frágeis, não são capazes de defender os interesses de Portugal na Europa.

O actual momento político não é caracterizado pela blasfémia de ver um partido do chamado “arco da governação” a negociar com partidos radicais, mas sim pelo salutar abandono da ideia antidemocrática de arco da governação, posição defendida pelo PS desde o seu último congresso, e pelo normal envolvimento de todos os partidos com representação parlamentar na procura de uma solução governativa estável e duradoura. Nestas negociações, uma coisa é certa: o PS dialoga com radicais à esquerda e com radicais à direita. Se a esquerda for capaz de construir uma maioria absoluta no parlamento que não se limite a ser uma maioria negativa, não há nenhuma justificação democrática para que seja a direita, que está em minoria, a governar. Afinal, foi esse o desejo que a maioria dos portugueses expressou nas urnas: uma mudança de governo e de políticas. Cabe aos partidos de esquerda transformar esse desejo numa realidade.»
(João Galamba, Tempo comprado, jornal Expresso)

Simples, linear, directo e incisivo, como é timbre de João Galamba! Só não compreende quem não quiser...

Está tudo dito!...

Até breve

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

"Quem fala pelo Bloco sou eu"!!!...




Em quase todas as organizações se verifica o ridículo e desagradável efeito daqueles que, sem a noção da conveniência táctica ou estratégica e sem o mínimo sentido de estado, obedecem ao impulso que o umbigo lhes determina e se colocam em bicos de pés, borrando quadros quase sempre conseguidos à custa de muita inteligência e esforço por parte dos líderes que, desrespeitados e ultrapassados, acabam por ver o seu trabalho prejudicado por golpes narcísicos de ingénuas, pueris e imprevistas sabotagens: são os emplastros!...

No campo da política nacional, seria impensável assistir à actuação pública de um qualquer emplastro, no velho, experiente e organizado Partido Comunista Português. Em todos os seus membros, independentemente das responsabilidades que lhes estejam cometidas, existe a noção clara e inequívoca do respeito inalienável pela cadeia dirigente, pela disciplina partidária e pelo interesse estratégico comum. O narcisismo e o "emplastrismo" foram banidos há muitas décadas, caldeados numa luta heróica que a todos orgulha e que muito dificilmente sofrerá desvios.

O Bloco de Esquerda, qual criança de tenra idade, estará neste campo a aprender a andar, a dar os primeiros passos. Por isso não nos deveremos surprender perante tropeções, trambolhões, queixos partidos, hematomas e faces arranhadas pelo chão!

Na última sexta-feira aos microfones da Antena 1, Joana Mortágua armou-se em emplastro e disse aquilo que a inteligência nunca lhe deveria ter permitido dizer, em tempos de negociações difíceis para toda a Esquerda portuguesa e de relevante e decisivo interesse para o país que também é o seu.

Felizmente que o Bloco de Esquerda pode contar com a liderança firme e inteligente de Catarina Martins, que em seis simples palavras, deu uma lição ao emplastro e acabou com as dúvidas:

"Quem fala pelo Bloco sou eu"!!!...


Até breve

domingo, 18 de outubro de 2015

Os fumos da "esfíngica" chaminé de Belém!...


As alternativas do PS

1. O PCP e o BE continuam a pressionar o PS dizendo que a direita só se manterá no poder se os socialistas "viabilizarem" o governo da coligação na AR. Mas isto é um sofisma político.

O que é votado na AR não é o programa do governo, mas sim as moções de rejeição da oposição, se as houver. Não é a mesma coisa. Ora o líder do PS sempre disse que só alinhará na rejeição do governo PSD-CDS se houver uma solução de governo estável à esquerda, o que pressupõe os necessários compromissos políticos do PCP e do BE. Se estes não os quiserem assumir, então serão eles, e não o PS, os responsáveis pela tal "viabilização" do governo da direita.

2. Se não houver, como penso ser mais provável, um acordo de governo a três à esquerda com garantias de estabilidade, o PS não vai obviamente correr a aceitar a proposta de um acordo à direita para apoiar o governo da coligação. Pelo contrário, além de rechaçar essa proposta, entendo mesmo que o PS deve afastar qualquer negociação com a direita sobre a passagem do Governo, demarcar-se dele e assumir com plena autonomia o seu papel de líder da oposição,mantendo o Governo com rédea curta. É essa terceira via que defendo desde o princípio.

3. Aliás, para tornar claro que a sua votação nas moções de rejeição do PCP e do BE não significa nenhuma viabilização política do Governo, o grupo parlamentar do PS até poderia optar por votar maioritariamente a favor dessas moções, salvo as abstenções (ou faltas) necessárias para que elas não serem aprovadas por mais de 115 deputados. Desse modo, embora não rejeitado para efeitos constitucionais, o Governo iniciaria o seu mandato com uma pesada rejeição política na AR,sublinhando o seu irremediável défice de apoio parlamentar.


Como antigo, prestigiado e respeitado militante comunista, Vital Moreira sempre se revelou, desde o início do processo eleitoral em curso, convictamente céptico acerca de um eventual "acordo de governo a três à esquerda com garantias de estabilidade", apesar de sempre ter reconhecido a sua legitimidade.

Neste seu último texto, hoje mesmo publicado, volta a advogar entre os três cenários que entende como possíveis, aquela que do seu ponto de vista lhe parece ser a via que melhor servirá os interesses do Partido Socialista.

Mas o homem que é Vital Moreira põe e os "deuses da política portuguesa" dispõem! Em aparente "salto mortal" ditado pelo desespero de se ver irremediavelmente afastado do poder, Passos Coelho terá enviado na manhã de hoje uma carta a António Costa, aqui referida, onde entre as habituais diatribes, assume pela primeira vez uma quarta via, que ninguém desde o PS até ao próprio Vital Moreira, parece alguma vez ter considerado: “Se o Partido Socialista prefere discutir estas matérias enquanto futuro membro de uma coligação de governo mais alargada, que inclua, além do PSD e do CDS, o próprio PS, então que o diga com clareza, já que nunca excluímos essa possibilidade”.

Não terei os dons de adivinhação do mais famoso comentador televisivo, agora "carinhosamente embalado pelos media" para a corrida a Belém. Mas terei tanto direito e liberdade como ele para supor que Passos apenas terá encaminhado...
Os fumos da "esfíngica" chaminé de Belém!...

Acorda Esquerda!!!...

Até breve

Não tenho vontade nenhuma de me rir!...



Papão nosso que estais no céu

«Dizem os especialistas que os mercados reagem particularmente bem a Céline Dion e muito mal a Zeca Afonso. Os mercados são foleiros.

Nos últimos dias, os jornais têm sido invadidos por títulos como: "Aproximação entre PS e BE afunda acções da banca nacional"; "Acordo com Catarina com impacto negativo na bolsa"; etc. Ou seja, supostamente, o nosso PSI-20, que afinal são só 18, está mau por causa de conversas entre a Catarina e o Costa. É sabido que Catarina Martins esteve os oito últimos anos como presidente da PT e que o Bloco de Esquerda foi responsável pelo descalabro do BES. Nunca é de menos recordar que era Mariana Mortágua que ia jogar golfe com Carlos Costa, o que naturalmente o distraía da supervisão bancária. Quem nunca deu por nada em diversos bancos e mercados quer fazer-nos crer que a aproximação entre o PS e o BE assusta a banca nacional, mas o Carlos Costa ser reconduzido no Banco de Portugal, o Rendeiro dar palpites na televisão e ninguém saber onde anda o Dias Loureiro não lhes causa stress. No fundo, a bolsa é caguinchas e tem medo de meninas.

Resumindo, a coligação (e a comunicação social) soltou o papão. Depois de dias com o discurso da preocupação com o respeito pelo sentido de voto, voltaram ao que se lixe a democracia e ao "também não interessa porque os mercados não deixam!". Os mesmos que diziam que não ser o partido mais votado a fazer Governo é antidemocrático apostam tudo em que sejam os mercados a não deixar governar a esquerda. Os que ainda agora estavam preocupados com a nossa democracia suspiram que Bruxelas a limite. Passos, que fez discursos de: a Grécia votou, mas lamento não pode ser, tornou-se o maior adepto do respeito e análise aprofundada do sentido de voto. Esperava-se que Passos chegasse e não viesse com a conversa mole do tivemos mais votos. Noutros tempos, o Passos da maioria chegava e dizia: é uma vergonha andar a discutir resultados eleitorais quando toda a gente sabe que quem pode ser poder é quem tem o apoio do Schäuble e da Merkel. Ponto.

Junto com o papão dos mercados veio o papão dos comunistas. No meu tempo de criança, dizia-se que os comunistas comiam crianças ao pequeno-almoço, e muitos acreditavam, talvez porque fosse mais provável do que no Vaticano. Tentando despertar velhos fantasmas, as capas dos diversos jornais portugueses falavam no PREC e o Expresso tinha um mural comunista na sua edição online. Depois de semanas a distribuir a biografia do Hitler, agora estão em pânico com o PREC. Pinto Balsemão está com ataques de anacronismo. Percebo o descontrolo, em 15 dias perderam o Governo e a indústria alemã como exemplo. Só falta o Marcelo ser um travesti.

No fundo, tudo isto se resume a um medo terrível de que alguma coisa mude no que tem estado tão bem assim. Tudo pela tradição que aqui nos trouxe. Até a lógica do deve fazer Governo o partido mais votado, com o apoio do outro do arco, é a mesma da praxe: se não fizeres, és excluído. Não vem na lei, mas é tradição. Estamos perante a chamada Democracia de Barrancos. O melhor é matar o animal.»



Em momento tão sério da sociedade portuguesa, só o humor cáustico, viperino se preferirem, de João Quadros, para nos fazer aproximar os cantos da boca das orelhas!...

Mas por parodoxal que possa parecer, acreditem que o homem está a falar a sério e...

Não tenho vontade nenhuma de me rir!...

Até breve