sábado, 15 de setembro de 2012

Eu teria cuidado. Muito cuidado !!!...

Eu teria cuidado. Muito cuidado !!!...
 
1 de Maio de 1974 ocupa, na hierarquia dos dias felizes da minha vida, a quarta posição, apenas precedido pela beleza de um cravo já distante e esquecido por tantos e outros dois que reservo apenas para mim. Depois vieram outros dias bonitos - nem tantos assim, infelizmente, que esta vida é mais escura do que as telas dos pintores românticos -  que se amontoaram e degladiaram nas posições seguintes. O dia de hoje, 15 de Setembro de 2012, terá acabado com a luta fratricida pela quinta posição, despachando-a para o lugar abaixo.
Confesso a falta de crença na indignação do povo que hoje desceu à rua. Confesso humildemente o meu cepticismo e o meu arrependimento por não ter estado lá. Mas as notícias que me cairam em catadupa em casa e as formidáveis imagens que as televisões me mostraram, trouxeram-me aquele cheirinho a alecrim de que tão bem "falou" Chico Buarque de Holanda, quando o cravo pujante e perfumado inundou as ruas de um país e o coração de um povo.
Hoje o povo saiu à rua para dizer "basta"! Com os seus brandos costumes e a sua peculiar forma de agonizar em silêncio, hoje entendeu ser chegada a hora de mostrar que afinal é gente. E qual milagre dos pães, os 29 promotores das redes, terão chegado ou até porventura ultrapassado, o milhão que terá varrido os grandes espaços das nossas principais cidades de indignação e justos protestos.
Se eu liderasse o governo contra quem hoje protestou esta multidão, tomaria o aviso na devida conta. Porque a bola de neve que rola na encosta gelada, é sempre pequenina no começo. E um milhão já não será própriamente uma insignificância. Se um certo conforto e aconchego não for devolvido ao povo, à revelia dos dogmas e modelos económicos que parecem fazer deste pequeno e pobre torrão, um gigantesco balão de ensaio de uma minúscula seita de inescrupulosos tecnocratas a soldo da alta finança globalizada, as coisas poderão vir a resultar mais sérias do que os executores possam pensar.
Porque o "basta" que ainda ribomba por esse Portugal de lés a lés, não foi circunstancial e dificilmente regressará a casa. Sinto que ficou no ar, com um cheiro e potência semelhantes a vapores de gasolina. Basta - palavra demasiado ambivalente - um pequeno riscar de fósforo. Eu não arriscaria desafiar o perigo...
 
Até breve

2 comentários:

  1. Amigo/Irmão até nas convicções, espero mesmo que o Governo arrepie caminho e não aplique esta famigerada TSU que, na minha perspectiva, será apenas para agradar à Troika mais ainda do que qualquer outra medida de contenção de despesas, Caso contrário, até os patrões se juntam aos desempregados pois todos eles correm o risco de não ter clientes para os seus produtos ou serviços.

    Assim... NÃO!

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  2. Isto parece já não ter cura, Amiga!... É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, que esta cambada neoliberal desistir do projecto que defendem há anos com unhas e dentes. Estes ainda dão a cara, porque os dos bastidores estão mudos e quedos, aplaudindo em surdina... Já viste o Belmiro, o Amorim, o Soares dos Santos, virem a terreiro clamar contra a TSU?!... Vês os pequenos e médios empresários, mas não foram esses que encomendaram o "sermão" ao Passos. Porca miséria...

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