domingo, 3 de março de 2013

O Povo Português não necessitaria de sete longos anos !!!...

E se Thomas Minder fosse português ?!...
A Suiça será, para nós portugueses, uma miragem. Apenas alguns milhares de nós, normalmente pouco qualificados e a quem a roda da fortuna premiou com tal privilégio, conseguiram espreitar por entre frestas, o paraíso helvético.
Um dos povos mais civilizados e bem organizados do mundo, há muito que não permite a confraternização de pessoas com lixo, há muito que retirou os privilégios e a instrumentalização aos executores da Justiça, há muito que dominou a corrupção e os atentados de roubo fiscal, há muito que possui um sistema justo de solidariedade social, há muito que possui um sistema de saúde onde reina a equidade e a ausência de baronatos, há muito que sustenta um sistema de educação ímpar e que fomenta em cada dia a vanguarda da modernidade que orgulhosamente ostenta, há muito abateu generais e almirantes e respectivas forças armadas que comandavam na defesa de privilégios que apenas o seu corporativismo justificava e passou a exportar guardas para o Vaticano, há muito que optou pelo desalinhamento político, económico, financeiro e militar, com a globalização universal que controla o mundo e os cidadãos, há muito que é um país livre e dono de si próprio.
Há muito também que a iniciativa popular é um direito da população suíça, para modificar toda e qualquer lei. Caso qualquer grupo de cidadãos consiga reunir 100 mil assinaturas em nível federal num prazo de 18 meses, um qualquer tema poderá ser submetido à votação em referendo. Sem discussões estéreis e sem demagogias dilatórias. Está escrito na Constituição e ninguém discute. É assim e ponto final.
O texto referendado neste domingo, chamado iniciativa Thomas Minder (nome do promotor), reforça consideravelmente os direitos dos accionistas para impedir o pagamento de salários e bónus muito altos, como os 15 milhões de francos suíços (12 milhões de euros) pagos em 2011 ao diretor da farmacêutica Novartis; os 10 milhões para o chefão da alimentícia Lindt & Sprüngli, Ernst Tanner; os 12,5 milhões para o chefe da Roche, Severin Schwan; ou os 11,2 milhões para o patrão da Nestlé, Paul Bulcke.
Thomas Minder, que dirige uma pequena empresa familiar especializada em produtos capilares e em produtos bucais, a Trybol SA, constatando que os excessos salariais dos grandes executivos se explicavam pela falta de acção dos respectivos conselhos administrativos, que se mostravam   "incapazes(?) de controlar os salários da direcção" e que, em vez de fazer reservas, e depois pagar um dividendo de pelo menos 5% aos acionistas, como prevê a lei, os conselhos de administração ofereciam "salários astronômicos aos dirigentes antes de todo o resto".
Perante esta situação, Thomas Minder lançou a sua ideia em 2006, e necessitou de esperar sete anos para que o texto finalmente fosse apresentado aos eleitores, pois o Parlamento suíço opôs-se ferozmente à ideia desde o início do processo - lá como cá os parlamentares apenas defendem interesses próprios -, para se ver forçado mais tarde a adoptar "in extremis" uma contra-proposta, naturalmente bem menos ambiciosa, em que grande parte dos objectivos de Minder eram escamoteados e com a advertência séria, de que com a aprovação da iniciativa legislativa popular, a Suíça "passaria a ter o direito de sociedade anônima mais rígido do mundo".
Os suíços riram-se das advertências dos seus parlamentares e aprovaram em referendo, neste domingo histórico 3 de Março de 2013, com cerca de 60% dos votos, a iniciativa popular para limitar os salários astronómicos e abusivos dos altos executivos, segundo as primeiras projecções do principal instituto de pesquisas suiço.
Agora, depois de aprovado, será preciso esperar mais de um ano antes que ele seja efectivamente aplicado. O governo suíço será obrigado a redigir um projecto de lei respeitando as principais disposições da iniciativa, e depois levá-lo ao parlamento para aprovação.
Já vomito de enfartamento, a repetição sitemática do desejo dos par(t)idos da direita política lusa, de rever a Constituição da República Portuguesa. Estou de acordo com eles. Mas apenas com a introdução de um artigo semelhante ao que consta na Constituição Suiça e que possibilitou a realização do histórico referendo a que o povo suiço hoje foi chamado a responder. Os portugueses, se encarregarão depois, passo a passo, de rever a sua Constituição no sentido que melhor entenderem. E uma coisa eu estarei em posição de garantir: o milhão e meio de portugueses que ontem estiveram nas ruas a pedir a demissão do actual governo, não necessitariam de 7 longos anos, para que uma boa dúzia de iniciativas justas e decisivas para a felicidade de todo um Povo, se viessem a concretizar!!!...
 
Até breve
 

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