quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Em Outubro, sinto que seremos capazes!...



"... Portugal coleccionou nos últimos anos um rosário negro de indicadores macroecomómicos e sociais. Desemprego, quebra de rendimentos, pobreza, atingiram recordes de sempre, nos últimos 3 anos. Tal como atingiram máximos de sempre os aumentos de impostos e a injustiça na sua distribuição. 2015 arranca sem nenhuma esperança fundada de melhoria dos indicadores económicos e sociais. O Governo repete a receita cega do austerismo económico e da irresponsabilidade social. Por detrás do OE 2015 escondem-se vários jogos de sombras. Na verdade, são apenas truques destinados a criar, em ano eleitoral, três tipos de convicção: que o pior já passou, que o governo salvou o país e que até o nível de vida já melhorou. Nada mais falso. Sem níveis de investimento e de crescimento suficientes, cenário mais do que provável, agora agravado pelas sombras de deflação que pairam sobre a UE - que continua a ser o maior o principal destino das exportaçóes portuguesas - 2015 será apenas mais um ano desperdiçado.

O próximo Governo, certamente não este, terá como tarefa primordial a renegociação da dívida pública, que aumentou brutalmente nos últimos três anos. No actual formato de amortização, ela consome a maior parte dos recursos necessários para desenvolver o país. É preciso renegociar a dívida. Para libertar recursos, para criar riqueza e podermos pagá-la. É preciso refazer as contas. É preciso negociar prazos de amortização realistas. É preciso rever taxas de juro - algumas já acima dos valores normais de mercado. É preciso termos voz na Europa, agirmos com determinação, capacidade negocial e sem dramatizações. Precisamos uma nova atitude na Europa. Sem complexos, sem subserviências, com ambição para Portugal e para a Europa.

2015, com as eleições de Outubro e a mudança de governo, abre-nos essa oportunidade, essa esperança.
(Ana Gomes, in Causa Nossa)

Coloca-se pela frente a todos nós, portugueses, uma dura e dolorosa gestação de nove meses, até que "a esfíngica figura plantada em Belém", nos conceda a oportunidade de, democraticamente, fazer o que há muito, muito tempo e também democraticamente, um "el-rei" que ninguém pediu e que uma grande maioria hoje detesta e até odeia, deveria ter feito.

As razões fundamentais, se outras não houvesse, estão colocadas de forma clara e inequívoca, no excelente texto de Ana Gomes, de que extraí e publiquei acima, a parcela mais importante, mas por cujo suporte recomendo vivamente a leitura integral.

Que Outubro de 2015 não volte a ser o ritual do costume. Que a tomada de consciência da importância desse acto, por parte de todos aqueles que há mais de três anos veem sentindo o vilipêndio de uma governação desastrosa, seja uma redentora realidade.

"“Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”", terá sido a palavra de ordem de Sebastião José de Carvalho e Melo, após o Terramoto de 1755, que outro rei, D. José, bem menos senil e mais pragmático e patriota que o actual, fez valer como lei prioritária e incontornável. E Lisboa foi salva!...

Hoje o quadro, sendo manifestamente tão aterrador como em 1755, revela-se contudo de mais fácil resolução!...

A peste e os mortos, jazem inclausurados de quarentena, nos palácios de Belém e São Bento e nos gabinetes ministeriais. E o seu enterro, em vez do beneplácito régio, dependerá exclusivamente da vontade popular.

Os portos, em vez de fechados, deverão ser abertos de par em par, para exportar a riqueza que formos capazes de produzir e importar apenas aquilo de que tivermos necessidade, numa relação sã, séria e honesta que nos permita viver com dignidade.

Os vivos, cuidar-se-ão a si próprios, desde que, em liberdade, a sua vontade seja respeitada. Porque a saúde, o pão, o tecto, a justiça e a educação dos nossos filhos, decorrerão dessa mesma vontade.

Em Outubro, sinto que seremos capazes!...

Até breve

1 comentário:

  1. Um bom texto da Ana Gomes, tb acredito, amigo Álamo que em Outubro, vamos ser capazes, pois creio que este povo, que hoje somos, tão atormentado, espezinhado, empobrecido e ferido, ao longo destes anos, hoje já se terá apercebido do grande erro que foram as últimas eleições,e só pensará em sarar as feridas, e isso só vai ser possível com um governo que tenha a pessoa no centro das suas preocupações.

    Abraço e SL

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