sábado, 28 de fevereiro de 2015

"Triste Povo, que nem se governa, nem se deixa governar"!...





Tantos prémios, tanto reconhecimento, tantos milhões, fora os que virão a caminho, para afinal Mariana Mortágua desmontar e reduzir a pó, com inteligência, competência, conhecimentos e provas irrefutáveis, com uma simples palavra: AMADORISMO!... 

Não fosse dar-se o caso, grave, degradante e infeliz, de no Palácio de Belém morar uma insignificante, senil e esfíngica figura, músico de uma mesma e desgraçada orquestra, e o prémio que foi entregue a 10 de Junho, como tantas outras comendas e sinecuras, compradas ou mal atribuídas, há muito lhe teria sido retirado!...

Assim, neste país que premeia a corrupção e a charlatanice e continua a "brincar ao faz-de-conta", nem dez "marianas mortáguas" seríam capazes de lhe "fazer a cama", porque logo se ergueriam milhares de vozes "b(r)avas", com a mesma cartilha debaixo do braço!...

"Triste Povo, que nem se governa, nem se deixa governar"!...

Até breve

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Gostaria de ter escrito isto...


Não dá para perceber... 

... o aranzel criado dentro e fora do PS pela alegada gaffe de António Costa num discurso à comunidade chinesa residente no país.

Por um lado, seria uma irresponsabilidade política não admitir que "o país está diferente", para melhor, em termos económicos e financeiros, em consequência do programa de assistência externa (incluindo com a contribuição do investimento estrangeiro chinês); por outro lado, reconhecer isso em nada coonesta os enormes custos sociais para o País do programa de ajustamento, tal como executado pelo Governo (mais pobreza, mais desigualdade, mais desemprego. mais emigração).

Adenda
É de lamentar a saída de Alfredo Barroso por causa disto. Mas, na verdade, a decisão não surpreende, pois era notória há muito a sua desafeição em relação ao PS e a sua aproximação ao BE. Por experiência própria (há muitos anos...), penso que quando saem de um partido onde militaram muitos anos as pessoas não o fazem de ânimo leve, nem "de cabeça quente"; há muito encaravam essa possibilidade, só precisando de uma boa oportunidade para a concretizar...

Subscrevo inteiramente a corajosa opinião de Vital Moreira, quando o silêncio seria mais cómodo e politicamente correcto, sobre a alegada gaffe de António Costa, que mais não será que o reflexo da sua honestidade política, espécie há muito condenada à extinção na cena política portuguesa.

António Costa apenas afirmou o óbvio, perante uma plateia que dificilmente lhe toleraria quaisquer tiradas demagógicas e eleitoralistas. Foi inteligente e sério, gesto que, obviamente, não poderia ter correspondência por parte da pequenez dos seus adversários políticos, cegos pelas luzes da ribalta de uma campanha eleitoral que há muito declararam aberta e sem cuidar de curar a ferida que Vital Moreira aponta, essa sim, da sua inteira responsabilidade.

E mais subscrevo ainda, a matéria que Vital Moreira trata em adenda. E também por experiência própria, exactamente há tantos anos como o sucedido com ele. Quando se abraça uma causa duarante tantos anos, nunca é de ânimo leve, nem de "cabeça quente", que se abandona a "trincheira"! E acrescentaria que se trata de um "parto muito difícil", para quem tem o seu pensamento e concepção de mundo, bem arrumadinhos na cabeça.

E sim, a ideia e a possibilidade convivem durante longo tempo connosco, "só precisando de uma boa oportunidade para as concretizar"!...

Até breve

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Lágrimas de Pedro Barroso! Mas eu não disse nada disto, claro!...



"Ontem, com aquele concerto na RTP memória, no Auditório Europa ( que já não existe, claro...) foi dia de lembrar e olhar no tempo. E hoje muitas pessoas olhavam para mim com um olhar de cumplicidade e de saudade ao mesmo tempo.

Uns manifestavam-se outros sorriam apenas. Passaram 31 anos daquele Pedro Barroso de ontem. Hoje outro, seguramente mais maduro, menos explosivo, mais sentado.

Mas de facto, apesar das poucas ou nenhumas condições que nos davam para ensaios, naquele tempo havia iniciativa e produção de programas musicais nacionais.

A RTP convidava autores portugueses para exporem e mostrarem a sua obra. Fazia produção própria. Reunia-se uma orquestra e ia-se para a frente. Num dia alinhavam-se temas ensaiava-se luz e som fazia-se tudo. Era um susto mas olha iamos para a frente e saía sempre quaquer coisa!

E - mesmo que pouco, segundo lembro, - pagava-se alguma coisa aos intervenientes. Hoje quando há convites!...- são sempre para actuar à borla - porque é "promocional" aparecer na Tv. O artista supostamente ainda deve agradecer que se lembrem dele; e curvar a cerviz.

Ora. Nesta altura do campeonato é promocional porquê? Eu quero lá saber. Não quero bombear já, nem cavalgar ondas que não são minhas. Aprendi a turbação e a serenidade ao mesmo tempo. A inquietação a reflexão. Aprendi as artes dos homens e as suas fraquezas. Os pequenos deuses efémeros e os valores de sempre.

Aprendi a ter outro relógio do Tempo.

E tenho produção e temas que retratam esse meu modo de entender a arte e a cultura, tão diferente do consumismo pateta que hoje tanto se vive e recomenda.

Verifico com tristeza que quase não passo nem na radio nem na Tv. A 1ª, por critérios que ninguém sabe, ligados a uma politica de playlists baseada nas novidades e lançamentos recentes e a uma indisfarçável hegemonia de algumas editoras; a outra por já não produzir concertos em português há muito tempo. Aproveita quando muito, os que fazemos, se estiver atenta. Ou nem isso.

Supostamente, é tudo uma guerra de audiências. Não sei. Mas programas de musica - como uma vez me disse o imbecil Almerindo - não dão publico. E era ele que mandava na RTP. Ponto. Suponho que ainda se pense assim.

Resta-me aqui e no you tube o testemunho vivo e circulante da minha obra. E a reacção de espanto e apoio de tanta gente. Milhares.

E o discreto orgulho, aqui para nós, de ver que estou muito melhor acompanhado no grupo dos que NÃO passam nos media do que estaria no grupo dos que lá aparecem a toda a hora.

Há luto pela qualidade neste país. Talvez desconfiança. Autismo. Passe o desabafo. Ontem confirmei: - caramba, já ando nisto há tanto tempo! Tantos amigos, tantos anos de musica, tanta estrada! O que faço cada vez mais será para ficar e ser intemporal. Não me interessam as modas. Portanto fico aqui, com os amigos.
Mas eu não disse nada disto, claro.

Sim Pedro! "Há luto pela qualidade neste país", meu Amigo! E pela Arte! E pela Cultura! E pelo que é nosso e genuinamente português!...

E restam-nos os nossos velhos discos, o FB, o Youtube e... a blogosfera, meu Amigo, esse gigante que por enquanto ainda ninguém se lembrou de ostracizar ou mandar calar!...

Entra Amigo, este cantinho também é teu!...



Grande abraço meu Amigo!

Até breve

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Pelo andar da carrugem, se vê quem lá vai dentro!...



No meu outro blog, onde defendo outras causas e outras cores, hoje escrevi, revoltado, decepcionado, humilhado e arrependido, este texto, libelo acusatório sobre quem tanto tenho defendido:

"Considero prepotente, injusta e eleitoralista, a decisão aprovada pelo executivo de maioria socialista da Câmara Municipal de Lisboa, com os votos contra de toda a oposição - PSD, CDS, PCP e de uma vereadora do movimento Cidadãos por Lisboa (eleita nas listas do PS) -, de isentar o Sport Lisboa e Benfica, do pagamento de taxas urbanísticas no valor de cerca de 1,8 milhões de euros por intervenções a realizar junto ao Estádio da Luz, conforme relatam hoje diversos orgãos de comunicação social, de que destaco este, por me parecer o mais detalhado e abrangente.

Que se isentem de taxas as intervenções urbanísticas que apontem para a contrução ou melhoramento de infraestruturas desportivas, todos os lisboetas e portugueses compreenderão e estarão de acordo. Mas que tal decisão incorpore no mesmo saco, áreas pretensamente entendidas como áreas complementares à actividade desportiva, ou de interesse público, absolutamente à margem da vocação da instituição ora isentada, como a Benfica TV, restauração e parqueamento, de índole puramente comercial, ninguém alguma vez entenderá.

Mas mais caricato ainda, será o facto de esta isenção, pura e simplesmente englobar também, branqueando, perdoando coimas ou pretendendo fazer esquecer uma parte substancial de construções contíguas ao estádio do Benfica, que foram realizadas sem licenciamento e sem fiscalização da Câmara. Estas coisas apenas acontecem em Portugal ou nas múltiplas "repúblicas das bananas, semeadas por países do 3º mundo"!...

Quase dois milhões de euros de perdão, por parte de uma entidade pública a uma entidade privada, depois do caricato "perdão da dívida fiscal", levado a cabo há uns anos atrás, por Manuel Ferreira Leite, que aceitou receber e considerar liquidada essa dívida, em troca de acções da Benfica, SAD, cujo valor comercial era... ZERO, a todos cheira a uma... "suja e 
nauseabunda jogada eleitoralista".

Não tardarão muitos meses para que Luís Filipe Viera, seguindo o vergonhoso e antidemocrático exemplo de Manuel Vilarinho, venha "falar às suas tropas" e afirmar, como "dono da nação": TEMOS DE VOTAR NAQUELES QUE NOS AJUDARAM!...

Mais uma página negra da vergonhosa concupiscência instalada na vida pública portuguesa, que apenas poderá ser travada pela não ratificação desta decisão do executivo de António Costa, por parte da Assembleia Municipal, em que os socialistas estão em minoria.

E é bem provável que António Costa tenha porventura desbaratado de modo sensível e substancial, o capital de confiança que havia grangeado por parte de milhões de portugueses, nos quais até agora me incluía...".

Não haverá nada que determine mais raiva em mim, do que a sensação de me sentir enganado, por alguém a quem ainda nem sequer entreguei o meu voto!...

É que, pelo andar da carrugem, logo se vê quem lá vai dentro!..

Até breve

domingo, 1 de fevereiro de 2015

O debate sobre o futuro de Portugal e da Europa, já não passa por Passos Coelho!!!...


A Grécia em Portugal

vitória do Syriza terá efeitos em toda a Europa. Já está a ter. Os problemas na aprovação da continuação das sanções à Rússia são apenas o primeiro exemplo. Porque o governo grego é quezilento? Não. Porque leva a sério uma ideia simples: a União Europeia é uma união de Estados soberanos com igualdade de direitos e deveres. E todos têm uma palavra a dizer sobre o que a União decide. Isto, que devia ser óbvio, tem estado ausente da lógica política da União. A UE é hoje uma união de três ou quatro Estados que tomam decisões que se aplicam a 28. E é isto, entre outras coisas, que está a matar o projecto europeu. Deste ponto de vista, a entrada em cena da um país que pretende ganhar peso político na União, até porque o desfecho da renegociação da sua dívida depende desse peso, é um elemento fundamental para qualquer transformação europeia.

Há, no entanto, uma coisa de que não tenho dúvidas: será difícil a Grécia conquistar uma solução equilibrada para sair da asfixiante crise em que se encontra e, ao mesmo tempo, ficar no euro e na União Europeia, sem encontrar aliados noutros Estados. E será difícil os periféricos reequilibrarem os desequilíbrios da construção europeia, da arquitectura do euro e da relação da Europa com a sua crise financeira sem aproveitarem esta oportunidade. A vitória do Syriza é, independentemente da convicção ideológica de cada um, uma oportunidade histórica para mudar as regras do jogo. Insistir no "nós não somos a Grécia" é insistir no isolamento. Em vez da força de uma aliança de quem tem interesses coincidentes, esperam-se favores por bom comportamento. Já nem sublinho a cobardia do raciocínio. Ele é, antes disso, estúpido.

A vitória do Syriza cria, em Portugal e noutros países, novas oportunidades e dificuldades a quem se candidata ao poder. Já não basta falar da mera gestão das imposições europeias. A Europa passou a ser o palco de um confronto sobre o seu próprio futuro.

Deste ponto de vista, as posições de solidariedade política com o novo governo grego, vindas de sectores que não dividam com ele convicções ideológicas, não são, como alguns julgam, sinal de "radicalismo". São sinal de pragmatismo. Portugal, Espanha, Irlanda ou até Itália e França só poderão voltar a por na agenda uma solução europeia para as dívidas soberanas e para a disfuncionalidade do euro se tiverem um aliado que comece por romper consensos gastos. É no sucesso de Alexis Tsipras que se joga o seu poder negocial.

Deste ponto de vista, a vitória do Syriza cria, em Portugal e noutros países, novas oportunidades e dificuldades a quem se candidata ao poder. Já não basta falar da mera gestão das imposições europeias. A Europa deixou de ser uma entidade externa que nos impõe coisas desagradáveis e passou a ser o palco de um confronto sobre o seu próprio futuro. E todos os Estados estão obrigados a tomar uma posição. Deste ponto de vista, a vida fica dificultada para quem não tem nada a dizer sobre a Europa que deseja e se habituou a manter uma postura passiva de "bom aluno". Em Portugal é, para o PS, uma autêntica revolução. Que exibirá as suas divergências internas.

Para as forças à esquerda do PS, o primeiro governo mais à esquerda a tomar posse num país importante para esta crise, também não será fácil de gerir. As escolhas difíceis que Tsipras vai fazer e o pragmatismo a que está obrigado para vencer o braço de ferro com Merkel confrontarão o hábito do discurso irredutível sobre tudo, habitual em parte da esquerda portuguesa, com uma realidade sempre mais difícil. Deixar cair a exigência da saída da NATO e a escolha dos Gregos Independentes para aliado de governo foram só os primeiros sapos. O pragmatismo não deve ser a cultura da traição e da cedência permanente. Mas obriga a ter prioridades para escolher no que se cede e no que não se cede. Coisa que não se exige a quem não queira governar. Deste ponto de vista, o Syriza também vai ser muito pedagógico para o resto da esquerda.

Quanto à nossa direita, está só revoltada por Tsipras não ser Hollande.

Tresloucada e infantil, a reacção de Passos Coelho à vitória do Syriza diz tudo. 
O seu discurso político está ao nível das caixa de comentários dos piores jornais. 
Quando vem a decadência política costuma notar-se mais a indigência intelectual.

Percebe-se que o debate sobre o futuro deste país e da Europa já não vai passar por ali.
(Daniel Oliveira, Antes pelo Contrário/Expresso)

Esta sublime crónica de Daniel Oliveira é uma  inegociável e tripla dádiva dos deuses! Em primeiro lugar, porque fornece a todos os seus leitores, as ferramentas necessárias e suficientes para que possam soltar o seu libertário "grito do ipiranga" sobre os discursos alienados, vazios ou ocos, da quase totalidade dos comentadores e politólogos das nossas estações de televisão, rádios e jornais, em regime de pérfida avença.

Em segundo lugar, porque constitui um corajoso e pragmático epitáfio sobre a carreira política de Pedro Passos Coelho e de toda a "generosa corja" que o acompanha no Governo e nas mais variadas instâncias que dele decorrem.

Finalmente, porque sugere a todos aqueles que ainda acreditam no Futuro, que será TEMPO DE AVANÇAR... 

Decidida e corajosamente!...

Até breve