terça-feira, 30 de julho de 2013

Brincando aos pobrezinhos !...

Eis a Cristina, como gosta, a brincar aos pobrezinhos!...
 
Cristina Espírito Santo, filha de um administrador do BES, confessou, na Revista do "Expresso", que gosta de ir para a herdade da família na Comporta, porque é como "brincar aos pobrezinhos". Sem classificação a atoarda desta pobrezinha. De espírito. O espelho fiel   da insultuosa miséria intelectual e moral da nossa elite económica.
 
Sem que o consiga reprimir, as palavras ocas e provocadoras desta gente, fazem-me nascer entre os dentes a mesma raiva que Nicolau Santos já afirmou sentir na ponta dos dedos e no tremer dos seus maxilares. E, como em Daniel Oliveira, despoletam-me  uma irreprimível vontade de brincar às revoluções, ainda que como ele não me defina com um revolucionário, na verdadeira acepção da palavra.
 
Porque não consigo desligar aquilo que Passos Coelho está a levar a cabo de há dois anos a esta parte e que sendo tudo menos sanear as finanças públicas e relançar a economia para a maioria das pessoas, apenas pretenderá garantir uma maior fatia na distribuição de rendimentos para uma minoria de privilegiados - aqueles que podem "brincar aos pobrezinhos" na Comporta.
 
E vem-me à memória uma frase batida, um pensamento com bem mais de um século, que eu julgara ultrapassado pela força progressista de um mundo cada vez mais globalizado e a caminho de um superior estágio civilizacional: 
 
"... O capital tem horror à ausência de lucro; quando o capital fareja o lucro torna-se ousado. A 20% fica entusiasmado. A 50% é temerário, a 100% enlouquece à luz de todas as leis humanas e a 300% não recua perante nenhum crime.".
(Karl Marx, "O Capital").

A miséria intelectual e moral da nossa elite económica, perdidos o pudor e a vergonha, volta a exibir a sobranceria de 1974. Com as costas quentes de um governo que lhes satisfaz os caprichos e cumpre os desígnios, já não teme o "reviralho" que as urnas, eventualmente, lhe poderiam trazer. Vive com a certeza de que a estupidez colectiva de um povo lhes permitirá amanhãs radiosos iguais ao tempo presente, porque no seu seio parece existir cada vez menos indignação suficiente para mudar. Já não haverá em Portugal, mortos, vivos e aqueles que andam no mar. Essa classificação clássica terá desaparecido definitivamente. Agora, haverá os ricos, os pobrezinhos e os lambe-botas! Cada povo tem aquilo que merece !...

Até breve 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Maria Luís, os swaps e as mentiras...

 
 
A matéria está na ordem do dia! Provocou uma tremenda "dor de cabeça" no Governo actual - antes e depois de "esfingicamente" remodelado -, aumentou exponencialmente a dívida de quase todas as empresas públicas, já fez "cair" secretários de estado e ninguém garante que não possa vir a causar a "queda" de outros governantes, incluindo ministros e ministras e muito menos alguém poderá garantir que o processo desencadeado pelo Ministério Público e que quase ainda estará na casa da partida, não possa vir a determinar prisões preventivas, pulseiras electrónicas ou mesmo "choça" suspensa ou até efectiva. Vá lá o diabo sabê-lo, porque isso é coisa exclusiva da intocável e "justamente" considerada irresponsável Magistratura Judicial. Uma coisa sabemos, todo o mundo já lhe conhece o nome: chamam-se "swaps", que em português se poderão entender como... TROCAS!...
 
Todos aqueles que na década de 90 tiveram a coragem de avançar para a compra de habitação própria sob empréstimo bancário, face à forte possibilidade de os anos seguintes lhes trazerem previsíveis subidas de juros, terão optado pelas propostas que os próprios bancos lhes fizeram de contratos swaps, que já nessa altura eram, nada mais nada menos, que a troca de uma taxa de juro variável, indexada à Euribor, por uma fixa. E se,  nesses tempos essa opção era compensadora, quando entrámos na década seguinte, a realidade da economia mundial tinha entrado em profundas alterações e a variação da taxa Euribor passou a apresentar crescimento negativo, o que transformou os contratos swaps numa péssima opção, que todos aqueles que se acolheram sob esse "guarda chuva", trataram de renegociar com os bancos de modo a minimizar prejuízos.


Do mesmo modo, as empresas públicas sempre fizeram contratos de financiamento semelhantes e se até à década de 90 esses contratos swaps foram interessantes e positivos na gestão dos créditos publicos, o mesmo não aconteceu depois disso. E é aqui que falharão todos aqueles que acusam os governos de José Sócrates de ter entrado em grave erro, pelo simples facto de não terem sido supervisionados a nível governamental, os contratos que continuaram a ser efectuados pelas empresas públicas, porque o estabelecimento desses contratos e o supervisionamento posterior nunca dependeram da tutela governamental, antes das decisões dos gestores de cada uma das empresas públicas em causa.

 
Chegado aqui, não me proponho explicar, por reconhecimento manifesto da superficialidade do meu conhecimento, a evolução da "História dos swaps", mas não me custa nada deixar esta pista, que refuto de suficiente para alcançar a rama da matéria e compreender que, "... só a meio de 2012 é que as taxas de juro voltaram a cair para valores em que os swaps são altamente prejudiciais, e parece-me que foi a partir daqui que as coisas começaram a correr mal...".
 
Para que possa ser compreendida a verdadeira extensão sobre a repartição das responsabilidades de cada uma das empresas públicas em causa e sobre os respectivos gestores que as assumiram, também deixarei aqui uma pista interessante, de modo a tornar menos extenso este meu texto.
 
Mas porque a dimensão do impacto catastrófico que as perdas provocadas pelos swaps poderia acarretar para as empresas que os haviam contratado e concomitantemente para a dívida pública portuguesa, as campainhas governamentais terão tocado a rebate ainda no final da vigência do governo de José Sócrates e na transmissão de poderes, Passos Coelho e os seus pares das áreas respectivas, foram alertados para a necessidade imperiosa e urgente de acautelar a renegociação de todos os contratos swaps no mais curto espaço de tempo, de modo a prevenir uma previsível exponenciação dos seus encargos.
 
Retirando desta análise todos e quaisquer actos de natureza criminal por parte dos gestores dessas empresas públicas, em torno das suas decisões no estabelecimento dos contratos swaps com cada um dos múltiplos bancos intervenientes e da sua criminosa continuidade sem renegociação, com os mais do que evidentes ganhos para estes e os reflexos prejuízos para o Estado, a que a investigação do Ministério Público eventualmente venha a conduzir, importará tão só concluir, sob o prisma do cidadão comum, a responsabilidade de quase dois anos de inacção por parte do governo de Passos Coelho que, avisado atempadamente - como esta palavra assume contornos curiosos -, pesem embora as comprovadas mentiras da hoje ministra das Finanças em sede de Comissão de Inquérito parlamentar, a "água benta" que Passos Coelho sobre as mesmas derramou, assim como as garantias dadas por este junto do Presidente da República sobre a idoneidade da senhora Ministra, deixou disparar os encargos até aos actuais, astronómicos e obscenos, 3.000 milhões de euros. 
 
Se enoja a qualquer cidadão, a argumentação utilizada pelos arautos da defesa de uma maioria parlamentar que suporta a incompetência do governo de Passos Coelho, ao descarregar sobre o governo de José Sócrates, as culpas desta verdadeira desgraça que só a incúria daquele permitiu. Se revolta assistir à cobertura dada por uma maioria parlamentar às mentiras comprovadas por documentos oficiais de Maria Luís Albuquerque, enquanto Secretária de Estado e Ministra das Finanças, em sede da Comissão Parlamentar. Se indigna a complacência de um Presidente da República, surdo, mudo e quedo, perante a realidade dos factos despejados quase diariamente há muito tempo, sob a sua brandura e conivência. O que dizer de uma Procuradoria Geral da República e respectivo  Ministério Público, em quem o povo delega a administração de uma Justiça absolutamente independente do poder executivo, quando vão, com evidente excesso de zelo, encanando a perna à rã e atirando para as calendas o apuramento da verdade, só a verdade e nada mais que a verdade?!...

Amanhã assistiremos na AR, a nova e confrangedora repetição de toda a argumentação falseada de Maria Luís Albuquerque, a novel ministra das Finanças. Pode ser que ela própria, desta vez, estabeleça o seu prazo de validade! Ou não!...

Até breve

sábado, 27 de julho de 2013

Um crime sem perdão, de um governo de mentecaptos...

 

Privatização dos CTT: um crime sem perdão

Por Daniel Oliveira


Em vésperas de férias, o governo decidiu iniciar o processo de privatização de 100% dos CTT. Nenhum razão financeira o justifica. Os Correios dão lucro. Desde do início dos anos 90, quando as telecomunicações foram autonomizadas do serviço postal, que a empresa respira saúde, coisa que se acentuou a partir de 1996. O serviço postal é plenamente sustentável e, prestando um serviço público de referência em toda a Europa (e sendo uma das empresas com melhor imagem junto dos portugueses), ainda dá dinheiro a ganhar ao Estado. Dinheiro de que o Estado precisa. Nem os erros cometidos por incompetentes nomeados por governos que não respeitam os serviços públicos (e que os dirigem com o simples objetivo de os privatizar) conseguiu destruir os Correios.

O dinheiro desta privatização terá de ir para os credores, porque os resultados das privatizações vão obrigatoriamente para o pagamento do serviço da dívida. Tem apenas efeitos nas despesas com os juros da dívida. Ora, só os CTT e os vinte por cento na EDP recentemente privatizados davam ao Estado, em dividendos, todos os anos, o mesmo que se ganha na redução dos custos da dívida com todas as privatizações feitas e planeadas para estes anos. Para abater a dívida agora está-se a perder uma fonte de receitas públicas para sempre. Ou seja, estamos a garantir o endividamento futuro. Isto sim, é hipotecar a vida dos nossos filhos.

Nenhuma razão de qualidade e serviço público justifica a privatização dos CTT. Os Correios são um instrumento de coesão social e territorial. Aos privados interessará apenas o que dá lucro: Lisboa, Porto e cidades mais populosas. Ou abandonam as regiões mais remotas do país, ou fazem preços diferenciados, ou o Estado financia o que não rende (como faz hoje com várias empresas privatizadas). Ou seja, privatiza o lucro e mantem o prejuízo nacionalizado. Em qualquer um dos casos, ficamos a perder.

Todas as empresas de correios têm, com a queda da correspondência postal, redirecionado, como sucesso, os seus negócios. E os CTT também. Os Correios, como mostram os seus resultados financeiros, não estão em crise, não são um anacronismo e não precisam de privados para lhes mostrar o caminho a seguir. Têm, de longe, os melhores profissionais deste sector. E são, à escala europeia, uma referência. Quem compre os CTT pouco nos irá ensinar. Vai sobretudo aprender com a nossa experiência.

Os candidatos que se conhecem à privatização dos CTT são os Urbanos e os Correios do Brasil (ECT). Uma empresa de distribuição e uma empresa pública estrangeira. Ou seja, uma empresa que não terá, como é evidente, qualquer preocupação com o serviço público ou, à semelhança do que aconteceu com parte da EDP, uma nacionalização de uma empresa portuguesa que passa a estar dependente das decisões de um Estado estrangeiro. Um Estado que é suficientemente inteligentes para manterem públicos os seus serviços postais e ainda aproveitar a estupidez alheia para comprar excelentes "ativos".

Sem autonomia monetária, sem poder sobre grande parte das políticas de concorrência e com todas estas privatizações, pouco sobreviverá, para além da cobrança de impostos, nas funções económicas do nosso Estado. O que significa que pouco sobreviverá da nossa independência. Não porque, como diz Paulo Portas, estamos sob "protectorado". Mas porque somos governados por gente sem qualquer sentido patriótico. Como se vê pelos efeitos financeiros desta privatização, não se trata de uma inevitabilidade. É uma escolha. É uma traição.

Esta privatização é um roubo aos portugueses e ao Estado. É, de tudo o que este governo já fez, a mais vergonhosa das decisões. Os CTT são património dos portugueses, não são património do governo. Dão lucro, não dão prejuízo. Cumprem uma função fundamental para a coesão do País, não são gordura. São uma empresa de referência na Europa, não é um poço de problemas. As privatizações da REN, das Águas de Portugal e dos CTT (tudo monopólios naturais) são, depois de feitas, irreversíveis. Cabe aos portugueses defenderem o que é seu. Ou esta geração ficará na história como a que destruiu, deliberada e conscientemente, o património que recebeu e a viabilidade do futuro do seu próprio país. E seremos recordados, com todo o mérito, como a mais vergonhosa das gerações.  
Declaração de interesses: sou neto, filho e enteado de reformados dos CTT. Conheço bem a empresa. Sei do orgulho que os seus funcionários têm em lá trabalhar, coisa que acontece em poucas grandes empresas públicas ou privadas. Sei como a empresa é vista pelas suas congéneres internacionais. E como só pode ser um motivo de orgulho para o Estado português e para os seus cidadãos.

Também aqui deixo a minha declaração de interesses: sou filho de um já falecido, humilde guarda-fios dos CTT, que calcorreou montes e vales por esse Portugal fora, para ajudar a colocar de pé aquilo a que hoje chamam a rede de telecomunicções aérea de cobre e que o meu bom pai chamava de "traçados", sou sobrinho e tenho primos de 1º e 2º grau, que foram e são técnicos de telecomunicações exteriores, interiores e de mesas de ensaios de telecomunicações, dos CTT e... sou um cidadão português que se envergonha da traição que um governo de mentecaptos está a fazer ao povo a que pertence. Subscrevo inteiramente as palavras patrióticas de Daniel Oliveira.

Até breve

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Talvez um dia deixemos de ser burros !...

 
 
Agora já não resta qualquer dúvida: a nova ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que não é mentirosa, porque nenhum ministro pode ser mentiroso e para mais se for do PSD mas, como diria Manuel Maria barbosa du Bocage, "o peido que aquela senhora deu, não foi ela, não, fui eu"!...
 
É a insuspeita agência Lusa que o confirma, uma vez que terá na sua posse os emails comprometedores, trocados entre o ex-director-geral do Tesouro e Finanças Pedro Felício e a então secretária de estado e agora ministra Maria Luís Albuquerque, como a edição online do Jornal de Negócios aqui reporta.
 
Estamos bem servidos! É tudo gente séria, íntegra e que cultiva os mais elementares princípios da ética e da moral, aquela que faz parte deste remodelado governo. Nem sei se as "espertezas saloias" e a corrupção que Miguel Relvas terá utilizado e que o terão afastado para sempre da política, se porventura em Portugal existisse uma magistratura judicial digna e impoluta, seriam alguma vez tão penalizadas como as inverdades da ministra. Mas a Justiça portuguesa será digna do Governo que temos e o inverso também se apresenta como dolorosa verdade aos olhos de todos.

Fora das nossas fronteiras, presidentes, primeiros-ministros, ministros e outros agentes governamentais, são julgados e condenados e são confrontados com céleres destituições dos cargos que ocupam, cumprimento efectivo de prisão e até penalizações superiores que poderão ir até à eliminação física. Concorde-se ou não com os diferentes códigos penais em vigor nesta globalizada geografia, a justiça aplica-se. Nesta "república das bananas" se um pobre rouba um pão vai parar com os ossos aos calabouços, enquanto "adelinos ferreira torres", "fátimas felgueiras", "macários correia", "oliveiras costa", "dias loureiros", "duartes lima" e milhares de outros que a minha insuficiente coragem e o buraquinho que tenho ao fundo das costas me obrigam a omitir, andam por aí, pagando as facturas da sua impunidade com o cometimento de mais crimes em cima dos que já cometeram.

Esta ministra, que faltou à verdade perante o órgão máximo da soberania de um povo como é a Assembleia da República, vai continuar a governar, numa simbiose perfeita entre as suas inverdades e as políticas do erro de quem a precedeu, que já se afirmou disponível para prosseguir. E como diria o outro, "os burros somos nós" e a culpa há-de morrer sempre solteira, neste país de faz-de-conta ! Talvez um dia deixemos de ser burros !...

Até breve   

Esperar sentado e com um limão na mão !...

 
 
Meter todos os novos ministros no mesmo saco e dizer que nem as moscas terão mudado, afigura-se-me um exercício demasiado simplista, que porventura nos poderia conduzir a conclusões de duvidosa justiça. Da análise individual ao trabalho executado por cada um, no passado recente, quer-me parecer que resultará uma imagem mais correcta sobre aquilo que os portugueses poderão esperar de cada um deles e, então sim, da soma das partes partirmos com mais legitimidade para as expectativas que esta remodelação nos permitirá criar.
 
António Pires de Lima, o novo ministro da Economia, desenvolveu ao longo dos últimos sete anos de liderança da administração executiva da Unicer um trabalho que, sob a óptica dos accionistas que o escolheram para o cargo, forçosamente terá de ser considerado extremamente positivo. Pudera!...
 
De facto, bastará fazer fé nos resultados do exercício de 2012, que aqui aparecem reportados, onde os lucros da empresa registaram, numa situação de crise profunda do país, uma assombrosa subida de 14%, fixando-se nuns prodigiosos 28 milhões de euros. Claro que os detentores do capital desta empresa, ou de qualquer outra, jamais perguntarão o modo como esses lucros terão sido conseguidos. É dos manuais do capitalismo mais puro e inocente.
 
Porèm, como aqui é pormenorizadamente explicado, de acordo com o relatório e contas da Unicer relativo ao exercício de 2010, a fabricante da cerveja Super Bock tinha em 2006 um número médio de 2.330 trabalhadores, ano em que Pires de Lima substituiu Manuel Ferreira de Oliveira à frente da administração executiva da companhia. Em 2010, tal média baixara para 1.625 colaboradores, até porque a Unicer encerrou a fábrica de Loulé em 2007. Ou seja, entre 2006 e 2010 a redução de postos de trabalho na companhia foi de 705 empregos. Acresce ainda que o plano visa optimizar "a infra-estrutura industrial da empresa na área das cervejas" e é "indispensável para a eficiência e competitividade" e para a manutenção de mais de 1.400 postos de trabalho directos. Ora, se foi com esse número que a Unicer terminou o ano de 2011, a redução de postos de trabalho na cervejeira aumenta para a casa dos 930 empregos desde 2006.

Ora bem, sem que ainda não esteja considerada a redução de postos de trabalho nos últimos dois anos, o nosso novo ministro da Economia, atirou para o desemprego durante o seu consulado na Unicer, mais de um milhar de trabalhadores, acção que terá tido como preocupação exclusiva o aumento obsceno dos lucros dos detentores do capital, dormindo tranquilamente sobre a desgraça e o desespero de muitos milhares de portugueses e delapidando o herário público com a concomitante atribuição dos respectivos instrumentos de ajuda social, por parte do Estado.
 
É esta prenda que nos colocaram no sapatinho! Porque quem demonstra ao longo de sete anos o mais profundo desprezo pela vertente social e humanitária da empresa que dirige, não alterará a sua filosofia e concepção de mundo, a partir do momento em que assume a pasta da Economia no governo da sua pátria. Esta gente nunca terá pátria,  nem solidariedade nacional, nem valores, nem princípios!...
 
Por incrível que possa parecer este meu pensamento e pese embora toda a inabilidade política revelada em dois anos de ministério de Álvaro Santos Pereira, acho que em termos de justiça social, andámos de "cavalo para burro"! Mas... assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal! E enquanto todos aqueles que vivem do seu trabalho, nada de bom poderão esperar de António Pires de Lima, as confederações patronais e... a Troika, naturalmente, vão recebê-lo de braços abertos!...
 
Eu, por mim, vou esperar sentado e com um limão na mão! Sempre será menos amargo e dizem os manuais que faz bem à saúde, embora o estômago não aplauda! É que eu não tenho dúvidas sobre o papel que este tecnocrata irá desempenhar! Aguardemos. Também já só faltam dois anos...
 
Até breve
 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tronco em flor, estende os ramos...

E o Alberto João está aqui! Atrevam-se...
 

E no "cavaquistão", de braço dado com a corja e os "jotas", lá vamos, cantando e rindo ! Cantando e rindo, levados, levados sim e bem levados, pela voz esfíngica do palhaço e do som tremendo das tubas, num clamor sem fim de analistas cá da praça e de altos responsáveis europeus, como "aquele que se pirou e deixou as trapalhadas ao santana", à cabeça!...

Lá vamos que o sonho é lindo e o despertar ainda demora dois anos! Torres e torres erguendo, em volta do BPN e do Banif, rasgões e clareiras abrindo na triste e desgraçada vida daqueles para quem a alva luz imortal virou roxas névoas que despedaçam e já não douram o céu de Portugal.

Querer, querer, queremos mas o palhaço, a corja e os jotas pensam de modo diferente e não basta querer. Mas lá vamos, tronco em flor porque já só há dinheiro para as cuecas, estendendo os ramos à mocidade que passa e que parece nunca mais veremos pelas costas.
 
Cale-se a voz dos protestos, essa voz que, turbada,  de si mesmo se espanta e apenas desencanta quem não canta e jurou nunca cantar. Porque apenas vive à custa de quem não vive. Cesse dos ventos a insânia, porque quem não é por nós é certamente contra nós, ante a clara madrugada nas almas da corja e dos jotas e do palhaço nascida, e por nós, oh Lusitânia, corpo de amor, terra santa, Pátria! Será celebrada quando finalmente chegares ao fundo e por outros erguida, como já aconteceu antes, com outros meliantes, erguida ao alto da vida, para mais tarde voltares a ser vendida.
 
Querer é a nossa divisa, nossa deles, está bem de ver. Porque quanto mais têm mais querem. Porque o querer lhes vem das mais profundas raízes e os deslumbra a sombra indecisa e transcende as nuvens do além... Querer, também nós queríamos que fosse palavra da Graça, o grito das almas (in)felizes.

Querer! Querer! E lá vamos
Tronco em flor estende os ramos
À Mocidade que passa.
 
(Mário Beirão, poeta, natural de Beja, no tempo da "outra senhora")

Nota: Qualquer semelhança com factos reais do nosso quotidiano, é mera coincidência.

Até breve
 

domingo, 21 de julho de 2013

O segredo da esfinge !...

 
 
Acabo de receber a visita de... não sei se lhe hei-de chamar anjo ou demónio, tal o teor "macabro" da revelação que me veio trazer. Veio esse ser - celestial ou infernal, saberei amanhã! - segredar-me ao ouvido a razão que levou a "esfíngica figura presidencial" às Selvagens! Que foi com o propósito de por lá encontrar a inspiração para a decisão mais difícil da sua vida!...
 
E ainda não digerira eu, tão surpreendente quanto hermética revelação, desapareceu, deixando-me como que rodeado de uma intensa e estranha luz de profunda e inexplicável sabedoria, que me permitiu, a mim, que pouco antes tinha acabado de apreciar toda a sublime sapiência dos mais diversos comentadores e politólogos que apontava para a "certeza absoluta" de que a "múmia" iria amanhã pelas 20.30 anunciar aos seus "concidadões" que tinha decidido que o governo continuaria em funções até ao fim da legislatura em 2015, que afinal não será assim.
 
A "pedra esfíngica", compreendi então, terá voado e navegado até às Selvagens, para ali conseguir encontrar o predicado que lhe faltava para tomar a dramática decisão de amanhã... selvagem!... O nosso Chefe de Estado, que por milagre daquelas paragens agrestes, terá regressado do Sul, rebelde e selvagem, contrariará amanhã as opiniões de tão eminentes sábios dos ecrãs mágicos, surpreenderá todos os seus ilustres "concidadões" e será responsável por milhares de síncopes cardíacas, muito particularmente centradas nas sedes dos partidos à sua direita:
 
Amanhã anunciará, de forma quase glaciar, que vai dissolver a AR e convocar eleições, já !!!...
 
Até breve
 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Há um mínimo de dignidade que não se negoceia !!!...

 
 
 
Com o devido respeito por quantos eventualmente não comunguem do meu pensamento. Com o devido respeito por figuras respeitáveis da classe política portuguesa, tanto à esquerda quanto á direita. Com o devido respeito por essa classe inestimável de analistas e comentadores políticos, que diariamente tem vindo a público, com manifestas deficiências de pudor, massajando descaradamente o seu umbigo ideológico. Com o devido respeito pelos representantes de todas as forças presentes em sede de concertação social, seja do lado dos empregadores, seja do lado dos trabalhadores. Com o devido respeito pela opinião do mais alto magistrado da República Portuguesa. Quero aqui dizer, com a liberdade que me foi oferecida na gloriosa madrugada de 25 de Abril, que acabo de viver a suprema satisfação de assistir ao Secretário Geral do Partido Socialista, António José Seguro, a falar em meu nome.
 
Sou um cidadão como milhões de outros e tenho da política a sensibilidade suficiente para me aperceber do presente envenenado que o Presidente da República entregou ao Partido Socialista, quando exigiu dos "partidos do arco da governação" um entendimento que permitisse o cumprimento integral de um dito "memorando de entendimento", que há muito deixou de ser o "memorando de entendimento da Troika". Tenho também da política a sensibilidade suficiente para me aperceber que o governo actual há muito entregou a alma ao criador e que só a estúpida compaixão, a ausência completa de dignidade e o dramático funeral de todos os mais básicos princípios socialistas por parte de António José Seguro, poderiam permitir a "ressurreição" pretendida pelo próprio e pelo seu suporte institucional  de Belém.
 
Nesta condição, aqui presto a minha humilde homenagem à mensagem que António José Seguro acaba de me transmitir, como a todos os portugueses a quem se dirigiu. Na minha simples e modesta opinião, o Secretário Geral do Partido Socialista, acaba de proceder ao funeral definitivo do governo "ainda" em funções e dos partidos que "ainda" o suportam, assim como de eliminar dramaticamente, com enorme respeito e sentido de estado, todas as alternativas que "ainda" possam "vegetar" na mente pouco isenta e desprovida de coragem do Chefe de Estado.
 
Com muita pena minha, António José Seguro sempre me pareceu um político frouxo, a quem dificilmente alguma vez entregaria o meu voto. Hoje deu-me uma valente e inesperada vergastada. Que ainda dói e, felizmente, espero que doa por muito tempo. Por isso, que não foi pouco nem menosprezável, a partir de hoje, venham as eleições quando vierem, o meu sentido de voto será profundamente reformulado e Seguro será sempre, uma forte possibilidade. Porque "há um mínimo de dignidade que um homem jamais poderá negociar" !!!... 
 
Até breve
 
 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Segura-te pá !...

 
 
 
E segundo as últimas notícias, os negociadores da "troika lusa", saíram de novo da sede laranja com uma mão cheia de nada e a outra ocupada com as pastas, que deveriam trazer o "acordo reduzido a escrito", ainda com as folhas em branco.
 
Consta que alguém terá sugerido a suspensão dos trabalhos, não para irem todos dormir, mas para se aconselharem com os respectivos travesseiros. É um ditado do povo, que terá sido lembrado: "o travesseiro é bom conselheiro"! E não esqueçam que esta gente está a trabalhar... para o Povo!...
 
O grande problema no acordo, adivinha-se: 4,7 mil milhões de euros !... A esta hora, lá nas Selvagens, a "esfíngica criatura", estará a dar voltas nos alvos lençóis. Que grande sarilho! E, ou muito me engano, ou vai haver ultimato, assim a modos que igual ao mapa cor de rosa!...
 
Querem ver que de tanto se falar em eleições antecipadas, elas ainda acabam por acontecer, sabem aonde?! Pois, é isso, exactamente no... Partido Socialista! Segura-te pá !...
 
Até breve

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Esquerda Unida, sonho ou utopia ?!...

Um sonho possível, ou utopia ?!...


 
Ao que parece, ainda não foi desta que pudemos assistir ao lançamento das bases para a construção  de um programa comum de esquerda em Portugal. Seria demasiado bom que esse meu velho sonho, que porventura milhões de portugueses comigo partilharão, chegasse assim, tão depressa e tão facilmente. Tão ambicioso e bonito projecto, se alguma vez puder ser concretizado, nunca derivará apenas da derrocada da direita, como agora tantos admitiram, a começar por este velho idealista, que nunca mais aprende a conviver, resignadamente, com utopias.
 
A falta de pragmatismo, o respeito democrático pela opinião de outros e o erro estratégico evidenciados pelo PCP e pelo BE, há pouco mais de dois anos com o chumbo de PEC IV, para além de terem precipitado a estrondosa derrota eleitoral dos três partidos de esquerda com os resultados que estão à vista, provocaram uma tão profunda ferida no PS, que dificilmente será ultrapassada e cicatrizará num tão curto espaço de tempo.
 
Depois, a radicalização e a persistência dos dois partidos mais à esquerda, numa posição de demagógico afrontamento e negação dos acordos estabelecidos com as entidades internacionais que há dois anos nos têm permitido sobreviver, em vez de contribuírem para a correcção e melhoria das condições estabelecidas e para a implementação de políticas internas capazes de proporcionar ao país a sustentabilidade e a libertação, acabaram por cavar o intransponível fosso que hoje os separa dos socialistas. 
 
Dominique Strauss-Kahn  na sua primeira entrevista depois do escândalo que protagonizou, talvez possa ajudar os líderes da esquerda portuguesa - a direita jamais terá possibilidades de recuperação - a compreenderem a realidade da desgraça que nos atravessa e a estabelecerem um redentor antídoto. Que nunca passará por "rasgar o memorando estabelecido com a Troika" como preconiza o BE, ou abandonar a UE e a Zona Euro, como defende o PCP, ou adoptar uma política de mimetização, com rótulo diferente, daquela que tem sido perseguida em Portugal nos últimos dois anos, como muito provavelmente o PS fará se e quando ganhar as próximas ou remotas eleições subsequentes à crise que se abateu de forma avassaladora sobre Portugal.
 
Aquilo que Strauss-Kahn diz a partir do minuto 10 da sua entrevista, é sintomático sobre as razões da crise europeia que vem determinando a desgraça grega, que parece aproximar-se perigosamente desta lusa pátria, perante a sede insaciável de protagonismo de um abstruso chefe de estado, acolitado por uma direita incompetente e corrupta e inexoravelmente dependente de uma alternativa de esquerda, que deveria estar unida e, em vez de deixar passar o tempo afagando umbigos ideológicos ou alimentar sonhos pessoais de poder, que inevitavelmente sublimarão a catástrofe, inverter esta dramática e inconsciente caminhada para o abismo. 
 
 



Dominique Strauss-Kahn é um socialista. Como o próprio admite, terá cavado a sua sepultura política e, quem sabe, se a própria sepultura da Europa, já que François Hollande há muito passou de esperança a desilusão. Mas será que o pensamento, lucidez, inteligência e saber deste homem, a ninguém aproveitam dentro de uma esquerda, que o povo português há tanto tempo convida a governar?!...
 
Até breve

terça-feira, 16 de julho de 2013

Será desta ?!...

 

Ainda não consegui concluir com segurança suficiente, se foi da recente vaga de calor, se da idiota palhaçada também recente da maioria ou se terá sido até consequência da mais recente ainda,  última aparição da múmia aos três pastorinhos. O que me parece evidente é que PCP e BE avançaram com propostas de encontros, no sentido, supõe-se, de lançar as bases, com o PS, para a construção de uma programa comum de esquerda em Portugal.
 
A vaga de calor já era, mas nada garante que não volte um dia destes. Os palhaços da maioria esconderam momentaneamente os adereços, mas a breve trecho hão-de vasculhar de novo no baú dos arrumos e voltarão a enfarpelar-se. Está-lhes no sangue, nada haverá a fazer. Quanto à "esfíngica criatura", só no cataclismo de uma demissão improvável ou na longa espera da fase terminal do um mandato que, para mal dos nossos pecados ainda vem distante, estaria a solução, pelo que melhor será não pensarmos no que poderia ser mas, decididamente, não é.
 
A "parôla" estratégia cavaquista, na hora aplaudida pelos mais do que evidentes beneficiários, visaria salvar da guilhotina eleitoral a escangalhada, incompetente e nefasta maioria e arrastar também para o cadafalso o inseguro PS. E isso teria naturalmente acontecido, não fora ter entrado, ao que parece e oxalá tenha acontecido, de repente um raio de luz através das janelas do imenso casarão do Rato. E a Alberto Martins foi entregue uma extensa vara de equilíbrio e colocada sobre os seus ombros a difícil missão de ensaiar os primeiros passos, sem pressas de alguma vez chegar ao fim, o longo cabo estabelecido pela múmia, entre Belém e o Largo.
 
Vai ser curioso, empolgante e entediante, apreciar o número de sagaz equilíbrio acrobático de Alberto Martins. Curioso para todos aqueles que de boletim de voto antecipadamente em riste, aguardarão, suspensos, os avanços e recuos que necessariamente protagonizará, apenas preocupado em, de vara na mão, conseguir a anulação da estratégia da esfinge, sem nunca chegar a Belém e ficando o mais próximo possível de casa. Empolgante para os que, em silêncio, da casa da partida lhe apreciarão a acrobacia, sem pressas e apenas rezando pelo seu equilíbrio, enquanto vão ensaiando já o próximo número do espectáculo. Entediante para os que do lado da maioria - governo e presidente - só demasiado tarde levantarem o cu das bancadas, com a certeza de que "nem o pai vem, nem a gente almoça"!...
 
Entrada a direita em histeria, as contas serão fáceis de fazer: o PCP e o BE até poderão, com mais ou menos dificuldade, obter o segundo resultado eleitoral nas próximas eleições, atirando o PSD para o velório da Basílica da Estrela, com Passos Coelho ao volante do carro de cangalheiro e, "last but not least", será no PS que se concentrarão os votos dos que estão fartos de troika e da concomitante austeridade. Naturalmente. Não alinhando Seguro na estratégia cavaquista e encanando a perna à rã na prossecução da disfarçada mas desejada coligação de direita, será mais do que evidente que será tão fácil como limpar o rabinho a um bébé.
 
E de regresso ao princípio, faltará aquilo a que, desde a "revolução dos cravos", estúpida e incompreensivelmente - ou talvez não! -, o povo português ainda não teve o privilégio de assistir: ao lançamento das bases para a construção de um programa comum de esquerda em Portugal! Será desta ?!...
 
Até breve

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Um pouco mais de tempo, para o remédio final !...


 
 


A falta de clareza do absurdo processo iniciado pelo Presidente da República tem permitido todas as teses sobre as suas verdadeiras intenções. Que, como aqui escrevi, se está a preparar o segundo resgate. Que apenas quer criar as condições para avançar com um governo de iniciativa presidencial. Que quer promover um golpe contra Passos Coelho dentro do PSD. Que está a ganhar tempo e condições para marcar eleições antecipadas sem ser responsabilizado por qualquer tipo de instabilidade. Ou que quer, apenas, lavar as mãos das consequência da actual crise política. Aquilo em que ninguém realmente acredita é que o suposto processo negocial agora começado acabe em qualquer coisa de substancial.

Seja qual for a tese correcta, o que Cavaco Silva fez foi alimentar o pântano político em que vivemos. A falta de clareza do seu discurso apenas promoveu o que de mais mesquinho existe na política, com uma sucessão de jogos escondidos.

O Chefe de Estado pode e deve decidir se mantém este governo, se o substitui por um de iniciativa sua ou se dissolve o Parlamento e marca eleições. E deve fazê-lo de forma cristalina, para não deixar a vida política degradar-se. Para não promover a confusão. Para não termos de ver um ministro a encerrar o debate sobre o Estado da Nação sem se saber que lugar realmente ocupa. Para não assistirmos ao maior partido da oposição a negociar com o PSD e o CDS ao mesmo tempo que vota a favor de uma moção de censura. O Presidente deve preservar e defender as instituições. Não tem autoridade para determinar as posições dos partidos em relação a esta crise e a sua política de alianças. O que é insustentável é ver um Presidente que deixou as instituições democráticas degradarem a sua imagem junto dos cidadãos querer, agora, tutelar quase todo o sistema partidário.

Estas negociações estão fadadas ao fracasso. Pelos limites que o Presidente impôs no seu conteúdo, deixando convenientemente de fora todas as alternativas de que discorda. Pelos prazos definidos, já que numa semana não se decide todo o futuro de um País. Pela tentativa de impor um "negociador", mostrando que é o próprio Presidente que não se considera uma "figura credível". Pela falta de clareza de objectivos. E pelos interlocutores: de um dos lados está um governo que o próprio Presidente deixou como interino, do outro um partido que exige eleições antecipadas e de fora ficaram três partidos, que nem convidados foram a participar nestas conversas. Ao promover esta farsa, Cavaco Silva apenas conseguirá, como aliás pareceu ser o seu objectivo na intervenção que fez aos portugueses, degradar ainda mais a imagem da democracia e dos partidos políticos. Para, seja qual for o seu objectivo final, defender a sua própria imagem.

A única resposta honesta seria não alimentar esta charada. O que passaria por exigir do Presidente uma decisão clara, antes de qualquer conversa entre partidos políticos. Ou seja, que comece, antes de fazer exigências a terceiros, por cumprir o papel que a Constituição lhe reserva.

Se o Presidente considera que o governo tem condições para governar, este governará com a maioria que dispõe. É essa maioria que tem, por sua iniciativa, de procurar ou não um apoio alargado para as medidas que quer tomar. E caberá aos partidos da oposição definir, sem chantagens presidenciais ilegítimas, que posição devem ter sobre o caminho a seguir. Se o Presidente considera que este governo não tem condições para continuar, forma, com as suas exíguas forças, um governo de iniciativa presidencial com apoio maioritário no Parlamento. Ou marca eleições para brevemente, enquanto o financiamento externo está garantido. Tão simples como isto.

Ao entrarem neste circo, que só pode acabar numa enorme frustração para os portugueses e descrédito para os seus actores, os partidos apenas tentam não ficar mal na fotografia. Mas acabarão por pagar o preço de tanta dissimulação. Qualquer "compromisso para salvação nacional", seja lá o que isso queira dizer, passa, antes de tudo, por ter um Presidente capaz de clarificar o que está obscuro em vez de fazer exactamente o oposto. Se não é capaz de tomar decisões, para não ser responsabilizado pelas suas consequências, que o assuma de uma vez por todas. Mas poupe-nos a ralhetes inconsequentes e a golpes palacianos.

Nunca pensei que passados quase 40 anos sobre a recuperação da sua dignidade como povo, esse povo a que pertenço, agarrado a brandos costumes e memória curta, viciado em atroz subserviência social e religiosa, sem coragem ou discernimento para desafiar o Futuro, tivesse ao longo de todo esse tempo dirigido os seus passos para a triste recuperação de uma condição que pouca diferença fará daquela a que foi arrancado pelos Capitães de Abril.

Teve esse povo o discernimento de escolher homens e mulheres capazes de lhe oferecerem uma das constituições mais progressistas da Europa. E teve logo a seguir a capacidade de escolher, entre candidatos carregados das lembranças e bolor do passado, um homem sério e inteligente para ocupar a mais alta magistratura da nação.

E foi prosseguindo o seu caminho, sempre rejeitando maioritariamente o passado, mas sem a argúcia suficiente para se aperceber das sucessivas armadilhas legislativas que esse passado lhe foi subrepticiamente colocando na arquitectura do poder.

E chegámos de novo à beira do precipício: um presidente, uma maioria, um governo, com as vestes do antigamente. Sem a sapiência dos povos com séculos de sedimentação democrática, "este povo que não sabe governar-se nem se deixa governar", caiu no maior logro em que democraticamente nunca pode cair qualquer povo: colocar todos os ovos no mesmo cesto! Nem a experiência "hitleriana" alemã lhe valeu para o que quer que fosse!...

Agora depara com a incompetência e corrupção mais soezes, na sua "casa maior", na Casa da República. E assiste surpreendido e incrédulo às diatribes da mais alta figura do estado: onde julgava estar a sua última defesa da irresponsabilidade, corrupção e incompetência de um (des)governo que as suas próprias mãos colocaram no poder, está uma criatura ignóbil, mesquinha, egocêntrica, retrógrada, inconveniente e teimosamente senil, de que não se livrará antes que se esgote de inanição o resto de tão doloroso mandato.

O cesto dos ovos tombou ao chão e uma gigantesca omelete escorre, como fria lava pelas escarpas do precipício, ao encontro do fundo que já ninguém consegue descortinar. E alguém saberá se porventura ainda haverá remédio?!... Olhando o espectáculo deprimente da escorrente lava amarela, com os pés à beira do precipício, apenas nos faltará, quem sabe... um pouco mais de tempo, para o remédio final !...

Até breve

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A queda de Assunção...



Queda de Assunção

Por Ricardo M. Santos


Assunção Esteves é o que é. A senhora até me merecia respeito, é transmontana e eu tenho uma paixão por Trás-os-Montes, provavelmente por a minha mãe ser transmontana. Há mais coisas que Assunção Esteves tem em comum com a minha mãe. Transmontanas, reformadas e continuam a trabalhar. Ficamos por aqui. Ontem, tal como eu, a minha mãe percebeu que é um carrasco – ou uma carrasca? -, mesmo que Assunção não faça a puta da mínima ideia do contexto da citação que fez, nem de quem a fez realmente. Nem isso importa para o caso. Claro que já há indignados com os malvados manifestantes, que são todos, todos do PCP. São sempre. E ainda bem. Nem me dou ao trabalho de explicar a gravidade da situação ao Henrique Monteiro. Ele percebe-a, mas a poltrona em que está instalado obriga a certos sacrifícios que, no mundo jornalístico, se chamam broches.

Voltemos à Assembleia e às galerias do Povo, enquanto a Assunção e o que ainda resta do Governo não tentam fechá-las. Tentam, pois claro, porque pode o Henrique Monteiro ter a certeza que, assim que essa hipótese seja sequer sugerida, o PCP lá estará para garantir que o Povo continuará a ter lugar nas galerias. O episódio de ontem simboliza o desnorte deste governo morto, de um Presidente da República falecido e paz à sua alma, num drama da vida real que parece transportado da Crónica de uma Morte Anunciada. E de um país entregue a um bando de gente que não faz a mais pálida ideia de como é mundo fora dos carros com vidros escuros, dos melhores gabinetes, dos seguranças, das agendas planeadas ao milímetro para não terem de encontrar-se com aqueles que deveriam representar.

Assunção é uma pobre reformada a quem os carrascos e carrascas pagam a reforma de 7.000 euros por 10 anos de trabalho e continua a trabalhar, recebendo mais de 2.000 euros de despesas de representação, embora eu não perceba bem quem ela representa. A minha mãe trabalha também, arranja umas roupas, que lhe ficou o jeito do ofício que teve nos têxteis. E fá-lo depois de partir o focinho a três cancros, um deles que lhe levou um olho.

Assunção não sabe o risco que corre ao insultar a minha mãe, transmontana com uma vida em Leça da Palmeira. Sangue na guelra, pois claro, para o que for preciso. Os carrascos do país estão na bancada do governo e na maioria que o suporta, não naqueles que lutam todos os dias para sobreviver. Assunção precisa de ir embora com o resto do defunto governo, gozar o merecido descanso ao fim de 10 anos de trabalho.

Nós somos carrascos, sim, desta política miserável que nos condena à fome e a à pobreza. Seremos carrascos deste governo e de outros que lhes sigam as pisadas, até à vitória do Povo. Somos carrascos, temos de ser carrascos, c’à rasca estamos todos nós.

Tenho de vos confessar um pecado. A senhora também me merecia respeito. Quando, já lá vão dois anos, foi eleita entre os seus pares, para a função que hoje desempenha, teve o privilégio de receber de quase todo o hemiciclo, os braços abertos e a simpatia de deputados desde a esquerda à direita. E agora vem o meu pecado: eu também lhe ofereci, sem nada pedir em troca, a minha simpatia. E fui ao ponto de aqui, descarregar toda a minha ingenuidade...

Depois, ao longo destes dois anos, fui recebendo sucessivos  e inimagináveis socos no estômago, à medida que fui conhecendo a fealdade interior de quem julgara bela. Até que a todo o errático percurso da mulher que nos tempos da faculdade cultivou fervoroso maoísmo, "a bela" somou a  inqualificável e indesculpável diatribe de me chamar carrasco, porque assim apelidou o povo a que pertenço e que protestava nas galerias da AR.

Já não é a primeira vez que "a bela" insulta Simone de Beauvoir, citando a sua célebre frase de revolta contra a opressão nazi,  "não podemos deixar que os nossos carrascos nos criem maus costumes". O que demonstra tanto a sua fragilidade cultural, quanto a perversidade do seu carácter, que lhe subverterá perigosamente a estrutura mental.

Confessado o "meu pecado", aqui fica, de baraço ao pescoço, a minha humilde contrição, consubstanciada no texto de Ricardo M. Santos, que me emocionou e que entendi como imperdível.

Até breve

 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Aníbal, estás a ser mais teimoso que um burro !!!...

 
 
Por Nicolau Santos
Quinta feira, 11 de Julho de 2013


O Presidente da República vai certamente guardar para sempre na memória a noite de 10 de Julho de 2013.

Nessa noite, o Presidente disse uma coisa e fez o seu contrário. Apelou aos partidos e entalou três lideranças políticas, acertando contas com Passos Coelho e Paulo Portas e colocando uma batata quente nas mãos de António José Seguro. Actuou em nome da estabilidade e criou muito mais instabilidade. Não aceitou nenhuma das soluções que lhe propunham e tirou uma da cartola que é pior que qualquer das outras.

O que Cavaco propõe é absurdo. Recusa a proposta da coligação, que reforçava o Governo com personalidades de reconhecida qualidade técnica e política e com uma orgânica mais operacional. Recusa eleições antecipadas em nome do cumprimento do acordo com a troika e dos sinais de uma recuperação económica, que só ele vê. E em contrapartida pede ao bom povo português que se conforme com um Governo enfraquecido, que se terá de manter em gestão até 2014, após o qual os partidos se devem entender para realizar eleições antecipadas.

Acha ele que assim se garante a estabilidade e a luz verde da troika na 8ª e 9ª avaliações. Acha ele que assim o Governo terá condições para cortar 4,7 mil milhões de euros na despesa pública em dois anos. E pede ele depois que PSD, CDS e PS se entendam sobre "a governabilidade do país, a sustentabilidade da dívida pública, o controlo das contas externas, a melhoria da competitividade e a criação de emprego", num acordo que, segundo ele, "não se reveste de grande complexidade técnica" e pode ser concretizado rapidamente. Pelo meio, fica a pairar a suspeição de um Governo de iniciativa presidencial, liderado por uma personalidade de reconhecido mérito, mas que teria de passar no Parlamento e que funcionaria apenas até Junho de 2014.

Todo o raciocínio é tão abstruso e o imbróglio que criou tão complicado, que só se pode concluir que o Presidente não está bem. E que é preciso que alguém o avise. Ou que nos salve desta gente que nos conduz.
 
Os "negritos" são da minha responsabilidade e pretendem apenas sublinhar a  interpretação que determinou em mim a convicção, de que Nicolau Santos, ao contrário da "esfíngica figura plantada em Belém", está bem! Estará mesmo em muito boa forma e recomenda-se. Se em vez dos 500 assessores que se atropelam em Belém à volta da "múmia", ele estivesse sózinho por lá, ter-lhe-ia sussurrado algumas verdades ao ouvido e a montanha não pariria mais este roedor descoroçoante e estúpido.

Mas face à dolorosa realidade que Nicolau Santos  refere no último parágrafo do seu texto, como alcançar a imperiosa necessidade que subsequentemente também declara, conhecida que é uma das maiores qualidades da "esfinge", que ultrapassará de longe a clássica inteligência asinina?! A menos que a primeira dama, seja conquistada para a causa e lhe grite um dia destes, no meio de uma escovadela de dentes: "Aníbal, estás a ser mais teimoso que um burro" !!!...

Até breve 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Em apenas 20 minutos, a união de toda a esquerda ?!...

Como ele gostaria de ver a ESQUERDA UNIDA ! Por favor, não o obriguem a voltar cá !!!...


E finalmente, o "rato" viu anedoticamente a luz do dia: a montanha, num último e lancinante grito de parturiente, expulsou o feto que, ironicamente, nada terá a ver morfologicamente com o esperado roedor, antes se assemelhará ao ridículo "nariz vermelho" que a "esfíngica figura plantada em Belém" vinha ostentando e que, em inesperado gesto de desespero arrancou, anunciando a intenção de o colocar, nem que seja à força, no rosto seguro de quem tem afirmado até a exaustão, não estar minimamente disposto a dar continuidade à palhaçada.
 
Sem surpresa, assistimos quase de imediato, ao aplauso de "montenegra figura" que, falando em nome de todos os "mansos" desta caricata e inimaginável crise, assegurou estarem os mesmos dispostos a engolir todos os sapos que a "múmia" entenda ou venha a entender fazê-los engolir, desde que ligados "à máquina da sobrevivência" e sem qualquer perspectiva do tempo de vida que lhes reste.
 
Com menos surpresa ainda, se isso eventualmente fosse considerado possível, veio a seguir um qualquer "cristão democrata", em nome dos "corneadores" transformados em "partido maioritário da coligação decadente", defender tese igual, com igual subserviência e mansidão aparentemente semelhante, vestindo agora a pele de cordeiro inocente e pronto para o "sacrifício".
 
Finalmente, entrou-nos pela casa adentro, alguém que seguramente e com inteligência, anunciou ao país, que o conceito de democracia do "palhaço" não terá hipóteses de se afirmar. Em poucas palavras o "alberto", em nome de quem seguramente o terá escolhido, disse sim, dizendo não. Disse sim, porque não é estúpido, nem todos aqueles que representou. Disse não, porque não aceita a exclusão daqueles a quem o povo entregou o seu voto e de que o "palhaço", intencional e ideologicamente, pretendeu esquecer-se. 
 
E o palhaço lá vai "parodiando", na mansidão do "lar de Belém", acompanhado pela "sua maria", à volta do "poço que ele próprio vem cavando ", passando a batata quente de mão para mão. E nós, pobres e desgraçados "cidadões", cá vamos "cavaqueando" nesta democracia à portuguesa, à espera do 2º resgate ou das eleições em Junho de 2014. A múmia mete-se em cada sarilho! Vejam lá que terá conseguido hoje em 20 minutos, aquilo que, aparentemente, em quase 40 anos de democracia, ninguém havia conseguido: A UNIÃO DE TODA A ESQUERDA !!!...
 
Até breve

terça-feira, 9 de julho de 2013

Aguentem, aguentem que é para vosso bem !...

Qualquer semelhança, é mera coincidência !...
 
 
Hoje não me vou "estender" muito! O "palhaço" está em reflexão, e eu respeito muito o silêncio dos "inocentes"! Ele não estará a reflectir sobre aquilo que vai fazer ao (des)Governo que temos ou à Assembleia da República que já não deveríamos ter. Sobre isso ele nunca teve necessidade de reflectir, tão "irrevogável" terá sido sempre a sua decisão(?). Mas sobre a melhor forma de dar um "valente puxão de orelhas à (des)coligação" que infelizmente vamos continuar a ter e "last but not least", aproveitando a comunicação que fará perante os seus "concidadões", dar-lhes cabo do resto da esperança e, sem lhes chamar estúpidos, esfíngica e suavemente, dizer-lhes:
 
Aguentem, aguentem que é para vosso bem!...
 
Até breve

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Quem não quiser ser lobo, que não lhe vista a pele !!!...



Todos os conhecemos! Andam no meio de nós, como se nada tivesse acontecido ontem, nem possa estar acontecer agora e não possa repetir-se amanhã. Apenas porque o estigma que transportam é invisível, embora lhes conheçam a dor que disfarçam e pudessem apontar num segundo onde se instalou.
 
Haverá milhões que eventualmente terão morrido sem que ao menos ao de leve, alguma vez tenham tomado consciência da trama que os envolveu. Esses, poderemos chamar-lhes de "santos". Morreram na sua inocência e que atire a primeira pedra quem tiver a certeza de que nunca o terá sido, nem que fosse em pensamento.
 
De "arrependidos" deverão ser classificados todos aqueles que no dia em que descobrem a existência de outros deuses na sua igreja, renunciam para sempre à fé original e adoptam outras religiões, ou refugiam-se num agnosticismo quase feroz. Dizem que dificilmente voltarão a ser felizes e assemelhar-se-ão aos que tiveram a felicidade de resistir após uma bala perdida se ter alojado no cérebro e a medicina não ter encontrado processo de a retirar. Viverão, uns e outros, com a mágoa e a bala alojadas no coração e na cabeça, mas salvaguardando a dignidade e a vida. 
 
Mas eu pretendo falar de outros. De uma terceira e última espécie. Daqueles que sendo normalmente os últimos a saber o que lhes aconteceu e aquilo que são, julgam que só eles serão os exclusivos donos desse conhecimento e que se encolherem os ombros e adoptarem a macheza necessária e suficiente, o mundo não os reconhecerá, apontará ou condenará e deles será o reino dos céus. São os "mansos". Todos os conhecemos e andam no meio de nós. E serão fáceis de encontrar, porque a sua existência verificar-se-à muito para além do original círculo afectivo que, erradamente, possa ser entendido como exclusivo. Sempre houve, há e haverá, exemplares de mansos, em todas as áreas que imaginar possamos. Nos negócios, no trabalho, no desporto, nas artes, nas religiões, na política...
 
Este Verão quente que tem varrido Portugal de lés a lés, trouxe-nos um nova "subespécie de mansos"! Francisco Sá Carneiro estará a dar voltas sobre voltas no túmulo, onde infelizmente foi colocado encarquilhado, quem sabe se pelos próprios assassinos. Porque os novos espécimes desta recente evolução "darwiniana", pertencem todos à mesma família política. Irrelevante  e absolutamente supérfluo será para os estudiosos do fenómeno, estabelecer patamares de "mansidão", que varram toda a estrutura, desde as cúpulas até às bases. Excluídos, naturalmente, os antes citados "santos" e "arrependidos", os outros serão todos farinha do mesmo saco. Mansos serão, hoje por hoje, todos os sociais-democratas, que não tenham a coragem de exibir a sua indignação e de levantar a sua voz, contra a desonra do adultério às mãos dos democratas-cristãos, a que as cúpulas do seu partido responderam com um encolher de ombros e um afagar obsceno do umbigo!...  
 
Quem não quiser ser lobo, que não lhe vista a pele !!!...
 
Até breve

Sai o Paulo, entra o Paulo !!!...




Mais duas semanas?!... Ainda ?!...


Até breve

E a banda continuará a tocar...

 
 
O "ganda nóia" ajeitou a gravata, cresceu uns centímetros na cadeira, piscou três vezes os olhos e zás, atirou-nos de chofre, que a múmia está furiosa, danada e que neste seu quase apoplético estado... vai acabar por ter de falar ao país. E o país ficou com a certeza de que assim não será. Pelo menos antes de 4ª feira. Porque "his master voice" não será tão infalível como julga! Há quem o suponha inteligente. Eu acho que disfarça muito mal e não terá "cabedal" para tal missão. Mais uma vez correspondeu aos movimentos que o maquiavelismo da múmia terá imprimido aos cordelinhos e proporcionou a sondagem de opinião que o dono tanto desejava. A vida está difícil para o pequenote...

Os três da oposição bem se desdobram a soprar no balão. Mas isto não vai lá com mais ou menos ar no balão. A única forma de rebentar será para dentro. Implodindo. E isso não vai lá com ar. Só com uma radical alteração da táctica: retirar ar ao balão até ele definhar e ficar a rolar pelo chão, como as peles de um velho, como o chapéu de um pobre. Assim, soprando cada dia com mais força e raiva, vão proporcionando à múmia o oxigénio que ela necessita para sustentar o balão. Se assistissem de cadeirinha e em silêncio, ou pedissem eleições para o fim da legislatura, então aí sim, baralhar-lhe-iam os neurónios e assistiríamos finalmente ao cometimento do primeiro erro da "esfíngica figura", que nunca se engana e raramente tem dúvidas: para contrariar a oposição de esquerda, a AR seria dissolvida e ainda iríamos a tempo de juntar autárquicas com legislativas.

Assim, tudo vai acabar em bem. O balão não rebenta. A múmia não dissolve. E a Europa prepara-se para afastar o FMI da Tróika. E Portugal será depois, sem Primeiro Ministro e sob a batuta do Vice, um país por onde correrá o leite e o mel! E a banda continuará a tocar...

Até breve
 

sábado, 6 de julho de 2013

Mas afinal, quem é o chulo ?!...

Talvez o maior chulo de Portugal !!!...
 
 
Hoje vou mandar os manuais às malvas e dissertar à minha maneira, sobre os temas mais candentes que têm dado cabo do juízo, a todos nós portugueses, nos últimos dias. Pouco preocupado com a lhaneza da linguagem e perseguindo o único objectivo de me fazer entender. É possível que possa abanar as estruturas mentais e educacionais de muitos amigos que me lerem. Mas pôrra, eu comecei por dizer ao que vinha. Quem não gostar e não quiser continuar que mude de site.
 
Começo com uma pergunta para que possamos partir de um alargado consenso. Isso, consenso será uma coisa muito importante nos lusos dias que vamos vivendo. Quem o vem repetindo é o Poiares "madurinho". Muito pouco madurinho, mas burro é que ele não me parece. Retomando o discurso, o que se vos oferece dizer sobre a definição mais curta e simples de... ca-pi-ta-lis-mo ?! Pronto, o que eu fui fazer! Está instalada a confusão. Mas meus amigos, eu não estou para aturar as vossas filosofias. Vão roubar chumbo. Passei mais de metade da minha vida a ouvir - e a ler, bem mais ainda! - teorias, em que cada um puxa a brasa para a sua sardinha. Hoje o que tenho a dizer é extenso e não dou o direito do contraditório a ninguém. Seria pura perda de tempo. Que não tenho.
 
Ora bem, o capitalismo, para mim, assenta em três pilares: propriedade privada, classes sociais que lhe dão corpo - os donos da propriedade e os donos da força de trabalho- e, por último, o lucro. O resto não interessa para nada. Estou farto de ouvir lérias à volta de governos - uns estimulam, outros regulam e limitam abusos e outros andam por ali, na corda bamba, sem se saber muito bem se são carne ou peixe -, mas os governos de qualquer regime capitalista coloco-os eu do lado dominante, a que Marx e Engels chamaram de burguesia e não se fala mais nisso. É tudo farinha do mesmo saco. Também estou farto de ouvir tecer loas e porque não lérias e até aproveitamentos, acerca da classe dominada, que aqueles senhores denominaram de proletariado e confesso que também já me enjoa essa lengalenga. Por fim aparece o lucro, o verdadeiro cerne da questão e não me venham com mais cantigas de embalar. Capitalismo é isto e pronto: uns mandam trabalhar, outros obedecem e trabalham e o lucro vai para aqueles que mandam.
 
Claro que historicamente, a relação entre esses três factores, foi sendo alterada mercê de uma infinidade de circunstancialismos, mas chegados aos nossos dias, com mais ou menos justiça, com mais ou menos força de mandantes e mandados, com mais o menos apropriação ou repartição do lucro, têm mudado as moscas mas a merda continuou a mesma.
 
Agora se pensarmos que sem a força do trabalho nunca haveria capitalismo, gostava de vos perguntar, qual é a mais velha profissão do mundo?! E esta hem?! Ah, pensavam que iam ter aqui às vossas ordens e de borla, um marxista a explicar-vos teorias sobre a justiça, relação e repartição das mais-valias do trabalho?! Tenham juízo e respondam-me então qual é a mais velha profissão do mundo?! Têm vergonha de dizer?! Ah, bom, claro que todos sabem que foram as prostitutas as primeiras mulheres decentes, que abandonaram o parasitismo das cavernas e se fizeram à vida.
 
Ora então, chegados aqui, se o primeiro trabalho teve como base a prostituição, onde terá começado o capitalismo?! Agora respondo eu, para vos poupar. Exactamente aí. Com o advento da prostituição, logo uns "chico espertos" se aproveitaram da situação, iniciaram a apropriação dos meios de produção, abarbataram-se com a maior parte dos lucros e foram distribuindo pelas trabalhadoras apenas o suficiente para subsistirem e garantindo desse modo a perpetuação do negócio. Foi assim que começou o capitalismo e é assim que o encontramos hoje, com "ligeiras diferenças", na sociedade de que fazemos parte. E o resto é História. Mais ou menos bem ou mal contada.
 
E já agora, qual o "verdadeiro" nome que tomaram esses percursores do capitalismo, essas mentes brilhantes que o pensaram e puseram de pé?! Vou ajudar pela última vez: proxenetas em linguagem civilizada, chulos em quase todo o território luso, azeiteiros na região Norte e em especial no Porto e até cafetões se estivermos no Brasil.
 
Esperem, ainda não acabei! Digam-me agora, face aos últimos desenvolvimentos da crise lusa, se estamos na iminência de ter um governo empossado por uma desgraçada e esfíngica figura plantada em Belém, com um ministro que irrevogavelmente pediu a demissão do bem bom que era passear pelo mundo inteiro, comer do bom e do melhor e não fazer puto e agora vai passar a vice-primeiro ministro, a coordenar toda a área económica governamental, a coordenar toda e reforma estrutural do estado, a coordenar todas as negociações com a Troika e ainda a colocar todos os dias até ao fim da legislatura, o dedo no nariz a uma senhora Luís armada em ministra das Finanças, o que é que vai fazer o nosso Primeiro Ministro?!
 
"Negra madeixa ao vento, boina maruja ao lado!..." Vá, digam-me lá, quem é o chulo no meio disto tudo?!...
 
Até breve

Poderá a dureza da realidade matar a utopia ?!...



 
 A ópera bufa a que, como crianças vivas mas ingénuas, sentadas à volta dos saudosos teatros de marionetes, assistimos nos últimos dias e bem assim o rato, que estará na iminência de sair das entranhas da montanha, não terão sido, obviamente, produto do meu espírito ficcionista. Apenas terei condimentado a realidade que nos é enfiada pelos olhos dentro, com algum do pouco humor que me vai restando, entrelaçado com a amargura, a decepção e a impotência com que me debato e, ao que parece, todos estaremos colectivamente condenados.
 
E donde resultará este meu estado de amargura, decepção e impotência em que me sinto envolvido?! Duma palavra apenas, aparentemente vaga e indefinida: irrelevância! Da irrelevância que resultará de uma personagem irrelevante da cena política portuguesa. Do "zero à esquerda" que Carlos Garcez Osório, como eu, constatou e aqui define de forma magistral.
 
Tantos e tantos anos da minha vida a beber da mesma fonte utópica que Sérgio Godinho sublimou em magistrais palavras,
 
"Enfim duma escolha faz-se um desafio; Enfrenta-se a vida de fio a pavio
Navega-se sem mar, sem vela ou navio; Bebe-se a coragem até dum copo vazio

E vem-nos à memória uma frase batida; Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida…",
 
para quê?! S e o primeiro dia do resto da nossa vida é uma quimera e não passa disso, mesmo que peçamos as asas à "gaivota que voava, voava"?! Se os sonhos, os valores e os princípios jazem perdidos na estrada esburacada que há quase quatro décadas trilhamos, no meio das pedras e escondidos sob o pó da... irrelevância?!...
 
Este meu episódico baixar de braços, não sendo de hoje, não deverá ser entendido como definitivo ou "irrevogável", como diria o outro. A esperança num futuro melhor, há-de sempre sobrepor-se em mim à amargura, decepção ou impotência circunstanciais. Mas que dói muito cá por dentro, colher e comungar o pensamento de almas gémeas da nossa,  como Daniel Oliveira, que aqui diz e eu recomendo a leitura integral,
 
 "... o sistema partidário está bloqueado. Está bloqueado pela incapacidade da esquerda encontrar, convergir numa verdadeira alternativa à austeridade (e não uma mera alternância na gestão da austeridade) capaz de chegar a um governo. E está bloqueado, e isso é bem mais relevante, por uma crescente desconfiança dos cidadãos em relação aos partidos, sejam eles de esquerda ou de direita. Ou seja, não existe nenhuma força política capaz de canalizar a revolta das pessoas em qualquer coisa de politicamente construtivo. De lhes dar esperança. Isso é dramático para a democracia e sabemos como, noutros momentos históricos, abriu espaço para soluções autoritárias.
 
Para que um novo partido nascesse e fosse útil ao País, eram necessárias três condições: que, pela sua origem e pelos seus protagonistas, conseguisse ganhar credibilidade e não se limitasse a ser um pouso para activistas e políticos órfãos de partido (onde, para que não sobrem dúvidas, me incluo), sem bases nem coerência política; que tivesse força suficiente para, através do susto que criasse, puxar o PS para fora da lógica da "austeridade boazinha" e o BE e o PCP para a assumpção de responsabilidades governativas, que exigem sempre cedências; e que conseguisse ter um funcionamento que respondesse a algumas das ansiedades e desconfianças dos cidadãos em relação aos partidos políticos...",
 
ai isso dói. Muito! Mais do que todas as "ópera bufas" e "irrelevâncias" com que possamos ser confrontados, hoje e porventura amanhã!...
 
Valha-nos a todos, a mim e aos que como eu acreditam num mundo melhor, o pensamento de Eduardo Galeano:  

"A Utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais o alcançarei. Então, para que serve a Utopia?!...
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar!..."

Até breve