sábado, 31 de dezembro de 2011

Que 2012 nos traga uma pontinha de céu azul !...

O horizonte do ano que aí vem dentro de horas, não é bonito, nem agradável, nem faz adivinhar tempos melhores. Está carregado de nuvens, tempestades e um frio enregelador e a roupa que cobre os corpos da maioria dos portugueses é escassa e já está gasta pelo demasiado tempo de uso, sem renovação nem meios que a permitam...
Não é fatalismo o que me povoa o pensamento neste último dia de 2011. É desespero por sentir que não temos sido capazes como povo, de fazer a revolução que merecemos e castigar quem nos desespera em cada dia que passa. E mais um ano vai começar, quase sem esperança, porque parece que nunca mais chega a hora de abrirmos os olhos e tomarmos consciência que nas nossas mãos poderá estar um futuro diferente e melhor.
Nunca compreendi a razão porque a água apenas molha os desprotegidos e é seca e benigna para os trapaceiros e corruptos que com as nossas própria mãos colocamos no poder e alimentamos a lauta mesa onde engordam e dinasticamente se renovam. E muito menos, porque o céu continua azul para toda essa corja que, ironicamente, apenas nos recompensa com a desesperança e com nuvens carregadas de um negro cada vez mais negro e desanimador.
Mas no meio do pântano em que todos nos movemos, entre répteis venenosos e tristes e inofensivas minhocas,  acredito que alguém ousará sobreviver, alguém arriscará dizer não e o futuro poderá ser diferente. Que 2012 possa trazer-nos o nascimento dessa esperança e que a cegueira colectiva que nos tem marcado a vida e roubado o futuro, possam dar lugar a uma pontinha de céu azul, da felicidade dos que nunca com ela se cruzaram.

Até breve

domingo, 11 de dezembro de 2011

Ainda há quem persista em ser decente !!!...

Ontem encontrei na minha caixa de correio electrónico, uma mensagem do meu velho amigo Ramiro Ruas, alcobacense de gema e dilecto companheiro de jornadas académicas, militares e profissionais, que me orgulho de contar, desde então e até hoje, no meu restrito círculo de amizades incondicionais. Unem-nos princípios e valores que vão passando de moda, mas que a ambos nos fazem julgar decentes.
E a mensagem que me enviou, fala de decência e eu não fui capaz de conter a emoção com que a li. Primeiro, por esse meu amigo se ter lembrado de mim quando, embora já perdida no tempo, lhe chegou às mãos a dita mensagem e ma reenviou. Depois, porque tive em tempos o privilégio de corresponder, orgulhosamente, ao cumprimento de mão estendida com que o seu protagonista me honrou.
Alguns dias depois de ter sofrido um violento acidente de trabalho, com o braço direito ao peito, não quis deixar de corresponder ao convite amigo e amável de um primo da minha mulher, para estar presente na cerimónia e subsequente almoço do seu casamento. E, após a cerimónia oficial no Registo Civil do Seixal, numa quinta também da margem sul do Tejo e quando todos se preparavam para ocupar os seus lugares de convivas, eis que chegou, quase anonimamente, sem séquito e sem as habituais e constrangedoras mordomias de segurança, um ilustre convidado da noiva, que fez questão de cumprimentar um a um, todos os convidados. Chegado junto de mim, olhando para o meu braço direito engessado, perguntou se eu teria andado à pancada com alguèm, ao que respondi, embaraçado, que não senhor General, que havia sido em trabalho. De imediato, enquanto me dizia que eu mereceria um cumprimento especial, estendeu-me a sua mão esquerda e eu, confuso e sem palavras, correspondi. Esse ilustre e distinto convidado da noiva era o General António dos Santos Ramalho Eanes, que pouco tempo antes terminara o segundo e último mandato como Presidente da República Portuguesa.
Há factos, gestos, pormenores, que marcam a vida de cada um. O General, com a sua quase atroz simplicidade e modéstia, deixou em mim uma admiração que, volvidos quase 25 anos, permanece viva e os circunstancialismos da vida pública portuguesa, apuraram de forma quase mítica.
Quando a mensagem do meu querido amigo Ruas me chegou às "mãos", embora escrita e publicada pelo insigne jornalista e escritor Fernado Dacosta, homem de esquerda muito próximo de Agostinho da Silva e Natália Correia, de saudosa memória, há alguns anos atrás e que poderá ser apreciada em "memóriarecenteeantiga", - blog que não conhecia mas que passou a figurar nos meus preferidos -, o filme foi rebobinado na minha memória, a admiração pelo General Ramalho Eanes saiu reforçada e a certeza de que terá - recusado que foi o bastão de Marechal - preservado um nível de dignidade decisivo para continuarmos a respeitar-nos, a acreditar-nos - condição imprescindível ao futuro dos que persistem em ser decentes, é-me suficiente para erguer a minha cabeça e continuar a olhar de frente e com dignidade crítica, os atropelos a que o Presidente da República em exercício - e outros, e... tantos outros!...-, enleado e enlameado na mais abjecta corja de corrupção de que haverá memória em solo luso, despudoradamente se sujeita.
Decência, é o que 99 em cada 100 políticos portugueses, "corajosamente",  insiste em mostrar desconhecer!!!...

Até breve

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É preciso ter lata!...

Hoje, no jornal das 13 da TVI, foi destacada a notícia de que o presidente da Câmara Municipal de Amares no distrito de Braga, José Lopes Gonçalves Barbosa, terá mandado construir uma casa para habitação própria em zona de reserva agrícola, em contravenção com o que se encontra legalmente estabelecido a nível nacional, para todas as zonas de reserva agrícola, o mesmo acontecendo em relação ao que se encontra estabelecido no Plano Director Municipal da referida autarquia.
Confrontado por repórteres daquela estação de televisão, com o caricato da questão, o autarca afirmou em entrevista transmitida no referido noticiário que "... antes da denúncia estava tudo absolutamente normal!..." e que, no que ao PDM dizia respeito, se alguma inconformidade viesse a ser comprovada, facilmente seria ultrapassada com uma alteração do referido PDM.
Mais um triste exemplo de como os autarcas eleitos pelo povo se aproveitam do poder com que são investidos, para benefício exclusivamente pessoal. Já não nos bastavam os degradantes casos protagonizados pelos Avelinos Ferreira Torres, Fátimas Felgueiras, Isaltinos Morais e tantos outros espalhados por esta autêntica "república das bananas". Chega-nos agora mais uma prova de que nada mudou, nem vai mudar tão cedo, no panorama da vergonhosa corrupção em que se move a privilegiada classe política portuguesa.
E quando todos assistimos aos silêncios ensurdecedores, vindos dos corredores das instâncias que deveriam investigar processos desta natureza, como o Tribunal de Contas e Procuradoria Geral da República, mais firme vai sendo a nossa convicção, de que neste pobre e desgraçado país, o céu é apenas azul para alguns e a água só é molhada para os que sobram...

Até breve